Política nacional

Campanha contra ‘fake news’ é caminho para uma derrota certa

Governo segue combatendo os 'moinhos de vento' das fake news sem se atentar às consequências num futuro breve

Governo federal insiste na inconsequente cruzada contra as fake news, se alinhando com os defensores da “democracia”, como o Partido Democrata nos Estados Unidos e os governos dos países imperialistas europeus. Se alinhando inclusive com a covarde censura imposta nos últimos meses àqueles que denunciavam o genocídio do povo palestino. Se aliando dessa forma ao que existe de pior no mundo. E muito disso por medo do crescimento da influência da extrema-direita nas redes sociais.

O portal de esquerda Brasil 247 repercutiu a notícia de que o ministro da Advocacia-Geral da União, Jorge Messias, adiou a data da audiência pública sobre as mudanças nas políticas de moderação de conteúdos pelas chamadas “big techs”, os monopólios de internet como a Meta que controla as redes sociais Facebook, Instagram e WhatsApp. A ideia seria agregar mais representantes da “sociedade civil”, como ONGs e empresas de checagem de fatos. Com isso, Messias entende que o governo mostraria não se tratar de “uma batalha do governo, mas de todos que defendem a democracia, minorias e o respeito à nossa soberania”.

O recente anúncio feito pela empresa Meta de que abandonaria o sistema de checagem de fatos, logo após o início do governo Trump nos Estados Unidos, causou um enorme alvoroço na esquerda pequeno-burguesa. Algo estranho diante de como essa política prejudicou enormemente as denúncias contra o genocídio na Palestina. Não é por acaso que as organizações sionistas apoiem essas políticas que facilitam o silenciamento na internet, com isso prevalece a versão da imprensa burguesa. A imprensa livre de fake news, como Globo, CNN, New York Times e por aí vai.

O argumento usado para defender a manutenção de mecanismos mais severos de censura é que sem eles, muita coisa ruim será escrita e falada nas redes sociais. Como essa citação também de Messias na matéria:

“Eles fizeram mudanças que são um retrocesso, ao permitir xingamentos contra minorias, contra negros e homossexuais. Tudo isso é crime no Brasil.”

Ou seja, em troca da censura contra a denúncia de dezenas de milhares de assassinatos e abusos os brasileiros estariam livres das ofensas na internet. Como se fosse possível transformar a realidade social baixando uma lei, algo como “amai-vos uns aos outros ou sintam a fúria do Estado”.

Algo que segue sendo ignorado pelo governo e pelo PT é que esse enrijecimento das leis e das regulamentações repressivas só ajuda a extrema direita no longo prazo. Enquanto figuras menores desse setor levam pauladas eventuais dos juízes, sua influência na população só cresce. E, como a história nos mostra, quando o setor mais importante da burguesia decide que é hora de radicalizar, ela lança mão dos aloprados desse campo para atacar a esquerda e todo tipo de organização popular.

Outro problema mais imediato é a luta contra uma possível campanha golpista mirando o cargo de presidente ocupado hoje por Lula. Quanto maior for a liberdade de manifestação na internet, maior será o alcance da denúncia das ações da direita.

Quanto mais restrições ao que se pode publicar em sites e redes sociais, mais fácil para a burguesia silenciar a luta popular. Por exemplo, um pedido de impeachment que tramite pelo congresso como foi o de Dilma Rousseff poderia ser qualificado como um procedimento legal do tal “Estado democrático de direito”.

Não é tão distante da realidade atual imaginar que toda uma campanha contra esse golpe seja classificada como “ataque às instituições” ou “ataque à democracia”, sendo enquadrada como uma campanha de fake news e abrindo amplas possibilidades de perseguição aos militantes e organizações que resistam. O endosso à campanha imperialista contra as notícias falsas é uma armadilha que a esquerda monta para si.

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