Em meio a confrontos que já duram seis dias, o Hesbolá segue frustrando as tentativas israelenses de capturar Khiam, uma cidade estratégica no sul do Líbano. A resistência vem infligindo grandes perdas à 210ª Divisão das forças israelenses.
Apesar dos constantes ataques aéreos, bombardeios de artilharia e investidas terrestres desde o início da Operação *Dilúvio de Al-Aqsa*, o Hesbolá tem mantido sua posição em Khiam. Essa já é a segunda ofensiva israelense contra a cidade, sem sucesso até o momento.
Na manhã de sábado (23), confrontos intensos foram registrados a oeste da cidade, com explosões e tiroteios pesados ecoando pela região. Durante a madrugada, combatentes da resistência utilizaram enxames de drones e salvas de foguetes para atingir tropas israelenses reunidas na área.
Relatórios de campo indicam que os ataques do Hesbolá desestabilizaram as estruturas de comando das forças israelenses, resultando em vários feridos e na retirada de unidades para al-Omra, ao sul de Khiam. Segundo a emissora libanesa Al Mayadeen, outras forças israelenses foram vistas recuando para o leste, em direção a Wadi al-Khiam, próximo à fronteira.
Na sexta-feira (22), o Hesbolá relatou oito ataques contra tropas israelenses a leste de Khiam, utilizando drones e foguetes. Ao sul, o movimento destruiu um tanque Merkava nas proximidades do antigo centro de detenção de Khiam, causando baixas na tripulação. Este ataque elevou para 51 o número de tanques Merkava destruídos desde o início da invasão, em 17 de setembro.
Em resposta, a Força Aérea Israelense bombardeou a estrada al-Khardali, que liga Marjaayoun a Nabatieh, depois de sua reabertura temporária pelas forças de paz da ONU (UNIFIL) e pelo Exército Libanês.
Tentativas israelenses de contornar Khiam, avançando para Ibl al-Saqi e áreas adjacentes, foram interrompidas pela resistência. No setor leste, tropas avançando de Tal Nahas, próximo a Kfar Kila, em direção a Deir Mimas, enfrentaram três ataques de foguetes e bombardeios de artilharia. Já no setor oeste, confrontos intensos ocorreram em Chama, al-Jebbayn e Yarin, com a destruição de outro tanque Merkava perto de al-Qalaa.
Durante a noite, forças israelenses tentaram capturar al-Jebbayn, mas enfrentaram forte resistência, resultando em mais baixas e na destruição de um tanque.
O Hesbolá também ampliou suas operações para o norte da Palestina ocupada, com 10 ataques no sábado. As ofensivas miraram três bases militares: Shraga, perto de Akka; o posto de alerta antecipado em Jabal al-Sheikh (Monte Hermon); e a base Habbousheet, no mesmo monte. Além disso, alvos militares em Sa’sa’, al-Malkiyyah, al-Manara, Zar’it e Shomera, assim como Ramot Naftali, também foram atingidos.
Operações estratégicas incluíram ataques em Haifa, com alvos na Base Técnica da Força Aérea Israelense e na Base Naval Stella Maris. Safad também foi bombardeada.
Apesar do envio de mais de 50 mil soldados ao sul do Líbano, uma reportagem israelense destacou o fracasso militar em capturar sequer uma vila na região. Segundo o jornal israelense Yedioth Ahronoth, mesmo com cinco divisões — três vezes mais tropas que na guerra de 2006 — “Israel” não conseguiu consolidar nenhuma posição.
O coronel Jack Neriya, ex-assessor do primeiro-ministro Yitzhak Rabin, admitiu que o Hesbolá tem atraído tropas israelenses para emboscadas cuidadosamente planejadas, criando dificuldades até mesmo para as unidades de elite Golani. Neriya enfatizou que essa abordagem pode resultar em mais baixas israelenses do que em qualquer conflito desde os anos 1940.