A crise na Síria, marcada pela tomada da capital Damasco por grupos armados opositores, abriu as portas para uma intensificação das agressões coordenadas por “Israel” e Estados Unidos contra o país árabe. O ataque sionista ao território sírio, que incluiu mais de 100 bombardeios e a ocupação de uma zona-tampão no sul da Síria, aconteceu no mesmo dia em que os EUA conduziram 75 ataques aéreos, alegadamente contra o Estado Islâmico (EI). Essas ações são parte de um esforço conjunto do imperialismo para desestabilizar e fragmentar a Síria, seguindo um roteiro que lembra o que foi feito com a Líbia.
O exército de ocupação sionista não apenas bombardeou localidades estratégicas, como Damasco e a região de Quneitra, mas também enviou tanques e tropas para o território sírio, ocupando áreas que estavam sob supervisão da ONU, como Al-Hamidiyah e Khan Arnabeh. Netaniahu anunciou publicamente a ruptura do Acordo de Desengajamento de 1974, indicando planos de anexar territórios estratégicos sob o pretexto de “proteger” a região. A operação foi facilitada pela falta de resistência do exército sírio, debilitado pelas disputas internas e pelo avanço de grupos mercenários apoiados pelo imperialismo.
Simultaneamente, os EUA conduziram dezenas de ataques aéreos na região central da Síria, alegando combater células do Estado Islâmico. No entanto, a propaganda feita pelo Comando Central dos EUA (CENTCOM) não passa de um exercício de cinismo, uma vez que a própria política norte-americana impulsiona a ascensão de grupos terroristas no Oriente Médio. A justificativa de impedir que o EI aproveite a instabilidade no país é, no mínimo, questionável, considerando o histórico de uso feito pelos EUA a tais grupos como para lutarem contra o governo legítimo de Bashar al-Assad.
A agressão simultânea de “Israel” e dos EUA provocou forte condenação dos movimentos da Resistência Palestina. O partido Frente Popular para a Libertação da Palestina afirmou que “a escalada da agressão sionista contra os territórios sírios tem implicações extremamente perigosas, que exigem unidade para enfrentá-las”. O grupo destacou que “os bombardeios do inimigo sionista na Síria e suas incursões no território sírio representam uma perigosa escalada de agressão contra os povos e estados da região”. Também condenou “o silêncio internacional e árabe diante dessa escalada de agressão” e reforçou “a importância da unidade de todos os componentes sírios na luta contra a agressão sionista”.
A Jihad Islâmica Palestina declarou que “o movimento condena as ações do exército inimigo em expandir sua ocupação mais profundamente no território sírio e os brutais ataques aéreos que está conduzindo contra a capital Damasco e outras áreas na Síria”. A organização descreveu essas ações como “uma agressão criminosa e um ataque flagrante contra o povo sírio e sua vontade, explorando a situação na Síria para alcançar objetivos expansionistas”.
Já o Movimento Mujahedin afirmou: “condenamos fortemente a brutal agressão sionista na Síria, que incluiu o bombardeio traiçoeiro de várias áreas, incluindo a capital, Damasco, e a ocupação de outras regiões”. Segundo o grupo, “essa agressão traiçoeira é uma extensão da guerra aberta sionista-americana contra nossa nação, que visa suas capacidades e sua existência”. O movimento ainda conclamou “as nações árabes e islâmicas a se posicionarem seriamente contra as contínuas transgressões sionistas”.
O cenário atual da Síria tem semelhanças inegáveis com a destruição da Líbia em 2011. Analistas apontam que o objetivo dos EUA e de “Israel” é fragmentar o país em enclaves sob controle de forças rivais. Grupos curdos, apoiados pelo imperialismo, poderiam estabelecer um estado próprio no norte, enquanto outras regiões seriam divididas entre forças opositoras, deixando o território vulnerável à pilhagem de recursos naturais e ao controle indireto das potências estrangeiras. O analista Stanislav Tarasov argumenta que o enfraquecimento da Síria faz parte de uma estratégia mais ampla para desestabilizar todo o Oriente Médio, atingindo também o Líbano e fortalecendo a ocupação sionista da Palestina.
Esse ataque coordenado reflete o caráter predatório das potências imperialistas e do regime sionista, que buscam transformar a Síria em um mosaico de conflitos internos e territórios ocupados. A destruição sistemática de um dos países mais importantes da região não é apenas uma tragédia para o povo sírio, mas uma ameaça a toda a resistência árabe contra o colonialismo e o imperialismo.