Desde o início da Operação Dilúvio de Al-Aqsa, os líderes do Eixo da Resistência, incluindo as lideranças palestinas, têm enfatizado repetidamente o papel importante da Síria no apoio à resistência palestina. O país, que faz fronteira com a Palestina Ocupada, com a Turquia, com o Líbano, com o Iraque e com a Jordânia, cumpre um papel decisivo no apoio político, logístico e militar na luta contra o sionismo, facilitando o fluxo de armas e recursos para o Hamas, a Jiade Islâmica e o Hesbolá.
Os eventos que estão se desenrolando atualmente na Síria, que coincidiram com o anúncio de um cessar-fogo no Líbano, após os militares israelenses enfrentaram uma derrota vergonhosa, provam novamente que o país continua sendo um ponto de apoio chave na desestabilização da ocupação sionista. Não por acaso, a invasão das cidades sírias de Alepo e Idlib foi apoiada financeira e militarmente pelo regime de Telavive, juntamente com o imperialismo.
As declarações das lideranças do Eixo da Resistência possibilitam refutar as intrigas implantadas pelo imperialismo contra a Síria, que acusam o governo de al-Assad de não oferecer assistência aos esforços da Resistência Palestina. As declarações, antes e depois de 7 de outubro, refletem a natureza inabalável desta aliança, destacando a necessidade de solidariedade e cooperação contínuas entre os membros do Eixo da Resistência.
O mártir Iahia Sinuar, assassinado por “Israel”, reconheceu, em discurso no 14 de abril de 2023, por ocasião do Dia Internacional de Quds (Jerusalém, em árabe), o papel crucial do Irã, do Hesbolá e da Síria na construção e no apoio ao movimento de resistência palestino. Sinuar, que na época era líder do Hamas em Gaza, enfatizou a unidade e a solidariedade entre várias organizações dentro do Eixo da Resistência, que se opõem à ocupação israelense e à ingerência imperialista. Ele descreveu a Síria como “uma das praças dos principais pilares e exércitos no Levante”.
Representante do Hamas no Líbano e membro proeminente do birô político do movimento de resistência, Osama Hamdan também destacou os sentimentos do líder martirizado do Hamas. Em uma entrevista televisionada, Hamdan disse que o apoio da Síria ao povo palestino é “inequívoco”, descartando especulações sobre o estado do relacionamento entre os dois lados.
De acordo com Hamdan, esse apoio “se estende aos domínios políticos e da imprensa”, enfatizando o compromisso multifacetado do país árabe com a causa palestina. Ele acrescentou que os mercenários que vêm atuando na Síria desde 2011 e as sanções imperialistas contra o país árabe afetaram “compreensivelmente” a capacidade do governo liderado por Assad de “desempenhar seu papel” no apoio à causa palestina.
Hamdan também destacou que, desde o início da Operação Dilúvio de Al-Aqsa, foram abertos canais diretos de comunicação entre o Hamas e a Síria. Segundo ele, essa interação esclareceu a posição real de Damasco e os esforços persistentes para reforçar a resistência palestina, apesar das capacidades diminuídas da Síria.
A boa relação entre o Hamas e Assad é algo recente. Em 2012, após os mercenários da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) iniciarem sua operação de desestabilização do governo sírio, o Hamas se alinhou a alguns países árabes que se opunham ao governo de sírio, citando razões ideológicas. Naquele ano, os líderes do Hamas partiram de Damasco e os laços entre os dois lados foram rompidos.
Nos anos seguintes, no entanto, o Irã e o Hesbolá desempenharam um papel fundamental na redução da distância entre o Hamas e a Síria. Seus esforços finalmente renderam frutos depois que os ‘rebeldes’ da OTAN foram expulsos e muitos dos países árabes que faziam parte da aliança anti-Síria abriram mão do conflito. A mediação do líder da Força Quds da Guarda Revolucionária do Irã, General Qassem Soleimani, e do líder do Hesbolá, Sayyed Hassan Nasseralá, cumpriu um importante papel na reaproximação do Hamas.
Em setembro de 2022, o Hamas declarou sua intenção de restabelecer oficialmente os laços com o governo de Assad em Damasco, quase uma década após romper relações. Em uma declaração na época, o Hamas disse que estava em dívida com Damasco, que havia “abraçado” o povo palestino e a Resistência por décadas.
O Hamas disse que continua a “construir e desenvolver relações sólidas” com a Síria “a serviço de nossa nação e suas causas justas, com a causa palestina em seu cerne, especialmente à luz dos desenvolvimentos regionais e internacionais acelerados que cercam nossa causa e nossa nação”. Os esforços culminaram na visita histórica da direção do Hamas a Damasco em outubro de 2022.