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Brasil

Violência policial não é só Tarcísio, é também da frente ampla

Jornalista trata explosão da violência policial como um fenômeno do bolsonarismo, o não toca na raiz do problema, mas permite livrar a cara de monstros como Alckmin

Em seu artigo Violência policial de Tarcísio abre caminho para fascismo, publicado no portal de esquerda Brasil 247, Paulo Moreira Leite apresenta uma crítica às políticas de segurança creditando à “dupla Tarcísio-Derrite” (o governador Tarcísio de Freitas e o secretário de Segurança Pública Guilherme Derrite), apontando que o “desempenho mortífero com poucos equivalentes na história brasileira”, graças ao que, “o número de vítimas da violência da PM paulista chegou a 355 mortes”, diz Leite.

Essa colocação, entretanto, escamoteia o papel estrutural da própria polícia, tratando a violência como algo excepcional — e não como parte de uma política de repressão de classe intrínseca ao Estado brasileiro e que piora sempre que a crise geral do regime se acentua. A insistência do articulista em isolar o problema ao governo de Tarcísio Freitas é uma defesa velada dos setores da direita com os quais o governo Lula se alinhou, como o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), cujos mandatos como governador também foram marcados por massacres cometidos pela PM paulista.

Apontar o dedo apenas para Tarcísio, ignorando que a repressão é a prática comum de todos os setores do aparato policial, é uma omissão gritante que serve para blindar a própria direção que hoje compõe a base de apoio do governo federal. Leite, porém, continua afirmando:

“Chegou a 702 mortes, um crescimento de 98%. Este número reflete, acima de tudo, o emprego da violência como um recurso que nada tem a ver com a defesa da segurança da população. Não passa de uma conhecida via criminosa no receituário de propaganda fascista – programada para atemorizar a população e enfraquecer resistência política, abrindo caminho para formas mais escancaradas de um regime com poderes absolutos.”

Embora o parágrafo denuncie a barbárie, ele desvia a atenção do papel histórico da polícia no Brasil. A PM — paulista ou de qualquer outro estado — jamais foi um instrumento de “defesa da segurança da população”. Seu objetivo sempre foi a proteção da ordem burguesa, atuando como uma máquina de terror contra os pobres. Apontar o “emprego da violência” como algo peculiar ao governo de Tarcísio é ignorar que esse é o método permanente de uma instituição criada para reprimir o povo e sustentar a ditadura da burguesia e do imperialismo.

A conclusão óbvia que se segue é a de que a polícia brasileira não pode ser reformada com “treinamento” ou novos protocolos. Como Leite não aborda isso, perde a chance de fazer uma crítica consequente.

As leis já existentes que proíbem a barbárie policial são solenemente ignoradas pelo amplo aparato repressivo que inclui polícia, Ministério Público e tribunais. Esses setores agem sob o amparo e apoio social da burguesia, que incentiva o massacre da classe trabalhadora. Promotores e juízes, frequentemente, atropelam a legislação em vigor para legitimar os abusos policiais, demonstrando que a estrutura do Estado é profundamente conivente com a violência institucionalizada.

Por isso, a única solução é lutar pela extinção da polícia. Essa perspectiva é ignorada pelo autor, que se limita a criticar superficialmente a dupla Tarcísio-Derrite. Não há, no entanto, menção à necessidade de construir uma política verdadeiramente democrática, voltada à segurança pública de fato, onde os agentes sejam eleitos pelas comunidades que servirão.

Em vez disso, Leite cai na choradeira estéril promovida pela imprensa imperialista, que adota esse método por ter um interesse definido: sua propaganda não visa acabar com a violência policial, mas pressionar o bolsonarismo em busca de um acordo entre campos que só interessam à burguesia. Isso não apenas perpetua a barbárie como também reforça a submissão das massas operárias.

Diante disso, a esquerda não pode se contentar com críticas tão superficiais. A violência policial não é exclusividade de Tarcísio, mas um mecanismo estrutural que também serviu a governos como o de Alckmin, hoje vice-presidente. Para por um fim à selvageria, é fundamental lutar pela abolição da polícia e pela criação de um sistema de segurança pública verdadeiramente democrática.

Isso exige enfrentar não apenas Tarcísio, mas todo o aparato repressivo que sustenta o poder da classe dominante. Incluindo, naturalmente, os setores menos numerosos, mas mais poderosos da burguesia, ligada ao imperialismo e hoje abrigada da falência política total sob a popularidade de Lula, aproveitando-se da autoridade do principal líder operário do País para a manutenção dos interesses criminosos que incluem, entre outras coisas, o incrimento da selvageria da polícia, o meio pelo qual a classe dominante mantém sua ditadura contra as massas trabalhadoras.

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