Israel aproveitou a queda do governo Assad para ampliar sua ocupação nas Colinas do Golã. A desculpa é a mesma de sempre: a autodefesa.
Neste 8 de dezembro, o Estado sionista anuciou que enviou tropas e tanques porque teme que “homens armados entrem na região”. Dizendo que existem “vários pontos necessários para a defesa”.
Essa “zona tampão”, ou área de segurança, foi estabelecida no acordo de cessar-fogo entre Síria e Israel no final da guerra do Yom Kippur. Os sionistas disseram também que não interfere em eventos internos na Síria, e que permanecerão na região o tempo necessário. Afirmação cínica, pois os israelenses vinham realizando diversos bombardeios na Síria.
O ministro das Relações Exteriores de “Israel” Gideon Saar, escreveu em sua conta no X que o governo sionista “está preocupado com as violações do Acordo de Desengajamento de 1974 com a Síria, que também representam uma ameaça à sua segurança, e à segurança de seus cidadãos, particularmente na região das Colinas do Golã”. Saar apenas não mencionou que a ocupação das Colinas é ilegal.
Desde 2011, “Israel” bombardeou a Síria centenas de vezes como parte de uma guerra não declarada dos Estados Unidos contra o país. Com o início do conflito em Gaza, os sionistas ampliaram seus ataques contra os sírios, visando dificultar o apoio ao dado ao Hesbolá e à Resistência Islâmica.
Estado colonial
A propaganda de “necessidade de defesa” israelense já não convence, a máscara do sionismo caiu e mostrou sua face nazista durante a invasão do Líbano, quando ocupou o sul do país até ser expulso pela resistência.
Durante a guerra no Líbano, “Israel” participou dos massacres de Sabra e Chatila, tudo diante das câmeras de jornalistas do mundo inteiro. Aquele personagem de pequeno país democráticos rodeados de bárbaros árabes sanguinários deixou de convencer.
Controle frágil
A Resistência Libanesa mostrou que, apesar de suas claras intenções colonialistas, o controle dos sionistas sobre o Golã é muito frágil. O Hesbolá, bombardeou diversas instalações militares israelenses, destruiu bases, radares e equipamentos militares, além de ter atingido um grande número de soldados.
O Estado sionista estava encontrando enorme dificuldade de manter uma ofensiva por terra no sul libanês, o que o obrigou a aceitar um cessar-fogo com um gosto amargo de derrota. Ampliar sua presença no Golã, significa que terá que alocar ainda mais recursos para manter suas posições. Uma situação que futuramente pode trazer mais problemas pois os sionistas têm uma crise instalada para recrutar pessoal para suas forças armadas.
A imprensa sionista, como o Jerusalém Post, demonstrou um certo ceticismo com a queda do governo sírio, ainda que Telavive, especialmente Netaniahu, venha a público dizer que a saída de Assad é um resultado direto da campanha contra Hesbolá e o Irã.
Netaniahu não pode admitir que perdeu para o Hesbolá e que foi humilhado pelas retaliações iranianas. O Jerusalém Post defende que um governo Assad fraco era mais interessante que um governo deposto, pois o presidente sírio era conhecido, previsível, ao passo que não se sabe bem que o substituirá.
O jornal israelense destacou que as ações militares da Resistência Palestina em 7 de outubro, remodelou o Oriente Médio, e também que os efeitos sobre a região serão amplos e prolongados.
A preocupação do jornal sionista não é apenas ceticismo em meio uma espécie de euforia com a queda de Assad, mas a percepção de que existe uma grande transformação em curso no Oriente Médio. Existe outro fator: a imprensa israelense, apesar da grande censura e de estar impedida de noticiar a verdade sobre os fatos, conhece as deficiências das forças armadas sionistas, bem como de sua dependência completa da ajuda do imperialismo.
É certo que o Oriente Médio está em grande ebulição e que isso é resultado direto da operação Dilúvio de Al Aqsa. O imperialismo parece ter conseguido uma importante vitória na região, mas estamos no meio dos acontecimentos.
Resta saber como o Irã e a Rússia agirão nas atuais circunstâncias, não podemos nos esquecer que o imperialismo está com dificuldades de municiar a Ucrânia, Israel, e não será diferente se for aberto um novo fronte na Síria.