Na sexta-feira (20), com a colaboração da direção do Sindicato dos Bancários de São Paulo, os banqueiros do Bradesco conseguiram aprovar a CCV (Comissão de Conciliação Voluntária) em São Paulo; mais um ataque às já precárias condições de vida dos trabalhadores do Bradesco.
A assembleia aconteceu de forma virtual, ou seja, sem que houvesse uma verdadeira discussão. Trata-se de um método artificial, em que a votação fica aberta durante um certo período do dia e é realizada por meio de um link disponibilizado no site do sindicato.
Essa tal Comissão de Conciliação “Voluntária” é uma estratégia dos banqueiros para tentar pôr fim a um gigantesco passivo trabalhista referente às dezenas de milhares de ações movidas pelos trabalhadores.
Todos sabem que os banqueiros são mestres em descumprir as obrigações trabalhistas, especialmente no que diz respeito à jornada de trabalho, uma transgressão grave e habitual por parte dos patrões. Isso sem mencionar as demissões em massa e alterações nas condições de trabalho, consequências das famigeradas reestruturações.
O Bradesco é recordista, entre os bancos, no número de ações trabalhistas. O banco tem cerca de 58 mil processos tramitando na Justiça do Trabalho em todo o país.
Uma questão importante a se considerar é que a CCV não tem nada de voluntária. Trata-se de mais uma armadilha dos banqueiros para tirar vantagens das ações trabalhistas, em “acordos” que, geralmente, são fechados, na melhor das hipóteses, por apenas 10% do valor real.
A Comissão reúne o funcionário, representantes do sindicato e do banco, que buscam acordos para pendências trabalhistas. Com essa política, a direção do sindicato, ao defender a CCV, acaba colaborando com os banqueiros para confiscar os direitos dos trabalhadores, colocando-os numa sinuca de bico. É sabido que a Justiça leva mais de 10 anos para concluir tais processos, com os banqueiros recorrendo até a última instância, contando, logicamente, com a morosidade proposital da Justiça. Assim, não resta alternativa para o trabalhador, que já está com a corda no pescoço financeiramente, senão fechar o famigerado acordo com os patrões.
Os acordos da CCV, além de trazerem um enorme prejuízo ao trabalhador, ainda geram desconfiança na categoria em relação ao sindicato, em razão da cláusula de pagamento de taxa administrativa, que estabelece que “a partir da data da assinatura deste acordo, os Bancos Acordantes pagarão, ao Sindicato Profissional, a taxa administrativa referente aos processos conciliados e inconciliados do mês anterior, destinada à cobertura das despesas administrativas.”
As direções sindicais não devem se submeter a mais esse ataque. Devem, imediatamente, preparar uma reação contra a ofensiva reacionária dos banqueiros, que, a todo momento, utilizam-se de subterfúgios para lucrar às custas da miséria da categoria dos bancários e de toda a população. Não é por acaso que os banqueiros, mesmo com o agravamento da crise capitalista, constituem o setor da economia que vem lucrando cada vez mais.