Em artigo de opinião no último dia 11 de janeiro, publicado no site de notícias do Brasil 247, de responsabilidade do advogado civilista, Arnóbio Rocha, o mesmo, no seu artigo, opina que as “Big techs: o poder sem limites levará o mundo ao fascismo”.
O articulista, refletindo a opinião de grande parte da esquerda pequeno burguesa, acredita que o “risco da hiperconcentração econômica, nas mãos de quatro Big Techs, sem nenhum controle público sobre elas, é alarmante” e que “a adesão definitiva de Zuckerberg ao fascimao de Trump expõe os riscos das redes sociais”.
Primeiramente, um dos pontos que chama a atenção, logo no começo da matéria, para embasar a sua teoria, é em relação à “grande revolução do capitalismo, aquela que derrotou as sociedades do Leste, foi a revolução tecnológica. Um processo de desenvolvimento assombroso que teve vários saltos, iniciados na metade dos anos 1960, impulsionado pelo dinheiro fácil da corrida espacial, enormes investimentos em comunicação, infraestrutura de telecomunicações e o surgimento da microeletrônica e sua derivação de software. Quase tudo era usado na indústria militar, mas rapidamente se converteu em uso civil”.
Logicamente, para se tirar uma conclusão equivocada a pessoa precisa ter uma compreensão equivocada da história para tal. Para isso, para nós marxista não tem como fazer uma análise que não seja do ponto de vista da Luta de Classes, o que o articulista desconsidera olimpicamente.
A tal “grande revolução do capitalismo” que Brito se refere nos anos de 1990, com a crise do Leste Europeu, não tem nada haver com essa tal “grande revolução do capitalismo”, análise essa, inclusive, comumente feita para os analistas de escritório, quando a tão alardeada “vitória do capitalismo”, na época foi, na verdade, um processo de uma crise capitalista mundial profunda, de alcance histórico, e que a crise da burocracia soviética estava identificada com processo de decomposição mundial do sistema capitalista, do qual a burocracia era simplesmente, ou fundamentalmente, um agente no interior dos Estados Operários.
Na época, a propaganda nas manchetes dos grandes veículos de comunicação imperialista era justamente essa, de falar o tempo inteiro sobre a morte definitiva do comunismo do socialismo, a crise na União Soviética, a vitória de partidos direitistas e capitalistas no Leste Europeu, o que parecia uma vitória inabalável do capitalismo, mas, logo logo, essas matérias foram relegadas às páginas de fundo para noticiar o afundamento das principais moedas dos países imperialistas, da crise por toda a Europa; de que o presidente (Bush), que teria derrotado o comunismo na União Soviética e derrotado o Iraque, depois de tão magnas vitórias caminhou para a sua derrota eleitoral nas eleições americanas; sendo que, aquelas manchetes, emergiram a crise fundamental dos países capitalistas. Além disso, naquele período, o movimento de massas que acontecia dentro da União Soviética (greves, as lutas dos trabalhadores) que colocaram em xeque a burocracia que constituiam o pano de fundo da situação política internacional. Ou seja, quando todo mundo fazia festa anunciando a “vitória do capitalismo”, na verdade era um processo de uma crise fenomenal do capitalismo, um processo de decomposição do capitalismo, que perdura até os dias de hoje e vem, a cada dia, se agravando.
É nesse contexto, equivocado de Arnóbio, que ele tira a conclusão de que no desenvolvimento tecnológico e da “revolução capitalistas” que “surgiram as chamadas Big Techs, um pequeno grupo fechado de quatro ou cinco empresas que, em menos de uma década, se tornaram o “core” do capitalismo, pari passu com o sistema financeiro, numa simbiose de poder, controle e ideologia. Essa combinação é letal para as liberdades e garantias individuais, mas se apresenta como o oásis da LIBERDADE” e que esses grupos tecnológicos têm tendências neofascistas e os seus “personagens obscuros como Elon Musk, Mark Zuckerberg e Jeff Bezos sustentam fascistas como Trump, Bolsonaro, Orbán e Miley…”
Essa polêmica, sobre a questão da Liberdade de Expressão, que se acendeu mais ainda com as novas declarações de Mark Zuckerberg do Facebook, é bom salientar que, deixando de lado a cara de pau de Zuckerberg, é um fato político muito significativo nessa clara mudança dele em relação às plataformas do facebook, instagram, whatsapp, etc. É uma reviravolta importante. Uma parcela do pessoal da comunicação, ou seja, os grandes monopólios já estavam apoiando a candidatura do Trump. Elon Musk do X, e Jeff Bezos do Amazon, estaria faltando somente o Youtube (Google), que é mais complicado, já que é uma plataforma bem poderosa.
