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Internacional

Trump pede ‘cessar-fogo imediato’ na Ucrânia em visita à França

Para presidente eleito, Putin e Zelensky "gostariam de fazer um acordo", deixando implícito em declaração que a barreira à paz é o imperialismo

Neste domingo (08/12), o presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump solicitou um cessar-fogo imediato e negociações entre a Ucrânia e a Rússia. Na declaração, Trump clamou para interromper “a loucura”, instigando Vladimir Zelensky e Vladimir Putin a estabelecerem suas condições.

A declaração ocorreu poucas horas após um encontro de aproximadamente uma hora de Trump com Zelensky em Paris, acompanhado pelo presidente anfitrião Emmanuel Macron. O encontro aconteceu no Palácio do Eliseu, sede do governo francês, aproveitando a presença de Trump para a reinauguração de Notre-Dame, sendo o primeiro encontro presencial entre as partes após a vitória do Republicano nas eleições.

Trump escreveu em sua rede social Truth Social: “Zelensky e a Ucrânia gostariam de fazer um acordo e acabar com a loucura”. Considerando a perda de aproximadamente 400 mil soldados por Quieve, Trump concluiu: “Deve haver um cessar-fogo imediato e as negociações devem começar.”

O presidente eleito ainda afirmou: “parece que o mundo está ficando um pouco louco agora (…) Eu conheço bem Vladimir (Putin). Este é o momento dele de agir. A China pode ajudar. O mundo está esperando!”.

O governante francês, Macron, em seu perfil na rede social Instagram, declarou as boas-vindas escrevendo: “bem-vindo de volta”. Ele também disse: “EUA, Ucrânia e França. Juntos neste dia histórico. Reúnam-se para Notre-Dame. Vamos continuar a ação conjunta pela paz e segurança”.

Trump chegou a elogiar Macron antes da reunião: “nós tivemos uma grande relação, como todos sabem. As pessoas da França são espetaculares. Acho que é um dos grupos mais importantes dos Estados Unidos, os franceses. E nós os respeitamos e amamos.”

Os detalhes do desenvolvimento da conversa não foram divulgados, apenas apertos de mãos e sorrisos foram registrados. Segundo as declarações dos lados francês e ucraniano, a reunião foi boa e produtiva, mas é visível o abatimento em relação às reafirmações recentes de apoio de Macron a Zelensky.

Isso é bem diferente da ligação realizada no dia 29 de novembro, quando Macron “condenou nos termos mais fortes possíveis os ataques indiscriminados da Rússia que estão se intensificando contra cidades, populações civis e contra a infraestrutura energética da Ucrânia”.

Reação de Zelensky

Com as declarações de Trump, houve uma reação de Zelensky. Ele afirmou em seu perfil na rede social X: “Quando falamos sobre uma paz efetiva com a Rússia, devemos, antes de tudo, falar sobre garantias efetivas para a paz. Os ucranianos querem a paz mais do que qualquer outra pessoa”.

Complementando, defendeu: “Ela [a guerra] não pode simplesmente terminar com um pedaço de papel e algumas assinaturas. Um cessar-fogo sem garantias pode ser reacendido a qualquer momento, como Putin já fez antes. Para garantir que os ucranianos não sofram mais perdas, devemos garantir a confiabilidade da paz e não fechar os olhos para a ocupação”.

Zelensky ainda tentou justificar o número de 400 mil baixas divulgado por Trump, esclarecendo que isso significaria 43 mil mortos e 370 mil feridos. Deve-se observar que o exército ucraniano, que já foi um dos melhores da Europa até o golpe de 2014, contava com 204 mil militares e 46 mil civis. Em 2019, esse número foi elevado para 255 mil militares. Em qualquer dos cenários possíveis, uma baixa de 400 mil homens significaria a dissolução das forças ucranianas.

Em tom bem diferente de suas declarações de 29 de novembro, Zelensky afirmou: “É claro que trabalharemos com Trump. Quero trabalhar diretamente com ele.”

A voz do Crêmlin

Em resposta ao comentário de Trump, Dmitry Peskov convocou uma teleconferência com repórteres para comentar o tema. Nela, Peskov afirmou que: “Nossa posição sobre a Ucrânia é bem conhecida.”

Ele explicou que a Rússia está aberta a negociações, desde que baseadas nos acordos celebrados em Istambul em 2022 e nas atuais condições no campo de batalha, levando em conta os avanços das forças russas, que intensificaram o ritmo desde o início da guerra em 2022.

Os termos para um acordo seriam que a Ucrânia não deve se unir à OTAN e que as quatro regiões atualmente sob controle das forças russas permaneçam com a Rússia. Peskov observou que Zelensky proibiu negociações com as lideranças russas por meio de decreto especial, o qual deveria ser extinto.

“As condições para uma cessação imediata das hostilidades foram estabelecidas pelo presidente Putin em seu discurso ao Ministério das Relações Exteriores da Rússia em junho deste ano. É importante lembrar que foi a Ucrânia que recusou e continua a recusar as negociações”, esclareceu Peskov.

O simples apelo de Trump por um cessar-fogo imediato na Ucrânia reflete a tendência de desarmonia de sua política com a postura agressiva de setores do imperialismo. Essa desarmonia agrava a crise política do regime de dominação imperialista pelo mundo.

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