Neste domingo (8), o governo do presidente sírio Bashar al-Assad foi derrubado em um golpe de Estado que culminou na entrada do grupo mercenário Hay’at Tahrir al-Sham (HTS) em Damasco, marco do controle total da capital pelos mercenários. Defensor da causa palestina e do Eixo da Resistência, Assad deixou o País após negociações com diferentes facções armadas, conforme informou o Ministério das Relações Exteriores da Rússia. A queda do governo foi precedida por bombardeios promovidos por “Israel” contra alvos estratégicos na Síria, incluindo a base aérea de Khalkhala, ao sul, e áreas residenciais em Mazzeh, na capital. Veja o vídeo abaixo, feito por um cinegrafista amador.
Fontes confirmam que Assad partiu sob proteção russa, possivelmente rumo a Latakia, onde a Rússia mantém uma base aérea. A renúncia foi apresentada como parte de uma transição pacífica de poder, anunciada pelo primeiro-ministro sírio Mohammad Ghazi al-Jalali, que afirmou estar disposto a colaborar com qualquer liderança escolhida pelo povo. “Espero que todos os sírios pensem racionalmente sobre os interesses do seu país”, declarou Jalali em vídeo.
A ofensiva do HTS começou em novembro, a partir da província de Idlib, e rapidamente tomou cidades estratégicas como Hama, Homs, Dara’a e Suwayda, até alcançar Damasco. Liderado por Abu Mohammed al-Julani, ex-comandante da Al-Qaeda, o grupo declarou o controle total da capital e alertou a população a evitar instalações governamentais até que a transferência de poder seja formalizada. Segundo a imprensa israelense, o governo de “Israel” está em contato direto com o HTS, buscando limitar o avanço dos grupos armados nas proximidades das Colinas de Golã, território ocupado por “Israel”.
Além dos ataques aéreos promovidos por “Israel” em Damasco, logo após a queda do governo, tanques israelenses invadiram Khan Arnabeh, perto de Quneitra, enquanto escavadoras realizavam obras para expandir trincheiras na fronteira. A embaixada do Irã em Damasco também foi alvo de ataques, com militantes saqueando o local e destruindo símbolos do comandante iraniano Qassem Soleimani e do líder do Hesbolá, Hassan Nasseralá. O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Irã, Esmaeil Baghaei, condenou o ataque, enfatizando a obrigação de proteger instalações diplomáticas mesmo em tempos de conflito. Baghaei confirmou que a equipe da embaixada está segura e que o Irã permanece em contato com as partes envolvidas para evitar novos ataques.
A Rússia, principal aliada do governo nacionalista de Assad, colocou suas bases militares em estado de alerta máximo, embora afirme que não há ameaças iminentes. Em comunicado, o governo russo reiterou apoio a um processo político inclusivo na Síria, conforme estabelecido pela Resolução 2254 do Conselho de Segurança da ONU.
Nos Estados Unidos, o atual presidente Joe Biden e o presidente eleito Donald Trump, expressaram preocupação com os desdobramentos. Em comunicado, a Casa Branca (sede do governo norte-americano) expressou que “o presidente Biden e sua equipe estão monitorando de perto os eventos extraordinários na Síria e mantendo contato constante com parceiros regionais”. Segundo anúncio do porta-voz da Casa Branca no X, Biden deve se reunir com sua equipe de segurança nacional para receber informações atualizadas sobre a situação na Síria ainda hoje.
Trump, por sua vez, sugeriu que Vladimir Putin e a China intervenham para conter o conflito, enquanto Biden mantém contato com aliados na região. “Assad se foi. Ele fugiu de seu país. Seu protetor, Rússia, Rússia, Rússia, liderado por Vladimir Putin, não estava mais interessado em protegê-lo”, escreveu o republicano, acrescentando ainda: “a Rússia e o Irã estão em um estado enfraquecido agora, um por causa da Ucrânia e uma economia ruim, o outro por causa de Israel e seu sucesso na luta.”
Após a queda do governo nacionalista sírio, as forças sionistas capturaram a cadeia de montanhas de Jabal Al-Sheikh (Monte Hermon), tomando sua base principal a mais de 2.800 metros de altitude, após a retirada das forças do exército sírio. Segundo o canal do Telegram Resistance News Network, “fontes sionistas confirmam os planos de anexar partes estratégicas do território sírio, explorando o máximo possível o caos criado pela oposição, sob o pretexto de ‘proteção’ para expandir a zona-tampão”. A queda de Assad representa um duro golpe para o Eixo da Resistência, mas os desdobramentos mostram que o conflito na Síria está longe de terminar.