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Internacional

Lavrov: ‘dissuasão nuclear é um jogo perigoso’

O jornalista norte-americano Tucker Carlson entrevistou o chanceler russo Sergey Lavrov, que considerou escalada das provocações dos EUA "um convite ao desastre que não queremos"

 

Nesta semana, o jornalista conservador americano Tucker Carlson entrevistou com exclusividade o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov. No encontro, diversos tópicos internacionais foram abordados, entre eles as relações EUA-Rússia, os conflitos na Ucrânia e no Oriente Médio. A entrevista foi publicada no portal russso RT.

Guerra nuclear

O primeiro tópico levantado por Carlson foi se “os Estados Unidos e a Rússia estão em guerra um com o outro agora?”, ao que acrescentou que os EUA “estão financiando um conflito no qual você está envolvido” e “permitindo ataques à própria Rússia”.

A preocupação evidente com as centenas de milhares de vidas ameaçadas por essa modalidade de conflito foi destacada no debate. A resposta de Lavrov foi contundente, no sentido de que este não é o desejo do governo russo, que considera esse conflito uma “guerra híbrida”.

“Eu não diria isso. E, em todo caso, não é isso que queremos. Gostaríamos de ter relações normais com todos os nossos vizinhos, é claro, mas geralmente com todos os países, especialmente com um grande país como os Estados Unidos.” Resumindo: “Não queremos agravar a situação, mas, como os ATACMS e outras armas de longo alcance estão sendo usados contra a Rússia continental, por assim dizer, estamos enviando sinais.”

Pontuando que: “Alguns outros no STRATCOM, Thomas Buchanan é seu nome, representante do STRATCOM, disseram algo que permite uma eventual troca de ataques nucleares limitados.” E externando que: “Odiamos até mesmo pensar em guerra com os Estados Unidos, que teria caráter nuclear. Nossa doutrina militar diz que o mais importante é evitar uma guerra nuclear.”

Mensagem russa

Carlson questionou sobre o sistema de armas hipersônicas: “Que mensagem você estava enviando ao mostrá-lo ao mundo?”. Lavrov respondeu claramente que os russos estariam dispostos a usar quaisquer meios para defender sua independência e soberania.

“Bem, a mensagem é que vocês, quero dizer, os Estados Unidos, e os aliados dos Estados Unidos, que também fornecem essas armas de longo alcance ao regime de Quieve, devem entender que estaríamos prontos para usar qualquer meio para não permitir que eles tivessem sucesso no que chamam de derrota estratégica da Rússia.”

“Nós lutamos pelas pessoas que viveram nessas terras, cujos ancestrais realmente desenvolveram essas terras, construindo cidades, fábricas por séculos e séculos. Nos importamos com as pessoas, não com os recursos naturais que alguém nos Estados Unidos gostaria de manter, tratando os ucranianos apenas como servos sentados sobre esses recursos naturais.”

“Então, a mensagem que queríamos enviar ao testar em ação real esse sistema hipersônico é que estaremos prontos para fazer qualquer coisa para defender nossos interesses legítimos.”

Direito internacional

Ao ser questionado sobre o financiamento dos EUA ao regime ucraniano, Lavrov denunciou o caráter fascista do regime ucraniano e a hipocrisia daqueles que proclamam que o conflito deve ser resolvido com base na Carta da ONU, mas ignoram essa realidade.

Lavrov iniciou: “Não fomos nós que começamos a guerra. Putin disse repetidamente que iniciamos a operação militar especial para acabar com a guerra que o regime de Quieve estava conduzindo contra seu próprio povo em partes de Donbass.”

“Pegue qualquer conflito. Os Estados Unidos, o Reino Unido, Bruxelas, eles interfeririam, dizendo: ‘Oh, os direitos humanos foram grosseiramente violados. Devemos restaurar os direitos humanos em tal e tal território.’ Na Ucrânia, nunca, nunca eles mencionaram as palavras ‘direitos humanos’, vendo esses direitos humanos da população russa e de língua russa sendo totalmente exterminados por lei. Então, quando as pessoas dizem: ‘Vamos resolver o conflito com base na Carta’, sim. Mas não se esqueça de que a Carta não trata apenas de integridade territorial. E a integridade territorial deve ser respeitada apenas se os governos forem legítimos e respeitarem os direitos de seu próprio povo.”

Lavrov lembrou que o ex-embaixador ucraniano no Cazaquistão, Pyotr Vrublevsky, declarou em transmissão ao vivo: “Nossa principal tarefa é matar o máximo de russos que pudermos para que nossos filhos tenham menos coisas para fazer.”

Além disso, pontuou que antes do financiamento norte-americano, “Vladimir Zelensky não estava atuando na arena internacional, mas no seu clube de comédia, ou seja lá como for chamado. Ele estava (há vídeos daquele período) defendendo abertamente a língua russa. Ele estava dizendo: ‘O que há de errado com a língua russa? Eu falo russo. Os russos são nossos vizinhos. O russo é uma das nossas línguas.’”

OTAN nas fronteiras russas

Em certa altura, Carlson questionou: “Isso poderia, de alguma forma, sair do controle em um período muito curto e ninguém poderia impedir. Parece incrivelmente imprudente.” Lavrov respondeu: “Não começamos esta guerra. Há anos e anos enviamos avisos de que empurrar a OTAN cada vez mais perto de nossas fronteiras criaria um problema.”

Ressaltou que, desde 2007, Putin advertia sobre esse problema e suas possíveis implicações, mas o imperialismo ignorou, forçando o conflito. Em suas palavras: “E, claro, quando o golpe ocorreu, os americanos não esconderam que estavam por trás dele. Há uma conversa entre Victoria Nuland e o então embaixador americano em Quieve, quando eles discutem as personalidades a serem incluídas no novo governo após o golpe. O valor de US$5 bilhões gastos na Ucrânia após a independência foi mencionado como garantia de que tudo seria como os americanos querem.”

Ucrânia vs Palestina

Lavrov esclareceu que a Rússia “não tem nenhuma intenção de exterminar o povo ucraniano. Eles são irmãos e irmãs do povo russo.” Quando questionado sobre “quantos você acha que morreram até agora, de ambos os lados?”, Lavrov fez um comparativo da guerra na Ucrânia com o genocídio do povo palestino.

Ele questionou a dubiedade dos números oficiais de Quieve, com 80 mil pessoas mortas de um lado, e comparou com os números mais confiáveis de civis palestinos mortos, estimados em 45 mil. Destacou que a guerra na Ucrânia já dura uma década, enquanto a contagem de mortos na Palestina considera apenas o último ano. Essa desproporcionalidade no número de mortos ao longo dos anos seria devido ao cuidado cirúrgico das forças russas em suas ações.

A entrevista segue com um intenso desenvolvimento sobre temas internacionais e o progresso das relações entre os dois países, concluindo com Lavrov afirmando: “Foi o que eu disse, sim. Mas profissionais em dissuasão, na política de dissuasão nuclear, sabem muito bem que é um jogo muito perigoso. E falar sobre uma troca limitada de ataques nucleares é um convite ao desastre, o que não queremos.”

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