O presidente venezuelano Nicolás Maduro anunciou, na última terça-feira (7), um plano de mobilização nacional contra os golpistas e seus financiadores imperialistas. Em um discurso vibrante no Palácio Miraflores, Maduro convocou as milícias operárias e outros órgãos de defesa popular para garantir a estabilidade e a soberania da Venezuela. A medida ocorre em meio à aproximação da posse presidencial, marcada para essa sexta-feira (10), quando o opositor derrotado Edmundo González Urrutia também anunciou que estará na capital Caracas.
Ex-diplomata, Urrutia chegou a participar ativamente dos crimes da ditadura de El Salvador nos anos 1980, o que inclui a tortura e assassinato de militantes de esquerda (até mesmo padres). Apresentado como um simpático diplomata, seu gosto pelo horror dispensado aos militantes da esquerda na época, lhe valeram o apelido de “anjo da morte”.
Maduro destacou que o momento exige organização e firmeza frente aos planos de desestabilização promovidos pelo imperialismo e seus cúmplices internos, como González e María Corina Machado. Das palavras à ação, o presidente distribuiu rifles Kalashnikov, de fabricação russa, à Milícia Nacional Bolivariana, reforçando o compromisso de defesa nacional. “Que se ativem, a partir de hoje, os Órgãos de Defesa Integral [ODI] em todos os estados, municípios e comunidades. Vamos garantir a vitória exemplar da paz na Venezuela!”, declarou o líder.
No mesmo dia, Maduro celebrara a captura de mais sete mercenários estrangeiros, incluindo dois norte-americanos, três ucranianos e dois colombianos, acusados de conspirar contra o governo bolivariano. Essas detenções se somam às 125 realizadas desde novembro, envolvendo mercenários de 25 nacionalidades. Para Maduro, a presença desses grupos confirma as denúncias de que os EUA financiam ações terroristas com o objetivo de minar a estabilidade do país.
Entre as medidas anunciadas, a convocação das milícias operárias se destaca como o principal instrumento de defesa revolucionária. Criadas em 2005 pelo então presidente Hugo Chávez, as milícias são um componente fundamental da Força Armada Nacional Bolivariana (FANB) e têm como objetivo mobilizar trabalhadores para defender a soberania e os avanços conquistados pela Revolução Bolivariana.
Maduro já havia ordenado, em ocasiões anteriores, o fortalecimento das milícias operárias, que atualmente contam com mais de quatro milhões de integrantes. Esses grupos são formados por trabalhadores de diversas categorias, armados e treinados para atuar em situações de ameaça ao país. “Com 300 mil, um milhão ou dois milhões de trabalhadores uniformizados e armados, podemos garantir que ninguém vai pisar em nossa pátria. As milícias operárias são a expressão máxima do poder popular em aliança com as Forças Armadas”, destacou Maduro.
Os milicianos recebem treinamento militar e participam de atividades coordenadas com outros setores da FANB, sob o comando direto do presidente. Em sua maioria, são trabalhadores comuns, comprometidos com a defesa da Revolução Bolivariana, que veem nas milícias uma forma de participar ativamente da luta contra o imperialismo e em defesa da nação oprimida.
A presença anunciada de Edmundo González Urrutia em Caracas no dia da posse presidencial é incerta, mas de qualquer forma, uma provocação direta. Derrotado nas eleições de julho do ano passado, González é acusado de articular planos desestabilizadores com o apoio de Washington. Segundo Maduro, a oposição venezuelana segue as ordens dos EUA, que buscam desestabilizar a região para atender seus próprios interesses econômicos.
As ações de defesa anunciadas pelo governo incluem a ativação dos Órgãos de Defesa Integral (ODDI), que integram a força militar, a polícia e o poder popular em uma frente unificada. O objetivo é proteger a paz e a estabilidade do país, combatendo qualquer tentativa de golpe ou intervenção externa.
Antonio Díaz, tenente da Milícia Nacional Bolivariana, resumiu o sentimento de luta que permeia os trabalhadores venezuelanos: “Estamos dispostos a dar nossas vidas para defender a pátria. Queremos respeito e vamos fazer com que respeitem nosso país, aconteça o que acontecer.”
Um exemplo para os povos oprimidos
As medidas de Maduro representam um exemplo de resistência frente às investidas imperialistas. A convocação das milícias operárias é um chamado para que os trabalhadores assumam protagonismo na defesa de seu país, armados não apenas com fuzis, mas com a consciência de que a verdadeira liberdade só é possível para um povo capaz de se defender.
Enquanto os lacaios do imperialismo, como González, buscam semear o caos, a Revolução Bolivariana reafirma sua força ao colocar o povo como principal linha de defesa contra os ataques externos. A mobilização em torno da posse presidencial promete não apenas consolidar a legitimidade de Maduro, mas também fortalecer uma política revolucionária que segue desafiando o domínio imperialista.