O sítio norte-americano Mondoweiss publicou, no último dia 16, uma matéria assinada por Bana Abu Zuluf e Ameed Faleh intitulada Em meio a cinzas e sangue, a Autoridade Palestina crava sua reivindicação sobre Gaza (Amid ashes and blood, the Palestinian Authority carves its claim on Gaza), denunciando o uso pela Autoridade Palestina (AP) da guerra genocida de “Israel”, contra a população palestina na Faixa de Gaza, para tentar retomar o controle sobre o território.
Desde que foi expulsa em 2007, após uma derrota eleitoral histórica para o Hamas, a AP tem buscado incessantemente maneiras de se infiltrar em Gaza. Segundo os denunciantes, a criação do Comitê de Apoio Comunitário reflete essa estratégia, funcionando como uma tentativa de administrar assuntos como saúde, educação e infraestrutura sob o pretexto de reconstrução, mas com claros objetivos políticos.
Concretamente, o Comitê de Apoio Comunitário busca estabelecer a AP como uma força indispensável na reconstrução de Gaza. Criado em acordo com o Hamas, o comitê foi projetado para lidar com questões cotidianas, como saúde, educação, infraestrutura e distribuição de ajuda, enquanto um modelo de governança não é definido.
No entanto, essa iniciativa é também uma manobra para monopolizar o acesso à reconstrução e aos financiamentos internacionais, minando rivais políticos como o próprio Hamas e outras organizações da Resistência no território. Além disso, o papel das forças de segurança e das organizações da Resistência permanece em aberto, indicando que a AP está sondando possibilidades de impor sua influência sem compromissos claros com a resistência local. Segundo Mondoweiss, a tática expõe uma tentativa calculada de construir “capital político” suficiente para se tornar mediadora essencial em um potencial cessar-fogo.
Os desdobramentos recentes deixam evidente o papel da AP como um instrumento de repressão ao povo palestino, apoiado por interesses estrangeiros. A situação atual tem raízes históricas profundas. Em 2006, o Hamas venceu as eleições legislativas com 74 das 132 cadeiras do parlamento palestino, mas a AP, apoiada por potências internacionais, nunca respeitou o resultado. Em vez disso, intensificou seus esforços para desestabilizar o governo do Hamas, adotando práticas que favoreciam “Israel” e minavam a resistência palestina.
Enquanto isso, a legitimidade da AP vem despencando consistentemente, como demonstram pesquisas recentes. Em 2023, 62% dos palestinos consideravam a AP um fardo, enquanto 68% afirmavam que os Processos de Oslo prejudicaram os interesses nacionais palestinos. A corrupção generalizada na entidade, somada ao seu papel de colaboradora na ocupação sionista, agravou ainda mais a desconfiança popular.
A Resistência, liderada pelo Hamas, e a desconfiança generalizada entre os palestinos tornam difícil para a entidade implementar seus planos sem enfrentar oposição significativa. Personalidades como Mohammad Dahlan, ex-Fatá e apoiado pelos Emirados Árabes Unidos, se dedicam a cumprir o papel que a desmoralizada organização encastelada na Cisjordânia já não consegue, apresentando como alternativas tanto à AP quanto ao Hamas, o que não passa de um golpe.
Sendo o Hamas a organização responsável por governar Gaza, é contra a autoridade do partido revolucionário que se dirige a propaganda do infiltrado da EAU, que uma vez estabelecido no poder, nada fará de diferente em relação a Abbas, servindo, acima de tudo, ao atendimento dos interesses externos.
O histórico da AP demonstra que sua estratégia de sobrevivência está fundamentada no alinhamento com interesses imperialistas e na repressão dos anseios legítimos do povo palestino. Desde os Acordos de Oslo, a entidade tem atuado como braço de “Israel”, recebendo financiamento externo para sustentar sua burocracia e forças de segurança, enquanto ignora as necessidades reais da população.
A atual conjuntura do conflito entre a ditadura sionista e o povo palestino evidencia que a entidade é, em essência, uma organização corrupta e sionista. Sustentada por financiamento externo e interesses imperialistas, a entidade não representa os anseios de liberdade e autodeterminação do povo palestino.