Segundo a Agência Boliviana de Informação (ABI), o juiz Nelson Alberto Rocabado declarou o ex-presidente Evo Morales “rebelde” e ordenou a sua prisão. Segundo o magistrado, Morales não compareceu, pela segunda vez, a uma audiência que faz parte de uma investigação sobre o suposto tráfico de pessoas praticado pelo ex-presidente.
Nelson Alberto Rocabado, que é juiz de Instrução Criminal, Anticorrupção e Contra a Violência contra a Mulher Quinto de Tarija, também ordenou o congelamento das contas bancárias e o registro preventivo dos bens de Morales.
O ex-presidente boliviano havia alegado problemas de saúde para não comparecer às audiências. No entanto, seu advogado Jorge Pérez afirmou que “eles nunca notificaram” seu cliente. Morales está sendo acusado de ter tido um relacionamento íntimo com um adolescente em 2015, quando ainda era presidente da república.
O Ministério Público da Bolívia havia anunciado, já no dia 16 de dezembro do ano passado, o pedido de prisão de Morales. A promotora Sandra Gutiérrez, ligada ao governo atual da Bolívia, solicitou a prisão preventiva do ex-presidente, baseando-se em um suposto acordo com os pais da jovem envolvida no caso. Gutiérrez já havia tentado prender Morales em setembro, mas a ordem foi anulada devido a irregularidades do processo.
A acusação, que havia sido arquivada em 2020, reaparece em um momento importante da disputa política, com Evo Morales liderando mobilizações populares contra o governo de Luís Arce. O caso, agora rebatizado com as acusações de “táticas de tráfico de pessoas”, busca dar legitimidade à perseguição jurídica contra Morales, principal liderança do nacionalismo burguês boliviano.
Pouco antes do pedido de prisão, no mês de outubro, Morales foi alvo de uma emboscada enquanto se deslocava para o seu tradicional programa de rádio de domingo e teve seu carro cercado, por veículos diversos e homens fortemente armados, que dispararam contra o ex-presidente.
“O carro em que cheguei tem 14 tiros. Me surpreenderam. Felizmente, hoje, salvamos nossas vidas (…). Os que atiraram estavam encapuzados (…). Isto foi planejado, era para matar (…) Lucho [o presidente Luis Arce] destruiu a Bolívia e agora quer eliminar nosso processo acabando com a vida de Evo. Vamos ver como nos preparamos (…). Está em marcha um estado de sítio”, denunciou o ex-presidente.