Editorial

Quem não está comemorando, está morto por dentro

Acordo de cessar-fogo marca o colapso econômico, social e militar do Estado de "Israel"

Depois do assassinato de 46 mil pessoas, a maioria, mulheres e crianças, depois da destruição de todos os hospitais, depois da aniquilação de centenas de jornalistas, pela primeira vez, o Estado de “Israel” irá enfim retirar as suas tropas da Faixa de Gaza. Não há palavras para o alívio daqueles que viviam aterrorizados sob os mais cruéis bombardeios.

O impacto do anúncio do acordo não está restrito à Faixa de Gaza. É, ao mesmo tempo, uma recompensa para todos aqueles que lutaram para que “Israel” cessasse suas agressões. É uma recompensa gloriosa para os homens que lutaram de armas na mão contra as forças de ocupação sionistas. É uma redenção para todos os mártires que tombaram lutando pela liberdade de seu povo.

Estranhamente, há quem se dissesse apoiador do povo palestino, mas que, diante do anúncio, resolveu entrar de luto. Pessoas como o historiador André Gattaz, autor de A Guerra da Palestina, saíram correndo para dizer que estamos diante de um “um acordo fadado ao fracasso”. Em outras palavras, que o acordo não servirá de nada. Que os homens que deram a sua vida na luta contra o sionismo morreram em vão.

É uma posição ridícula. O acordo de cessar-fogo é uma vitória incontestável porque ela é o resultado de uma imposição, e não de uma concessão por parte dos palestinos. “Israel” concordou em cessar as suas agressões sem ter conquistado um único objetivo em Gaza.

“Israel” sairá da guerra com a economia à beira do colapso e com uma crise política que poderá levar facilmente à queda do governo. Ao mesmo tempo, a opinião pública mundial se voltou contra o sionismo. “Israel” está batendo em retirada humilhado, de forma semelhante à retirada das tropas norte-americanas do Afeganistão e do Vietnã.

Os palestinos, por outro lado, sairão da guerra de pé e de cabeça erguida. O Hamas se tornou um partido conhecido e amado em todo o mundo. Na Palestina, se tornou uma organização fundida com a vontade revolucionária das massas. Vontade esta que expulsou as tropas sionistas de Gaza e que pôs em xeque a ditadura de Mahmoud Abbas, da Autoridade Palestina.

O Hamas conquistou o cessar-fogo sem ter de abrir mão de nada. Sem ter de abrir mão do território que já governava e, ainda, libertando milhares de prisioneiros palestinos. É uma vitória espetacular, e de todos os oprimidos. O Hamas provou que vale à pena se levantar contra os opressores. Que a luta, ainda que dura e sofrida, sempre será vitoriosa.

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