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HISTÓRIA DA PALESTINA

O que foi a Resolução de Cartum

Resolução de Cartum, formalizou a política de negação total a 'Israel' pelos países árabes, porém, não impediu a traição de governantes mais corruptos

Assinada em 1º de setembro de 1967, a Resolução de Cartum consolidou a posição dos países árabes após a derrota sofrida na Guerra dos Seis Dias. O encontro realizado em Cartum, capital do Sudão, reuniu oito chefes de Estado árabes, representando Egito, Síria, Jordânia, Líbano, Iraque, Argélia, Kuwait e Sudão, com o objetivo de estabelecer uma resposta unificada à ocupação israelense de territórios árabes.

A Guerra dos Seis Dias, ocorrida entre 5 e 10 de junho de 1967, resultou na ocupação por “Israel” da Península do Sinai, Faixa de Gaza, Cisjordânia, Jerusalém Oriental e das Colinas de Golã. Essa derrota militar expôs a fragilidade dos exércitos árabes à época e a força do imperialismo, além da necessidade de uma resposta coordenada para lidar com os efeitos da ocupação e reafirmar alguma soberania sobre os territórios perdidos.

Para esse fim, a cúpula de Cartum tinha como principal objetivo fortalecer a unidade dos Estados árabes e definir uma estratégia política, militar e econômica frente à agressão israelense. O resultado foi uma resolução que se tornou conhecida pelos “Três Nãos”: “sem paz com ‘Israel’, sem reconhecimento de ‘Israel’, sem negociações com ‘Israel’”. Era o reconhecimento do enclave sionista como um inimigo implantado no território árabe.

A resolução destacou como fundamental a unidade árabe, a recuperação de territórios ocupados, a luta intransigente contra o sionismo, a assistência econômica aos países envolvidos, o estabelecimento do fundo Árabe de Desenvolvimento Econômico e Social, o uso do petróleo como um recurso estratégico e o fortalecimento militar mútuo contra os invasores da Palestina. Na propaganda imperialista, a aliança foi difundida como uma rejeição árabe a existência de “Israel” por questões antissemitas, levando a ditadura mundial a creditar a esse fenômeno a barreira contra qualquer tentativa de por fim aos conflitos na região.

Já estudiosos judeus como Avi Shlaim, por outro lado, argumentaram que a resolução não era uma rejeição à paz, mas uma estratégia para evitar tratados formais, negociações diretas e o reconhecimento jurídico de “Israel”, sem descartar a possibilidade de acordos indiretos ou mediados por terceiros. Apesar disso, a resolução não impediu que alguns governos árabes capitulassem.

Monarquias e sultanatos ditatoriais como, por exemplo, a Jordânia e o Egito abriram canais de negociação com “Israel” sob os auspícios da Missão Jarring, patrocinada pelas Nações Unidas. Essas negociações não levaram a acordos significativos, mas demonstraram que havia divergências internas entre os governos árabes sobre como lidar com o inimigo sionista.

Além disso, a resolução influenciou diretamente a política da Organização de Libertação da Palestina (OLP), que utilizou os “Três Nãos” como base para rejeitar soluções diplomáticas que reconhecessem “Israel” antes de seu entreguismo ao imperialismo. Essa posição foi desafiada ao longo das décadas seguintes, especialmente durante os acordos de paz de Oslo nos anos 1990.

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