A Rede Globo editou e censurou trechos essenciais da entrevista concedida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao programa Fantástico, exibido no último domingo (15). Durante a conversa, que deveria abordar temas importantes para o País, a emissora monopolista optou, por exemplo, por excluir falas sobre a proposta do governo de isentar ganhos mensais de até R$5 mil do Imposto de Renda. Mais importante que isso, a emissora interrompeu parte da entrevista para apresentar um “contraponto”, dedicado a reafirmar seu apoio à criminosa Operação Lava Jato.
“Justiça fiscal”
Um dos cortes mais significativos da entrevista envolveu a declaração de Lula sobre a necessidade de tributar os mais ricos e aliviar a carga tributária sobre os mais pobres. O presidente foi direto ao afirmar que não pretende aumentar impostos, mas sim promover o que chamou de “justiça fiscal” no Brasil. Lula destacou que o governo trabalha para isentar de Imposto de Renda pessoas que ganham até R$5 mil.
“O que a gente não quer é aumento de tributo. Nós achamos que, se o Brasil arrecadar corretamente os tributos já estabelecidos por lei, o Brasil vai ter arrecadação suficiente para cuidar das coisas. É por isso que eu estou isentando as pessoas que ganham até R$ 5 mil, porque tem que fazer justiça fiscal nesse País”, afirmou o presidente.
A fala foi disponibilizada nas redes sociais e rapidamente viralizou, expondo o corte realizado pela Globo para esconder uma reivindicação do governo federal. O perfil @ivantuita, no X, divulgou o vídeo com o trecho cortado.
Chama atenção que a política do governo Lula em relação ao problema fiscal é, neste momento, muito reacionária diante do pacote anunciado pelo ministro da Economia, Fernando Haddad. No entanto, a Globo não permite que o presidente faça nenhum tipo de propaganda em prol do governo, mesmo sendo minimamente positiva.
Defesa da criminosa operação Lava Jato
Outro ponto importante da entrevista foi o momento em que Lula denunciou as irregularidades da Lava Jato, uma operação criminosa disfarçada de combate à corrupção que destruiu o País, ampliando a intervenção imperialista contra o Brasil e produzindo dois golpes de Estado: o primeiro em 2016, com a derrubada da presidenta Dilma Rousseff, e o segundo em 2018, com a prisão do então candidato presidencial Lula, uma operação fundamental para a vitória eleitoral de Jair Bolsonaro.
O presidente afirmou que não teve direito à presunção de inocência e defendeu que os militares investigados por tramas golpistas tenham o direito de defesa que lhe foi negado. “Eu não tive direito de defesa. Eu não tive. Veja, eu fui preso primeiro, para depois me defender”, disse Lula, ao comentar o processo conduzido pelo criminoso ex-juiz Sergio Moro. Em resposta, a Globo interrompeu a exibição da entrevista para contradizer o presidente, reiterando a suposta lisura do processo que resultou em sua prisão em 2018.
Se não fosse pela rápida repercussão nas redes sociais, os cortes e manipulações promovidos pela Globo poderiam ter passado despercebidos pela opinião pública. Este episódio reforça a gravidade da campanha contra as chamadas “fake news”, uma vez que ela mira a censura nas redes, enquanto ignora o papel dos grandes órgãos de comunicação como principais manipuladores de informação no Brasil.
A tentativa de sufocar as redes sociais tem como objetivo proteger a “imprensa técnica” de ser desmascarada por aqueles que conseguem expor suas falsificações. A Globo, que se apresenta como bastião da informação de qualidade, mais uma vez demonstrou ser um instrumento de manipulação a serviço de interesses antipopulares.
Sem as redes sociais, o monopólio da informação impediria que o público tomasse conhecimento das constantes distorções feitas pela “imprensa técnica”. O episódio é uma prova de que o debate sobre as tais “fake news” não é sobre proteger a verdade, mas sobre garantir que os grandes veículos de comunicação detenham o monopólio da mentira, sendo livres para falsificar qualquer notícia sem questionamento ou escrutínio.