A direção do Banco do Brasil lançou no último dia 16 de dezembro, nas grandes redes de comunicação burguesas, a sua peça publicitária de final de ano, cujo tema é “a gente se importa”. A campanha “propõe uma reflexão direta e otimista sobre o papel do ser humano em ajudar a reverter o quadro de crise ambiental, intolerância, desigualdade e preconceito”, conforme destacado pelo sítio Grandes Nomes da Propaganda, em matéria publicada no mesmo dia. Trata-se, naturalmente, de uma demagogia barata.
Para Gabriel Santamaria, gerente geral de ASG (ambiental, social e governança) do Banco do Brasil, “a sustentabilidade faz parte da nossa estratégia e da razão de ser do Banco do Brasil. Nosso papel é seguir direcionando esforços, cotidianamente, na construção de soluções ASG e no apoio e engajamento dos nossos clientes, parceiros e sociedade na construção de um futuro mais inclusivo, verde e sustentável. Seguindo o mote da campanha, a gente se importa com um presente e com um futuro mais sustentável para as pessoas e para o planeta”. (Idem)
Primeiramente, cabe ressaltar que a mesma direção do BB que diz ter “preocupação” com as questões ambientais, intolerância, desigualdade e preconceito, faz seus funcionários comerem o pão que o diabo amassou nos locais de trabalho, além de promover ataques à instituição Banco do Brasil como empresa pública de qualidade e, consequente atingindo diretamente os seus milhões de clientes e a população em geral.
Com a política da famigerada “reestruturação” pela qual passa o banco, a direção do banco já fechou centenas de agências de dependências bancárias e demitiu milhares de trabalhadores através dos PDVs (Plano de Demissão Voluntária). Além disso os trabalhadores do banco sofrem com o arrocho salarial, descomissionamento em massa, terceirizações e a responsabilidade da direção do BB pelo alto nível de adoecimento dos seus funcionários, principalmente em relação às doenças características de transtornos mentais, como depressão, estresse, síndrome do pânico, etc.
A proliferação destas doenças não é outra coisa, mas consequência da pressão dos chefetes de plantão e do assédio moral, para os profissionais atingirem metas de vendas de produtos bancários, voltados a satisfazer os apetites dos parasitas especuladores financeiros. Como diz a direção do banco: parte da “principal missão da instituição, como afirmou a sua filosofia corporativa, é ser um banco de mercado, competitivo e rentável”, ou seja, uma empresa com função social reduzida a nada.
Por outro lado, a campanha publicitária do banco é mais um instrumento da política identitária dos países imperialistas carregada de colocações supostamente em favor do negro, das mulheres, dos índios, do meio ambiente, etc. É uma ideologia difundida incansavelmente por todos os meios de comunicação e também pelas grandes empresas, certamente com orientação e financiamento desses órgãos imperialistas, como o caso da agência publicitária responsável pelo filme, a WMcCANN.
Uma agência de publicidade norte-americana, a companhia contratada pelo Banco do Brasil realiza campanhas publicitárias para alguns dos principais monopólios imperialistas do mundo, como a Coca-Cola, MasterCard, Nestlé; para o exército dos Estados Unidos e até teve com um dos seus principais clientes nada menos que o ditador espanhol Francisco Franco, cujo objetivo era melhorar a sua imagem nos EUA.
Esse é um método costumeiro do imperialismo que quer aparecer como defensor dos oprimidos, do meio ambiente e das mudanças climáticas que tenta favorecer, através desse método, como por exemplo, a intervenção imperialista na Amazônia.
Qual a verdadeira função dessa propaganda de um banco que tem uma presidenta que, mesmo sendo mulher, negra e homossexual, executa uma política de opressão aos funcionários? Qual a função dessa propaganda, quando a direção do banco repassa bilhões de reais, todos os anos, para os latifundiários que estão assassinando e expulsando a população indígena das suas terras, como está acontecendo agora, nesse momento, no estado do Mato Grosso do Sul, onde os conflitos pela terra se tornam cada vez mais cruentos?
É propaganda para “inglês ver”, pura demagogia identitária. Por detrás da campanha em “defesa” da mulher, dos negros, dos indígenas e do meio ambiente, existe um esforço para dar uma aparência social à sua política reacionária em função dos interesses dos grandes banqueiros e capitalistas nacionais e internacionais e do imperialismo. É apenas e tão somente uma aparência, no entanto.