É gigantesca a pressão que o regime burguês está fazendo para que todas as pessoas e organizações apoiem as medidas de Alexandre de Moraes e do STF (Supremo Tribunal Federal), de tal sorte que mesmo a esquerda dita revolucionária não consegue fazer frente a esta campanha.
É o que se vê, por exemplo, em texto publicado pelo sítio Esquerda Diário, que afirma que o plano mequetrefe de golpe de Estado “revelado” pela Polícia Federal “escancara o golpismo entranhado entre os militares”, e “vem à tona em meio a preparativos de ataques e ajustes pela Frente Ampla”.
Diante disso, o texto afirma que “é urgente a entrada em cena da classe trabalhadora como sujeito político para enfrentar todo legado de retirada de direitos e mais autoritarismo da extrema direita e também os ataques de todas as frações do regime que estão em curso”.
Após narrar os acontecimentos, o texto do Esquerda Diário deixa claro duas questões fundamentais do problema. Uma é confiar no que faz ou deixa de fazer a Polícia Federal; outra é defender, mesmo que timidamente, as ações abertamente anti-democráticas do STF e o Sr. Alexandre de Moraes.
Oras, se há um autoritarismo em marcha, ele é vindo especialmente da PF e do STF, que, desde o golpe contra Dilma Rousseff, se tornaram organizações “independentes”, ou seja, atuam conforme pressão externa, porque não dizer, internacional.
O texto afirma, ainda, que “diante de tamanho escândalo, os trabalhadores não podem confiar que Alexandre de Moraes ou outros juízes poderão combater o golpismo de alas militares, que agora ficou escancarado como nunca. O autoritarismo judiciário é outra ala do regime político degradado do País, uma ala que tem seu próprio projeto para o país, estando neste momento aliado à Frente Ampla e opostos ao bolsonarismo e golpismo militar como parte de legitimar seu próprio poder”.
Não se trata de “confiar” em Alexandre de Moraes. É preciso de uma denúncia dura contra o que ministro tem feito à frente do STF, com uma série de inquéritos sigilosos e outros que a vítima, o acusador e o juiz é ele próprio.
Obviamente, esse autoritarismo não é uma especialidade de “Xandão”, mas são recursos disponíveis na corte, de conjunto. Dessa forma, é preciso apresentar um programa que proponha o fim do STF tal qual o conhecemos; com eleições regulares para todos os ministros e juízes do judiciário de conjunto; mandato revogável, etc.
O texto, contemporizando com o STF, afirma que “esse mesmo STF há poucos dias atrás promoveu um imenso ataque aos direitos do funcionalismo público, deixando claro como ao mesmo tempo que se volta contra alas do bolsonarismo duro também coloca suas armas contra os trabalhadores”.
Se por um lado é uma posição que contemporiza com o STF, por outro, entrega de bandeja toda confiança para a Polícia Federal. Ou seja, as “investigações” levadas adiante pela PF, sim, devem ser levadas a sério e são confiáveis.
Em um momento de crise com a Polícia Militar, especialmente a de São Paulo, apresentar uma posição que credita à PF uma seriedade é totalmente escandaloso para uma organização de esquerda. É de conhecimento comum de que a PF é uma organização controlada por forças internacionais, como a CIA, e seus métodos não diferem nem um pouco dos métodos da PM.
A única diferença está em que a PF não atua nas ruas, não é ostensiva, como a PM. Se trocar os postos, o resultado é o mesmo.
O texto deixa ainda um leve chamado ao “fora Lula”, que se expressa em palavras e frases combativas, tal qual as que foram registradas em 2016, quando Dilma foi derrubada pela direita, com a ajuda da esquerda e o “fora todos”. É uma política desastrosa e uma aventura oportunista apresentar de maneira envergonhada o “fora Lula”, mas serve como termômetro da esquerda pequeno-burguesa brasileira.
“É necessário romper a paralisia imposta pelas grandes centrais sindicais que se submetem à política do governo, pois essa é a única forma de efetivamente derrotar as distintas alas deste regime degradado, que é fruto do golpe institucional de 2016, e que segue presente nas reformas e em cada um dos absurdos golpistas que agora tomam conta da cena política no país”. Ou seja, as forças da esquerda pequeno-burguesa já estão prontas, de novo, para o golpe.
Esse tipo de organização não entende que Lula não é igual a Bolsonaro ou qualquer outro homem da direita tradicional. Há espaço para pressionar e empurrar o governo para a esquerda, e, assim, abrir caminho para a luta dos trabalhadores, expulsando do governo seus elementos direitistas.
Ao contrário do que essa esquerda pensa, o “fora Lula” envergonhado, a defesa do anti-democrático STF e das medidas fascistas da Polícia Federal é base de um programa que favorece, inevitavelmente, o golpe de Estado e a direita.
