Um conjunto de documentos de Luiz Gama foi reconhecido pela UNESCO América-Latina como “Património da Humanidade”. São documentos relativos à sua atividade na defesa de escravos no século XIX contra a nefasta instituição.
Luiz Gama atuou como escrivão de Polícia em São Paulo entre finais dos anos 50 e 60 do século XIX. Nesse período, também estudou direito por conta própria. Por não ser permitida sua matrícula, frequentou como ouvinte a Faculdade de Direito do Largo São Francisco.
Em contato com inúmeros africanos escravos no Brasil, abre um livro de registro de escravos emancipados, no qual individualiza e registra informações importantes, que lhe permitem conceder uma carta de emancipação, isto é, uma carta de liberdade. Uma dessas, agora é “Património da Humanidade”.
Gama sustenta sua decisão na lei que proibia o tráfico de escravos, em vigor desde 1831, embora não tenha sido colocada em prática. Argumentava que qualquer africano que entrou no país depois dessa data não poderia ser considerado propriedade legal de ninguém. Foi demitido em 1868 pela pressão dos conservadores. Porém, não parou sua campanha contra a escravidão, tendo sido responsável pela libertação de mais de 500 africanos. Fundou e foi o mais importante líder do movimento abolicionista no país. Mesmo após a morte em 1882, sua obra continuou até a vitória. Luiz Gama, mestiço da Bahia, foi escravo na infância e na adolescência, vendido pelo próprio pai, veio a São Paulo.
Alfabetizado aos 17 anos, tornou-se uma das figuras políticas e literárias mais importantes do século XIX. Republicano, defensor fervoroso da abolição e do direito 1a autodefesa. “O escravo tem direito ao punhal”, dizia para defender que negro que matava o senhor agia em legítima defesa. Atuou como advogado dos escravos, eminente jornalista e grande poeta do romantismo.