Ricardo Machado

É dirigente do Sindicato dos Bancários de Brasília e ex-dirigente da CUT-DF. Integra a Coordenação dos Comitês de Luta do DF e Membro do Partido da Causa Operária (PCO)

Coluna

Santander aprofunda a política de demissões na empresa

Os banqueiros do Santander, nos últimos períodos, vêm aplicando um golpe que visa transformar os trabalhadores bancários em terceirizados

santander

O Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região organizou um protesto nas dependências do Radar do banco imperialista espanhol Santander, localizado no bairro de Santo Amaro (SP), contra as demissões e a política de substituição de trabalhadores bancários por terceirizados.

As demissões ocorreram no setor de Câmbio, em que vários trabalhadores, inclusive com muitos anos de empresa, foram jogados, sumariamente, no olho da rua.

Para o diretor do sindicato, Roberto Paulino, “não existe qualquer justificativa para as demissões” e, ainda, “estes trabalhadores deveriam ser realocados. Suas funções não desapareceram. Porém, estão sendo desempenhadas por empresas coligadas, do próprio Santander, que são utilizadas para fraudar a representação sindical, retirando trabalhadores da categoria bancária e, por consequência, cortando direitos e rebaixando a remuneração”. (Site SP Bancários, 13/01/2025)

Os banqueiros do Santander, nos últimos períodos, vêm aplicando um golpe que visa transformar os trabalhadores bancários em terceirizados. O golpe ocorre com a criação de empresas terceirizadas do próprio conglomerado, com CNPJs diferentes, para as quais migram os seus funcionários. Entre essas empresas estão a STI, SX, Santander Corretora, F1RST, Prospera e SX Tools. Com essa jogada, o Santander retira os trabalhadores da categoria bancária, transferindo-os para outra, a de terceirizados, que não está abrangida pela Convenção Coletiva de Trabalho dos bancários. Assim, perdem vários direitos que constam dessa Convenção.

Este Diário vem noticiando, quase diariamente, as demissões que ocorrem na categoria bancária, principalmente nos grandes bancos privados (Itaú/Unibanco, Bradesco e Santander), que estão demitindo em massa trabalhadores bancários, fechando agências e dependências bancárias em todo o país.

O Banco Santander terminou setembro de 2024 com 55.035 funcionários, ante 55.739 no mesmo período do ano anterior. Ou seja, em apenas um ano, mais de 700 trabalhadores foram demitidos, e esses postos de trabalho foram fechados definitivamente. Além disso, nesse mesmo período, 254 agências foram encerradas.

As justificativas dos banqueiros para o fechamento de postos de trabalho na categoria e de agências físicas são de que, com o advento da tecnologia, as pessoas estariam deixando de ir às agências. Para isso, utilizam dados e estatísticas. Porém, para os bancários e a população em geral, basta observar a situação das agências superlotadas para atestar que a justificativa dos banqueiros é um golpe destinado a aumentar os lucros às custas da superexploração de seus funcionários e do tratamento vexatório imposto ao povo, que amarga horas nas filas de espera. Isso afeta, principalmente, as pessoas mais humildes, moradoras das periferias das grandes cidades e do interior dos estados.

Em um país com mais de 220 milhões de habitantes, cuja extensão territorial é de mais de 8,5 milhões de km² e com mais de 5 mil municípios, os cinco maiores bancos (BB, CEF, Itaú, Bradesco e Santander) administram mais de 509 milhões de contas bancárias, com apenas 465 mil bancários. Isso significa que, em média, cada funcionário desses bancos precisa atender cerca de 1.200 clientes, uma missão verdadeiramente impossível. Não é à toa que a categoria bancária lidera o ranking de trabalhadores que adoecem por motivos laborais.

É necessário que as organizações dos bancários promovam, de forma imediata, uma campanha vigorosa e unitária contra os ataques dos banqueiros, que implementam demissões em massa sob a justificativa de “reestruturações” em todos os bancos, tanto privados quanto públicos. Essa luta deve ser travada por meio de paralisações, atrasos na abertura das dependências, greves, piquetes, ocupações e demais métodos tradicionais da classe trabalhadora.

* A opinião dos colunistas não reflete, necessariamente, a opinião deste Diário

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