Anunciado pela equipe econômica do governo liderada por Fernando Haddad e Simone Tebet, o último pacote de medidas econômicas evidencia a política de transferência de recursos públicos destinados aos trabalhadores e à população mais carente para engordar os cofres dos especuladores financeiros e banqueiros, sejam eles nacionais ou internacionais.
O colapso da política neoliberal imperialista, amplamente aplicada em diversos países da América Latina, provocou uma profunda reviravolta na conjuntura internacional e nacional. Esse cenário assinala o esgotamento de planos econômicos que, ao estilo do Plano Real (Brasil) e do plano Cavallo (Argentina), financiaram o movimento econômico com base no capital especulativo e no crescimento descontrolado da dívida pública.
Esse processo de crise desmascara os mitos do “livre mercado” e da “estabilidade”, revelando que o destino de milhões de pessoas está sujeito ao arbítrio de um pequeno grupo de especuladores internacionais.
Nenhum dos problemas estruturais enfrentados há 25 anos foi resolvido. Apesar das privatizações e refinanciamentos, a dívida pública — que já foi paga inúmeras vezes — permanece em valores astronômicos. Com a atual taxa de juros imposta pelo Banco Central, uma das mais altas do mundo, a dívida só tende a aumentar. O capitalismo, incapaz de operar sem gerar crises cada vez mais intensas e profundas, demonstra sua natureza destrutiva.
Para garantir que o governo continue financiando uma minoria de capitalistas ricos, banqueiros, especuladores e parasitas de várias ordens, os trabalhadores e os setores mais vulneráveis da população estão novamente sendo convocados a sacrificar-se. O próximo período prevê cortes em benefícios como o Bolsa Família e o Benefício de Prestação Continuada, uma redução no já ínfimo aumento do salário mínimo e ataques às aposentadorias.
Atualmente, a iniciativa da equipe econômica do governo Lula de impor aos trabalhadores e à população carente o plano de “corte de gastos” apoia-se, em primeiro lugar, no ainda existente (embora declinante) prestígio eleitoral e, em segundo e decisivo lugar, no apoio do conjunto da esquerda institucional. A CUT (Central Única dos Trabalhadores), que congrega mais de 4 mil sindicatos, não apenas se abstém de organizar uma resistência significativa ao pacote como também evita esboçar qualquer reação frente a esse ataque. É importante ter claro que esse plano visa, primordialmente, satisfazer os interesses dos banqueiros e especuladores financeiros, que, mesmo após o anúncio do pacote de Haddad, demonstraram sua insatisfação ao pressionar o dólar para além da marca de 6 reais.
O desafio que se apresenta aos trabalhadores e suas organizações de luta é organizar uma reação enérgica contra essas medidas, repudiar o Plano Haddad/Simone Tebet e exigir sua revogação imediata. Tal luta não enfraquecerá o governo Lula; ao contrário, pode salvá-lo da desmoralização que, caso essas políticas sejam implementadas, fortalecerá inevitavelmente a extrema direita e os interesses imperialistas.