O golpe de Estado operado na Síria segue se desenvolvendo e expondo sua relação com os objetivos do imperialismo na região, especialmente no que diz respeito ao fortalecimento da posição da ocupação sionista na Palestina. O que sobrou da Síria está em disputa por grupos em conflito e as forças militares de “Israel” aproveitam para destruir a infraestrutura militar do país, enquanto os supostos “jihadistas islâmicos” que tomaram o poder mantêm uma postura tolerante com os sionistas. Além dos ataques aéreos, os sionistas aproveitam para avançar a partir das já ocupadas Colinas de Golã.
Matéria da emissora libanesa Al Mayadeen relata visita de Benjamin Netaniahu ao Monte Hérmon, do lado mantido pela Síria até o golpe. Na visita, o primeiro-ministro israelense falou aos militares sionistas que se preparem para se manter no território pelo menos até o final de 2025. A região tem enorme importância estratégica, fazendo fronteira com o Líbano e, por isso, servindo tanto para atrapalhar o fluxo de armas para a resistência quanto como base para ataques contra o Hesbolá.
A matéria destaca o fato inédito de um primeiro-ministro de “Israel” pisar em solo sírio. Além da parte síria do Monte Hérmon, os militares israelenses também ocupam a “zona tampão” que as forças da ONU mantinham separando a ocupação sionista e a Síria. Já admitiram, inclusive, ter avançado para além da tal “zona tampão”.
Os israelenses ainda admitem que a ampliação da sua ocupação militar para além da Palestina serve para “observar” o novo governo sírio, ou seja, garantir que o grupo que derrubou o governo Assad com o apoio do imperialismo se mantenha “moderado” em relação a “Israel”.
Mesmo impulsionado pelo imperialismo, o braço da Al-Qaeda nomeado Haiat Tahrir al-Sham (HTS) não seria seu grupo preferido para tomar o poder, como poderia ser o caso do Exército Livre da Síria. Problema que surge quando o imperialismo decide impulsionar conflitos internos em países que quer dividir e controlar.
A propaganda dos “jihadistas” simpáticos à “diversidade” e mansos em relação a “Israel” não convence ninguém minimamente atento ao que acontece no Oriente Médio nas últimas décadas. Como foi discutido nos últimos dias neste Diário, o líder do grupo, al-Jolani, era apontado como terrorista pelo governo dos Estados Unidos, tendo sido anteriormente vice-líder do Estado Islâmico (EI, ISIS em inglês). A escolha de uma figura dessas para governar a Síria expõe ainda mais a falácia da “guerra ao terror” que o imperialismo utiliza como pretexto para suas intervenções militares na região.
Outra matéria da Al Mayadeen indica que “Israel” já ocupou 440 quilômetros quadrados do território sírio. Tendo-se em conta o histórico sionista, não é razoável acreditar que queiram ficar por lá apenas temporariamente. Correspondente da emissora libanesa informou que os sionistas ocuparam ainda a Bacia de Yarmouk e a Represa de al-Wehda, na fronteira entre Síria e Jordânia. O relato inclui a ocorrência de cerca de 450 ataques aéreos contra instalações militares sírias, infiltração em sítios arqueológicos e um avanço na direção da rodovia internacional que liga Damasco a Beirute.
Os avanços sionistas sobre o território sírio mostram que o governo de verdade foi derrubado e os abutres do imperialismo avançam sobre o país. Enquanto “Israel” avança pelo sul, a Turquia impulsiona o Exército Nacional Sírio contra as Forças Democráticas Sírias, num cenário caótico e incerto para o povo sírio. Cabe destacar que, enquanto o governo do HTS tolera as incursões sionistas, ataca diretamente as organizações da resistência contra o imperialismo que atuam há muitos anos na Síria. Isso inclui organizações palestinas como Fatá, Frente Popular para a Libertação da Palestina (FPLP) e a Jiade Islâmica.