De acordo com a emissora libanesa Al Mayadeen, o primeiro-ministro israelense Benjamin Netaniahu, criminoso de guerra condenado pelo Tribunal Penal Internacional (TPI), anunciou que irá aceitar um acordo de cessar-fogo com o Líbano. Em um vídeo gravado, Netaniahu afirmou que, “com o pleno entendimento com os EUA, estamos mantendo total liberdade de ação” contra o Hesbolá no Líbano. Ele afirmou ainda que, “se o Hesbolá violar o acordo e tentar rearmar-se, atacaremos”.
Netaniahu apresentou três razões para concordar com o cessar-fogo neste momento. Primeiro, ele indicou que a trégua permitiria a “Israel” “focar na ameaça iraniana”. Em segundo lugar, afirmou que seria necessário fornecer descanso para as tropas e reabastecer os suprimentos de armas, admitindo que “houve atrasos, e grandes atrasos, nas remessas de armas”, sem se referir diretamente ao governo Biden. A terceira razão seria a tentativa de isolar o Hamas, o que permitiria a “Israel” recuperar os prisioneiros mantidos em Gaza.
O acordo estaria programado para entrar em vigor na quarta-feira (27), às 10h, conforme relatado pela emissora israelense Canal 12.
A imprensa israelense divulgou detalhes do acordo, afirmando que ele inclui um compromisso de que “Israel” não realizará nenhuma ação militar contra o Líbano e retirará gradualmente suas forças ao sul da “Linha Azul” no Líbano ao longo de um período de até 60 dias.
Ao que tudo indica, o acordo de cessar-fogo foi firmado entre o Estado de “Israel” e o governo do Líbano, e não entre os sionistas e o Hesbolá. O primeiro-ministro interino do país, Najib Mikati, anunciou que recebeu um telefonema do presidente dos EUA, Joe Biden, no qual expressou a sua aprovação à decisão de implementar um cessar-fogo.
Mikati, que não é um aliado do Hesbolá, observou em um comunicado que foi informado sobre o acordo, que descreve um roteiro para o cessar-fogo começar ainda hoje. Ele ainda teria reafirmado o compromisso do governo na implementação da Resolução 1701, no reforço da presença do exército libanês no sul e na cooperação com a Força Interina das Nações Unidas no Líbano (UNIFIL). O premiê também apelou à “comunidade internacional” para que assumam as suas responsabilidades a este respeito e instou “Israel” a cumprir integralmente a decisão de cessar-fogo, a retirar-se de todas as áreas ocupadas e a aderir completamente à Resolução 1701.
Por outro lado, o vice-chefe do Conselho Político do Hesbolá, Mahmoud Qamati, comentou sobre o cessar-fogo, demonstrando que a resistência está desconfiada das verdadeiras intenções por detrás do acordo:
“Duvidamos do compromisso de Netaniahu, que nos habituou ao engano, e não permitiremos que ele faça uma armadilha através do acordo. Devemos examinar minuciosamente os pontos com os quais Netaniahu concordou antes que o governo assine amanhã.”
Ao mesmo tempo, pouco antes do cessar-fogo supostamente entrar em vigor, às 23h, horário de Brasília (4h no Líbano), “Israel” intensificou seus ataques contra a população libanesa, assassinando mais algumas dezenas de civis. Somente em Becá, mais de 50 pessoas foram assassinadas em decorrência dos bombardeios do exército sionista.
Mesmo que tente pintar o acordo como algo positivo, Netaniahu não consegue esconder que o cessar-fogo é uma grande vitória do Hesbolá e de todo o Eixo da Resistência. Nos últimos dias, o Hesbolá intensificou as suas operações contra “Israel”, infligindo grandes derrotas. Em um único dia, mais de 300 mísseis e drones foram disparados. Órgãos israelenses, como o jornal Haaretz, vêm expondo as grandes perdas militares de “Israel”. Outros veículos estimam que quatro milhões de pessoas já deixaram “Israel” após os ataques do Hesbolá.
Para tentar, em vão, esconder a sua desmoralização, “Israel” realizou uma grande operação criminosa às vésperas do acordo de cessar-fogo. O exército de ocupação israelense lançou, nesta terça-feira (26), uma série de ataques aéreos intensos e pesados em todo o Líbano, especialmente na capital libanesa, Beirute, e no Subúrbio Sul, enquanto o gabinete israelense discutia uma proposta de cessar-fogo para encerrar a guerra.
A Agência Nacional de Notícias do Líbano (NNA) informou que, sem aviso prévio, três ataques aéreos israelenses atingiram o bairro de Noueiri, no centro de Beirute, destruindo um edifício de quatro andares que abrigava pessoas expulsas de suas terras. De acordo com o Ministério da Saúde libanês, o ataque assassinou 10 pessoas e feriu pelo menos 35 outras.
Mais tarde, o ministério informou que os ataques aéreos israelenses em Beirute assassinaram pelo menos 10 pessoas em uma contagem preliminar. Os ataques incessantes lembram os últimos dias da guerra israelense de 2006 contra o Líbano, quando os aviões de guerra israelenses lançaram mais de 20 ataques aéreos no Subúrbio Sul de Beirute poucas horas antes do cessar-fogo entrar em vigor.