Até o 3º trimestre de 2024, a Petrobrás pagou dividendos no valor de R$64,2 bilhões aos acionistas, enquanto o lucro líquido foi de apenas R$53,65 bilhões, evidenciando que ela pagou mais de R$10 bilhões acima do lucro da empresa no período.
Isso é o que se pode chamar de um verdadeiro roubo dos acionistas contra a Petrobrás, o verdadeiro crime organizado. Tanto a presidente da Petrobrás quanto o governo são coniventes com esse roubo. Afinal, é um absurdo que os especuladores tenham roubado mais do que a empresa lucrou em 2024.
A Petrobrás já anunciou que continuará a pagar esses elevados valores aos acionistas nos próximos cinco anos. Isso está previsto no Plano Estratégico (PE) para o período de 2025 a 2029, que prevê R$273,6 bilhões em dividendos e mais R$60 bilhões em dividendos extraordinários. Isso prova que a farra com o dinheiro público vai continuar.
Com o valor de mercado da empresa estimado em R$500 bilhões, o montante de dividendos a serem pagos nos próximos cinco anos corresponde a 63% do valor da companhia, ou seja, equivale à entrega de duas Petrobrás aos acionistas em 10 anos.
O Plano Estratégico ainda reduziu a “exigência de caixa mínimo” para R$36 bilhões e aumentou o teto da dívida bruta para R$450 bilhões, o que foi comemorado pelos sanguessugas. Menos dinheiro em caixa e aumento do endividamento servem para garantir mais recursos aos acionistas sanguinários.
O governo brasileiro é dono de 36,61% do capital da companhia e também recebe dividendos, mas utiliza esses recursos para pagar os juros e amortizações da dívida pública, que consome mais de 40% dos impostos arrecadados pelo governo. Isso agrada os agiotas internacionais que vivem de extorquir os governos por meio de títulos da dívida com juros altíssimos e dividendos como os da Petrobrás. São rendas adquiridas às custas da fome, miséria e desemprego que assolam a população do País.
Entre 2019 e 2023, o governo brasileiro recebeu em dividendos da estatal o montante de R$160,8 bilhões, durante os governos de Jair Bolsonaro e Lula. Esses recursos foram entregues oficialmente ao esquema de especulação financeira imperialista.
Esse dinheiro poderia ser empregado em investimentos em saúde, educação, saneamento, previdência social, infraestrutura e outras áreas que trariam desenvolvimento econômico e social ao povo. Em vez disso, é entregue aos especuladores agiotas internacionais, configurando um crime contra o povo trabalhador e a soberania do País.
A Associação dos Engenheiros da Petrobrás (AEPET) e o Sindipetro-RJ denunciam essa sangria desenfreada dos recursos da Petrobrás e do Brasil. Ambos defendem que o dividendo gerado pela companhia deve ser usado para gerar empregos e desenvolvimento no País, e não para encher os bolsos de quem já tem muito.
De 2019 a 2023, foram pagos R$439,23 bilhões em dividendos, o que corresponde a 87,85% do valor de mercado da empresa. Nesse período, os valores pagos foram: R$10,662 bilhões em 2019, R$10,271 bilhões em 2020, R$101,395 bilhões em 2021, R$222,560 bilhões em 2022 e R$94,354 bilhões em 2023.
Esse esquema de entrega dos recursos da Petrobrás aos especuladores, em algum momento, deixará a empresa em situação muito ruim, descapitalizada e sem recursos para continuar no negócio. Com isso, o Brasil perde em desenvolvimento e, principalmente, o povo trabalhador perde emprego e qualidade de vida, já bastante precária.
São os operários da empresa que fazem dela uma das maiores do mundo. Porém, a recompensa por esse esforço não se materializa como ocorre com os dividendos pagos aos acionistas, que nada fazem pela companhia, apenas se apropriam de recursos vitais para ela e para o povo brasileiro.
Por exemplo, se os trabalhadores da Petrobrás recebessem Participação nos Lucros e Resultados (PLR) conforme a legislação, que prevê 25% do montante pago aos acionistas, eles teriam recebido R$109,81 bilhões entre 2019 e 2023, considerando o total de R$439,23 bilhões pagos nesse período. Uma verdadeira fortuna.
No entanto, o acordo com o sindicato para a PLR de 2024-2025 estipulou que a empresa disponibilizará R$3,2 bilhões, correspondendo a apenas 5,96% do lucro líquido de R$53,65 bilhões. Se usarmos o cálculo de 25% sobre os dividendos pagos em 2024 (R$64,14 bilhões), o percentual seria ainda menor, ficando em 4,98%.
Os operários da empresa, responsáveis pelos enormes lucros, recebem quase nada em comparação aos especuladores agiotas que nada fazem pela Petrobrás, mas se beneficiam dela.
Esse quadro é nefasto tanto para a economia quanto para o povo, já que os recursos são desviados do Brasil para os agiotas financeiros imperialistas estrangeiros. Isso empobrece o País cada vez mais, agravando a miséria, a fome, o desemprego e a falta de benefícios sociais. É uma verdadeira política de terra arrasada. É urgente reverter essa política de entrega de nossas riquezas ao imperialismo.