O jornalista Aquiles Lins, colunista do portal de esquerda Brasil247, publicou no sítio um artigo intitulado Lei que restringe celular em sala de aula mostra que o estado está acima de big techs, defendendo o ataque iniciado pelo governador bolsonarista Tarcísio de Freitas (Republicanos) contra os estudantes e concluído pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Sancionada pelo presidente na última segunda-feira (13), o PL 104/2015, de autoria do deputado golpista Alceu Moreira (MDB-RS), que institui a proibição do “uso de aparelhos eletrônicos portáteis nas salas de aula dos estabelecimentos de educação básica” no Brasil. Segundo Lins, “essa medida, embora polêmica, é um passo fundamental para recolocar a educação no centro das prioridades nacionais e reafirmar o papel do Estado frente às influências das grandes corporações tecnológicas”, o que é uma farsa porque não é a educação que fica “no centro das prioridades nacionais”, como diz o autor, mas a repressão e nesse caso, a repressão demandada pelo imperialismo.
Em todo o planeta, a ditadura mundial empreende uma ofensiva contra os direitos democráticos da população e a liberdade de expressão sob os mais diversos, e cínicos pretextos. Em jogo, no entanto, está o acesso a informações que escapem do controle dos monopólios de comunicação dominados pelo setor mais poderoso da burguesia. Especialmente nos meios mais utilizados pelos jovens, que em todo o planeta, são o setor social mais destacado na luta contra o genocídio na Palestina.
França, Espanha, Canadá, Itália, Dinamarca e Holanda são alguns dos países imperialistas onde a prática se estabeleceu. A Austrália deu um passo além e proibiu os jovens de terem redes sociais. Nos EUA, está previsto o banimento da rede social TikTok, principal fonte de informações dos jovens norte-americanos, o que bastou para provocar protestos bastante radicalizados entre a juventude do país imperialista em defesa dos palestinos, inclusive com ocupações de campi universitários e confrontos com sionistas.
Ignorar toda a conjuntura mundial e apresentar o ataque do regime aos jovens brasileiros como “defesa da educação” é um cinismo. Tampouco é verdade que a sanção presidencial a um PL golpista até a medula seja a defesa da soberania nacional, sendo na realidade o exato oposto: o Estado brasileiro desce mais alguns degraus em sua submissão aos interesses estrangeiros. Apostando nos argumentos cínicos, Lins continua:
“A medida é mais do que uma proibição. É uma mensagem clara de que a educação é prioridade. Ao limitar o uso de celulares nas salas de aula, cria-se um ambiente mais propício ao aprendizado, reduzindo distrações e promovendo maior interação entre professores e alunos. Pesquisas apontam que o uso excessivo de dispositivos eletrônicos pode comprometer a capacidade de concentração e de aprendizado das crianças e adolescentes. Portanto, a regulamentação desse uso é também uma questão de saúde mental e desenvolvimento cognitivo.”
Ora, antes da invenção dos celulares, os alunos não se distraíam? Prestavam atenção em aulas dadas por professores desmoralizados pelos salários de fome e a infraestrutura imprestável das escolas brasileiras, onde mesmo nos grandes centros, falta-se água, energia elétrica, carteiras utilizáveis e até papel higiênico. Uma ideia dessas só pode passar pela cabeça de alguém que perdeu completamente a conexão com a realidade.
Fosse o interesse da educação real, o normal seria aumentar os investimentos no setor. A equiparação dos salários dos professores com o mínimo vital – algo distante da realidade da imensa maioria dos educadores brasileiros – sim, poderia ser considerado uma vitória. A modernização das instalações, também poderia proporcionar uma educação melhor para a população brasileira, porém não é isso que a lei sancionada por Lula faz.
O pai dessa proibição no Brasil, o governador Freitas, paralelamente à proibição do uso de celulares nas escolas paulistas cortou em 5 pontos percentuais o repasse mínimo à educação estadual, resultando em R$10 bilhões a menos para o setor. Consequência do apreço do bolsonaristas pela educação: a escola Estadual Professor Antônio José Leite na Vila Amélia, na Zona Norte de São Paulo, viu o teto de seu prédio desabar sobre as carteiras dos alunos. É preocupação com a educação o que mobiliza Freitas?
Claro que não, como tampouco é o caso do Congresso Nacional, os responsáveis por aprovar a Lei sancionada por Lula. O fato de a medida repressiva ser defendida de maneira tola, em total alienação com a realidade, mostra que o desespero fez com que parcelas da esquerda perdessem completamente o senso crítico.
“A proibição do uso de celulares nas escolas”, conclui Lins, “é acima de tudo, uma vitória para a educação brasileira”. Errado. Não é uma vitória nem para a educação, que não receberá mais recursos para instalações melhores, verdadeiramente dignas da juventude e dos educadores do Brasil.
Sequer é uma vitória do País, que concretamente, não ganha nada proibindo os jovens de usarem celulares até mesmo nos intervalos das aulas. A vitória é única e exclusivamente dos criminosos, responsáveis pelo genocídio do povo palestino, que não querem os jovens vendo e discutindo o horror na Palestina. É, portanto, uma demonstração da submissão do Brasil aos países imperialistas, uma posição indigna e pior, defendida por esquerdistas como Lins.