O imperialismo costuma se apresentar como o grande defensor da tal “democracia”, fiscalizando os processos eleitorais mundo afora, sempre que isso é conveniente. Vimos recentemente a campanha contra a vitória eleitoral de Nicolás Maduro na Venezuela ao mesmo tempo em que Vladimir Zelensky na Ucrânia simplesmente ignorou o fim do mandato e seguiu governando.
Agora, a ditadura mundial joga suas fichas contra o resultado eleitoral para o parlamento onde governo pró-imperialista da presidente, a francesa Salome Zourabichvili saiu derrotado na Geórgia. Mesmo sob pressão, o tribunal superior da Geórgia rejeitou os pedidos de anulação das eleições ocorridas em 26 de outubro.
O sítio libanês Al Mayadeen noticiou que na última terça-feira, o tribunal não acatou as queixas apresentadas pela presidente e por grupos de oposição por sete votos a dois, conforme comunicado do órgão: “o Tribunal Constitucional da Geórgia não aceitou as ações judiciais da presidente e dos partidos políticos sobre o reconhecimento das eleições de 26 de outubro como inconstitucionais”.
Assim como na Venezuela, a oposição georgiana não apresenta qualquer prova material, mas alega fraude e rejeita os resultados eleitorais, o que serve de mote para as violentas manifestações pró-imperialistas. A francesa Zourabichvili vai contra a constituição do país, que exige que ela reconheça a aproximação das eleições presidenciais em 14 de dezembro. Zourabichvilli se recusa a deixar o cargo no final do ano:
“Não há um parlamento legítimo que eleja um novo presidente. Meu mandato continua até que haja um parlamento legitimamente eleito que eleja legitimamente um presidente que me substitua”.
A rede russa RT repercutiu o ataque sofrido por um jornalista da emissora de televisão pública da Geórgia, a Radiodifusão Pública Georgiana. Um disparo de fogos de artifício feito com uma espécie de “bazuca” improvisada atingiram o operador de câmera Beso Gaprindashvili, que sofreu ferimento no braço.
Um manifestante pró-União Europeia foi registrado com o aparato atirando em direção da polícia, seguindo um modelo já visto em outros países. O caso mais próximo sendo a própria Ucrânia, onde o mote das violentas manifestações que levaram a extrema-direita ao poder foi a questão da integração à União Europeia e consequente afastamento da Rússia.
O estopim para as manifestações na Geórgia foi o anúncio da suspensão das negociações de adesão à União Europeia feito pelo primeiro-ministro Irakli Kobakhidze. Ele ainda denunciou que o imperialismo tentava orquestrar um golpe ao estilo Euromaidan, ocorrido na Ucrânia em 2014.
O secretário executivo do partido Sonho Georgiano, Mamuka Mdinaradze, acusou que até um terço das pessoas identificadas nos protestos na capital da Geórgia eram estrangeiros: “O que está acontecendo? Alguém tem que explicar essa estranheza. Por que esses cidadãos estrangeiros estão tão chateados depois da nossa decisão?”.
Esse grande envolvimento de estrangeiros é algo que também foi observado em larga escala na Ucrânia, com o recrutamento de uma multidão de mercenários. Na Ucrânia, o golpe derrubou o presidente eleito. Pois eleição boa é eleição que coloca uma marionete do imperialismo no poder. Caso contrário, foi fraudada, mesmo que seja referendada pelas instituições do país.
Matéria publicada pela RT na quarta-feira dá conta de que mais de 110 policiais já teriam sido feridos nos protestos na capital Tbilisi. Os manifestantes se utilizam de coquetéis molotov e fogos de artifício nos embates contra as forças policiais. Mdinaradze culpou diretamente os “políticos da UE e seus agentes” pelo que caracterizou como um “ataque à ordem constitucional”.