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Coluna

Uma canção de natal não tão conhecida

Meu Natal, de Lupicínio Rodrigues

Esse ano, o compositor gaúcho Lupicínio Rodrigues completou 50 anos de morte e 110 anos do nascimento. Lupicínio, ou simplesmente Lupi, foi o compositor que mais fundo chegou na expressão do sentimento humano. Ele foi o fundador da dor-de-cotovelo.

A poesia de Lupicínio Rodrigues

Para chegar até o fundo da desgraça humana que sofre de amor, sem a autocensura dos pretensos intelectuais, tudo podia ser um motivo para Lupi. O Natal foi um desses ganchos. Embora relativamente conhecida, principalmente entre os conhecedores de suas canções, a música Meu Natal não é uma música natalina, passando muito longe da em geral superficial ideia de esperança do período natalino.

Como boa parte das canções de Lupi, Meu Natal é uma música sobre uma pessoa desgraçada que depois de ter perdido o grande amor encontra o fundo do poço.

“E agora

Vivo assim

Neste inferno, nesta dor

Meu Natal não tem amêndoas

Meu Natal não tem amor

 

Sabe o que o Papai Noel

Me trouxe este ano?

Foi um cesto, foi um cesto

Com tristeza e desengano”

É assim que Lupicínio nos lembra a existência da época natalina: um inferno, sem amêndoas, sem amor, só tristeza e desengano. A desilusão amorosa não é nada mais do que um gancho para Lupicínio despejar toda a mágoa do ser desgraçado. Lupi lava a alma daqueles que entendem o período natalino mais como hipocrisia do que como esperança e amor, mais como tristeza do que como alegria superficial.

Mas a genialidade da canção não está apenas no tema, na dor-de-cotovelo tão cara à obra de Lupi.

Ao cair em desgraça resultado da desilusão amorosa, o eu-lírico da canção não tem mais o Natal com amor e mimos de quando era criança. Agora, seu Natal é triste, mas também é pobre, não tem amor, riqueza espiritual, nem amêndoas, riqueza material. E ganhou do Papai Noel um cesto (material) com tristeza e desengano (espirituais).

Esse é Lupicínio Rodrigues, um dos mais criativos compositores da música popular brasileira.

A canção é triste, como boa parte da obra do mestre da dor-de-cotovelo, mas ouvi-la e apreciá-la independe de tristeza ou felicidade. Ela nos enche com esse sentimento de plenitude espiritual que só a boa arte é capaz de nos transmitir.

Meu Natal (Lupicínio Rodrigues)

Eu fui um dos nenéns
Mais bem ninados deste mundo
Nasci num mar de rosas
Me criei num lar fecundo

Meu bom Papai Noel
Nunca esqueceu-me no seu dia
O Natal para mim
Sempre foi festa e alegria

Depois que eu cresci
Consegui tudo que sonhei
Até um grande amor

Na minha vida eu encontrei
Só quando o destino mau assim
Nos separou
Foi que meu sofrimento começou

E agora
Vivo assim
Neste inferno, nesta dor
Meu Natal não tem amêndoas
Meu Natal não tem amor

Sabe o que o Papai Noel
Me trouxe este ano?
Foi um cesto, foi um cesto
Com tristeza e desengano

* A opinião dos colunistas não reflete, necessariamente, a opinião deste Diário

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