Oriente Médio

Após dois anos de impasse, Líbano terá novo presidente

Joseph Aoun também reconheceu a importância da cooperação com a Resistência em operações como a batalha de “Aurora da periferia”, ocorrida 2017

Joseph Aoun, comandante do Exército Libanês desde 2017, foi eleito presidente do Líbano após mais de dois anos de impasse político. Sua eleição, realizada pela 13ª sessão parlamentar desde o fim do mandato de Michel Aoun em outubro de 2022, encerra um período de vacância presidencial que agravou a crise política e econômica no país.

Joseph Aoun, agora o 14º presidente da República Libanesa, foi eleito após um processo acirrado. No primeiro turno da votação, ele recebeu 71 votos dos 128 deputados, mas não alcançou os dois terços necessários. Já no segundo turno, obteve 99 votos, garantindo sua eleição. A sessão contou com a participação de representantes de diversos países, incluindo Estados Unidos, Irã, Arábia Saudita, Egito e China, destacando o interesse internacional na liderança libanesa.

Em seu discurso de posse, Joseph Aoun prometeu inaugurar um novo capítulo para o Líbano, com ênfase em união, justiça e reforma institucional. “Somos um povo corajoso, resistente diante da adversidade. Se um de nós cai, todos caímos,” afirmou. Ele se comprometeu a combater a corrupção e garantir que ninguém esteja acima da lei, declarando que “a justiça será o árbitro final”.

O presidente eleito também defendeu a necessidade de o Estado deter o monopólio das armas. “Trabalharei para confirmar o direito do Estado de monopolizar o porte de armas”, afirmou. Essa declaração contrasta com a influência do Hesbolá, grupo revolucionário que mantém uma estrutura militar reconhecidamente superior à do próprio exército do país. Apesar disso, Aoun reconheceu a importância da cooperação com a Resistência em operações como a batalha de “Aurora da periferia”, em 2017, contra grupos mercenários atuando na fronteira com a Síria.

Joseph Aoun também demonstrou forte oposição a “Israel”, que ele chamou de “inimigo israelense” em seu discurso. Essa posição reflete a histórica resistência do Líbano às agressões da ditadura sionista, que culminaram em uma guerra de 60 dias em 2023. “Devemos investir no nosso exército para proteger nossas fronteiras e evitar agressões externas,” declarou. Ao mesmo tempo, ele defendeu um diálogo pragmático com a Síria para resolver questões bilaterais e reafirmou a necessidade de balançar as relações com os países Oriente e Ocidente.

Com uma carreira militar iniciada em 1983, Joseph Aoun foi promovido a general em 2017, mesmo ano em que assumiu o comando do Exército. Durante seu mandato, ele enfrentou desafios como os protestos de 2019, que exigiam profundas mudanças políticas, e a crise econômica que mergulhou o Líbano em colapso financeiro. Ele também supervisionou a assinatura do cessar-fogo com “Israel” após a guerra de 2023.

Concorrentes na eleição presidencial

Na corrida presidencial, Joseph Aoun enfrentou dois principais adversários: Jihad Azour e Elias al-Baysari. Jihad Azour, ex-ministro das Finanças e atual diretor do Fundo Monetário Internacional para o Oriente Médio e Ásia Central, apresentou uma visão tecnocrática para o Líbano. Com formação em Economia Internacional e experiência no setor privado, Azour destacou-se por coordenar iniciativas econômicas durante sua passagem pelo governo. No entanto, sua ligação com o FMI gerou críticas em um país que enfrenta grave crise financeira.

Elias al-Baysari, por sua vez, é o atual diretor interino de Segurança Geral e possui uma carreira marcada pela atuação em órgãos de inteligência. Ele sobreviveu a um atentado em 2005 ao lado do então vice-primeiro-ministro Elias Murr e, desde então, ocupou cargos de liderança nas Forças de Segurança. Al-Baysari enfatizou a importância de fortalecer as instituições de segurança do Líbano.

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