Na sexta-feira (29), uma explosão ocorreu na cidade de Zubin Potok, no distrito de Mitrovica, Cossovo. A explosão danificou o canal de Ibar-Lepenac que fornece água potável a Mitrovica do Norte, onde predomina a população sérvia, e a Mitrovica do Sul, onde se concentra a população albanesa. Conforme noticiado por órgão de imprensa local, logo após a explosão, a água começou a fluir incontrolavelmente do canal, através do qual também são refrigeradas centrais térmicas Obilić A e B.
Aljbin Kurti, primeiro-ministro das instituições temporárias de Pristina (isto é, do Cossovo, enclave imperialista no sudoeste da Sérvia), acusou sem provas que a explosão foi um atentado realizado pela Sérvia, acusação esta que também foi reverberada por seu ministro da Polícia, Dželjalj Svečlja.
Respondendo à acusação caluniosa, o presidente da Sérvia, Aleksandar Vučić, negou qualquer envolvimento da Sérvia no suposto atentado, afirmando que “Tais alegações infundadas visam prejudicar a reputação da Sérvia, bem como minar os esforços para promover a paz e a estabilidade na região”, acrescentando que “quando as acusações são feitas tão rapidamente e sem fundamento, são levantadas questões legítimas sobre os motivos por trás destas declarações”, levantando, implicitamente, suspeitas de que um atentado de falsa bandeira tenha sido realizado pelo Cossovo para culpar a Sérvia: “São aqueles que precipitadamente apontando o dedo sem provas, tentando desviar a atenção do seu próprio conhecimento ou potencial envolvimento no incidente”.
A União Europeia, bloco liderado pelo imperialismo europeu, declarou que o atentado foi um “ato repugnante de sabotagem à infraestrutura civil crítica do Cossovo”, clamando por investigação e responsabilização de seus autores. Na declaração, a UE “transmitiu mensagens de solidariedade e apoio diretamente ao primeiro-ministro Aljbin Kurti”. Contudo, Viktor Orbán, primeiro-ministro da Hungria, país que ocupa a presidência do Conselho da União Europeia neste ano de 2024, se pronunciou, em sua conta do X, de forma diferente. Ao mesmo tempo que condenou o atentado, também condenou de forma discreta as acusações falsas contra a Sérvia:
“Condenamos o ataque contra a infraestrutura crítica do Cossovo em Zubin Potok. Em vez de acusações tendenciosas, apelamos a uma investigação imparcial e abrangente. A contenção é imperativa para evitar uma nova escalada na região”.
Sobre investigações em relação ao atentado, o presidente da Sérvia apelou “aos parceiros internacionais para que ajudem a descobrir a verdade e a garantir que os responsáveis sejam levados à justiça”, destacando que “além de apoiar os esforços de investigação, a Sérvia está pronta a fornecer assistência técnica, financeira e logística para mitigar as consequências deste ataque”. Aleksandar Vučić frisou ainda que “a nossa oferta inclui experiência em reabilitação de canais, apoio financeiro para restauração e fornecimento suplementar de eletricidade nas áreas afetadas, a fim de garantir que a vida dos cidadãos não seja ameaçada”.
Falando especificamente sobre a acusação do primeiro-ministro do Cossovo, o presidente da Sérvia declarou que por trás delas estão as seguintes razões: 1) justificar o envio das Forças de Segurança do Cossovo para o norte do Cossovo, o que é ilegal segundo a Resolução 1244 da ONU; 2) Interromper o crescimento econômico da Sérvia e o seu processo de adesão à União Europeia; 3) Rotular a Lista Sérvia — o principal partido político sérvio no Cossovo — como uma organização terrorista, proibindo-a assim de participar das eleições; 4) Aumentar os índices de aprovação do Primeiro-Ministro do Cossovo, Albin Kurti, que vêm a cair constantemente; 5) Continuar a segmentar e perseguir a comunidade sérvia no norte do Cossovo.
O Cossovo é um enclave imperialista nos Balcãs, tendo adquirido essa condição de fato no final do século XX, quando da Guerra do Cossovo, parte das Guerras Iugoslavas, guerras impulsionadas pelo imperialismo que resultaram no desmembramento do Estado Operário da Iugoslávia. Localizado no sudoeste da Sérvia, é utilizado para evitar a reunificação das nacionalidades nos Balcãs e facilitar a dominação imperialista sobre a região.
No decorrer do último ano, provocações do Cossovo contra a Sérvia e contra os sérvios no norte do enclave vêm aumentando progressivamente. Não coincidentemente, o aumento das provocações ocorre na medida em que a crise do imperialismo europeu em decorrência da Guerra na Ucrânia se aprofunda e que, no caso particular da Sérvia, Aleksandar Vučić, seu presidente, vem se aproximando da Rússia e de Vladimir Putin.
Vale relembrar que, há não muito tempo, no final de 2023, uma tentativa de golpe de Estado, sob a forma de revolução colorida, na Sérvia, tentativa esta que foi derrotada com auxílio da inteligência russa. Em 2024, protestos ocorreram em razão da exploração de lítio pelo Estado sérvio. Embora não tenha chegado a se desenvolver, estes acontecimentos, somados às provocações do Cossovo contra os sérvios e a Sérvia, apontam para que a ofensiva golpista mundial do imperialismo pode recair nos Balcãs em futuro próximo.