Nessa terça-feira (17), o tenente-general Igor Kirillov, chefe das Forças de Defesa Radiológica, Química e Biológica da Rússia, foi assassinado em uma explosão na parte sul de Moscou, capital russa. O vice de Kirillov também foi morto na explosão, que ocorreu por volta das seis horas da manhã do lado de fora de um prédio residencial na Avenida Ryazansky. Segundo as autoridades russas, a responsabilidade recai sobre a Ucrânia, em um atentado considerado terrorista.
Segundo investigações oficiais, um dispositivo explosivo improvisado (IED, na sigla em inglês) com cerca de 300 gramas de TNT foi ligado a um patinete elétrico perto da entrada do prédio. Os investigadores afirmam que o explosivo foi detonado remotamente, possivelmente através de um sinal de rádio ou telefone celular. Além das vítimas fatais, a explosão destruiu o veículo oficial do governo russo que aguardava Kirillov e seu vice e danificou a entrada do edifício.
Aleksandr Bastrykin, chefe do Comitê Investigativo da Rússia, está coordenando pessoalmente o caso, que foi classificado como assassinato, terrorismo e tráfico ilegal de armas. O Kremlin ainda não se pronunciou oficialmente sobre o ocorrido, mas o atentado já gerou respostas por parte das autoridades russas.
Kirillov, de 54 anos, liderava as Forças de Defesa Radiológica, Química e Biológica da Rússia desde 2017. Sob seu comando, o general expôs diversas vezes o papel do imperialismo em operações com armas químicas. Em outubro deste ano, Kirillov foi alvo de sanções britânicas, que o acusaram, sem provas, de envolvimento com armas químicas na Ucrânia. Moscou sempre negou tais alegações, reafirmando que destruiu suas armas químicas em 2017 sob supervisão internacional.
Medvedev, ex-presidente russo e atual vice-presidente do Conselho de Segurança, descreveu o assassinato como “uma tentativa desesperada” do regime ucraniano de se redimir perante seus patrões. “Realizando ataques covardes em cidades pacíficas, a Ucrânia demonstra sua agonia diante da inevitável derrota no campo de batalha”, afirmou.
Maria Zakharova, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, exaltou a figura de Kirillov, afirmando que ele “trabalhou sem medo, com a viseira aberta, pela verdade e pela pátria”. Já o presidente da Comissão de Defesa da Duma, Andrey Kartapolov, acusou tanto Kiev quanto os interesses imperialistas de estarem por trás do assassinato. Para ele, a morte de Kirillov é consequência direta de seu papel central em revelar as atividades criminosas dos Estados Unidos e seus aliados.
A relevância de Kirillov para o governo russo ia além de sua posição militar. Ele comandou investigações que expuseram as provocações do imperialismo com armas químicas na Síria, as manipulações britânicas no caso de Salisbury e a existência de laboratórios biológicos financiados pelos EUA na Ucrânia. Segundo Kirillov, esses laboratórios, sob o disfarce de pesquisas médicas, representavam grandes ameaças para a população civil.
Durante a guerra na Síria, Kirillov criticou a atuação do imperialismo e da Organização para a Proibição de Armas Químicas (OPCW), apontando como essa entidade foi utilizada para justificar agressões imperialistas contra o país. Ele denunciou as “operações de falsa bandeira”, financiadas por países estrangeiros e encobertas por organizações como os Capacetes Brancos. Em relação à Ucrânia, Kirillov foi um dos principais denunciantes do uso de armas químicas pelas tropas ucranianas e do contrabando de materiais radioativos, que poderiam ser utilizados na fabricação de uma bomba nuclear suja.
Horas antes de sua morte, o Serviço de Segurança da Ucrânia (SBU) formalizou acusações contra Kirillov, o qualificando como um “alvo lícito”.