Essa posição do dono do Facebook não tem nada a haver com a liberdade de expressão.
Esses são grandes empresários, que não têm princípios, não têm coração, não são seres humanos. Eles são apenas uma função do capital que domina eles, não são eles que dominam o capital e, portanto, temos que entender que essa luta que se está travando aí é uma luta econômica e não ideológica. Essas empresas são, provavelmente, as empresas mais tecnológicas do mercado junto com as empresas de computação em geral. O setor que lida com a internet, a computação é um setor tecnologicamente o mais de ponta. Esse setor está se sentido mais afetado pelos governos dos EUA e europeus, do imperialismo. A grande questão é estabelecer qual é o problema deles. O controle excessivo dos governos, que não é um controle meramente governamental, assim formal, explícito, mas é um controle clandestino, está inviabilizando essas empresas, e eles perceberam que iam acabar com o controle desse mercado. É uma briga muito grande. Eles apoiaram o Trump porque eles são contra esse controle excessivo. De qualquer maneira isso beneficia a humanidade, porque na medida que somos obrigados a usar essas redes, programas e etc., a censura é uma coisa ditatorial que a gente sofre. Tudo bem, não é que eles estão fazendo isso porque são humanistas, mas a briga dos poderosos acaba favorecendo o povo.
Arnóbio termina sua matéria se colocando a favor de controle público sobre a Big Techs, sugerindo que são elas que “determinam o que o poder público pode ou não fazer” e que “isso cria uma perspectiva de sociedade nos mesmos moldes do nazifascismo”.
Mas aí cabe a pergunta, refletindo sobre apenas um exemplo dentre tantos outros, se no golpe da Ucrânia com o ascenso dos nazista, foram as Big Tech’s as responsáveis, ou uma política deliberada dos países imperialistas, do capitalismo monopolistas (os monopólios não são exclusividade de apenas um setor da economia), em especial o norte-americano do Sr. Biden, que organizaram um golpe de Estado comandada pela direita e grupos fascistas como tropa de choque!?
O “poder público”, do qual Arnóbio defende para regular, é um poder controlado pelo povo ou pela burguesia imperialista!?
O “poder público” é o mesmo, no caso do Brasil, que está nas mãos da direita ultra reacionária no Congresso Nacional, nos Tribunais e governo com a tal Frente Ampla, e serão esse que irão ditar o que se pode não dizer nas redes sociais no quesito Liberdade de Expressão. Ou seja, serão esses reacionários que irão decidir o que se deve ou deixar de pensar o cidadão nas redes, que um pensamento que tenha uma determinada orientação política, cuja legitimidade caberia aos representantes da burguesia julgar.
É um procedimento que viola os direitos democráticos da população e configura, certas posições, como “crime de opinião”. É dar poderes para o Estado para determinar até onde podem ir as divergências políticas, quais as posições são aceitáveis e quais as que não, uma política de regulamentar a opinião. O pensamento, e poder expressá-lo, quaisquer que seja ele, não pode ser objeto para julgamento de um tribunal de opinião por que isso, significa na prática, a eliminação do direito de expressar o pensamento.
Nos dias de hoje, tornou-se comum, nas redes sociais, a crítica ao genocídio perpetrado pelo Estado sionista de Israel contra o povo palestino. No entanto, os acontecimentos do presente revelam o quanto é difícil realizar uma crítica realmente profunda do sionismo. A catalogação da divergência como crimes passíveis de serem julgados por uma comissão foi exatamente o mecanismo político utilizado para montar a máquina de guerra do Fascismo/Nazismo.
A pretensão de estabelecer um julgamento de opinião conduz ao crime de opinião e à liquidação de toda a democracia.
O estabelecimento do crime de opinião opõe-se à liberdade de discussão, como afirmou a grande revolucionária, Rosa Luxemburgo, “a liberdade é sempre e apenas liberdade para quem pensa de modo diferente”. O direito de pensamento é o direito de quem diverge, de quem pensa diferente e, se este direito de pensar diferente é limitado, mutilado, não há direito de divergência.