Os jornais e lideranças sionistas e imperialistas de todo o mundo estão em festa com a derrubada do então presidente sírio, Bashar al-Assad – e com razão. A queda de Assad é uma importante derrota dos países que hoje resistem à dominação imperialista.
A ofensiva contra a Síria, no entanto, não é um episódio isolado. Ela é produto de uma política geral do imperialismo, colocada em marcha há alguns meses. A queda de Assad é o mais novo produto da contraofensiva do imperialismo.
No mesmo momento em que o imperialismo organizava a ofensiva contra Assad, ocorria também o autogolpe frustrado na Coreia do Sul, a tentativa de “revolução colorida” na Geórgia, a fraude eleitoral na Moldávia e o cancelamento das eleições na Romênia. Isto é, um conjunto de golpes de Estado.
Esses casos, no entanto, são apenas os mais recentes. Entre os meses de maio e novembro, ocorreram tentativas de golpe, golpes frustrados, tentativas de assassinato, golpes bem sucedidos ou denúncias de preparativos para um golpe em países como: Colômbia, Bolívia, Honduras, Nicarágua e Venezuela, na América Latina; República Democrática do Congo, na África; Bangladexe e Paquistão, na Ásia; Eslováquia e Armênia, no Leste Europeu.
Essa chuva de golpes, profundamente contrarrevolucionária, é uma reação do imperialismo. O grande capital sofreu uma derrota no Afeganistão – uma derrota muito importante e humilhante – em 2021. Com a derrota no Afeganistão, os russos impuseram outra derrota ao deslanchar a operação militar na Ucrânia, que impediu a expansão da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN). No ano seguinte, os golpes militares no Níger e no Gabão desferiram um duro golpe no imperialismo francês. Por fim, veio a Operação Dilúvio de Al-Aqsa.
Os levantes foram vistos com excesso de otimismo por algumas partes, que decretavam o início do “mundo multipolar”, como se o imperialismo fosse aceitar passivamente essas derrotas. O que temos visto, por meio dos golpes de Estado, é que não há “mundo multipolar” em curso, mas uma contraofensiva do imperialismo visando reestabelecer a sua ditadura sobre todos os povos do mundo.
A tendência é que essa contraofensiva se intensifique no próximo período. O imperialismo, afinal, não entende outra linguagem que não a força. A contraofensiva deve continuar até que haja uma resposta à altura, em algum lugar ou em alguns lugares, contra as investidas imperialistas.
Ainda que perigosa, a contraofensiva não é extraordinariamente poderosa. É uma contraofensiva cheia de contradições internas, como pode se ver na derrota do Partido Democrata nos Estados Unidos.
Cabe aos oprimidos de todo o mundo explorar essas contradições e fazer parar a contraofensiva.