Na edição mais recente da Análise Política da Semana, Rui Costa Pimenta, presidente nacional do Partido da Causa Operária (PCO), analisou diversos temas centrais da conjuntura nacional e internacional, com foco na intensificação da repressão no Brasil e no genocídio palestino. O programa, transmitido pela COTV, abordou questões como a censura, a submissão do Brasil ao imperialismo e os desafios enfrentados pela esquerda.
Rui Costa Pimenta iniciou abordando a recente detenção de Thiago Ávila, ativista em defesa da Palestina, ao retornar de uma viagem ao Líbano. Para o presidente do PCO, o episódio simboliza a crescente submissão da Polícia Federal brasileira ao Mossad, serviço de inteligência sionista. “É um escândalo completo. Hoje, a Polícia Federal atua como uma extensão do Mossad no Brasil. Qual é a acusação contra Thiago Ávila? Ele foi ao Líbano? Isso não é crime”, afirmou.
Pimenta também destacou a condenação de Lucas Passos, um militante acusado de ligações com o Hesbolá. Ele descreveu as acusações como “fabricadas” e criticou o processo judicial: “Estão usando pesquisas na internet como provas de terrorismo. Qualquer pessoa que pesquisar sobre cultura judaica agora é considerada uma ameaça? Isso é uma loucura completa”.
O presidente do PCO alertou para a escalada autoritária, apontando que essas ações configuram um ataque direto às liberdades democráticas no Brasil: “Essa perseguição não tem nada a ver com segurança. É uma ferramenta política para intimidar quem se posiciona contra o imperialismo e o sionismo”.
Outro destaque foi a sabotagem ao ato em defesa da Palestina, convocado pelo PCO durante o encontro do G20 no Rio de Janeiro. Pimenta relatou as dificuldades enfrentadas pela organização do evento, incluindo o bloqueio de transporte público, a proibição do uso de equipamentos de som e a presença ostensiva da polícia. “Nunca vi nada parecido, nem mesmo nos governos mais reacionários. Fecharam estações de metrô, barraram ônibus, proibiram palanques e até megafones. Era óbvio que a intenção era impedir o ato”, denunciou.
Ele também criticou a decretação da garantia de lei e ordem (GLO) pelo governo Lula. “A GLO foi usada para proteger genocidas como Joe Biden e Benjamin Netaniahu, enquanto a manifestação popular foi sabotada. Isso é uma grave violação dos direitos democráticos garantidos pela Constituição brasileira”, afirmou Pimenta.
Pimenta dedicou um segmento significativo do programa à luta palestina, resgatando a memória de Sheikh Izz ad-Din al-Qassam, figura histórica na resistência ao domínio britânico. Ele explicou como a repressão britânica à revolução palestina dos anos 1930 abriu caminho para a colonização sionista. “O imperialismo britânico destruiu as lideranças palestinas, exilou milhares e facilitou a ocupação sionista. Essa é a raiz do problema que vemos hoje”, disse.
Ao comentar o genocídio em curso na Palestina, Pimenta criticou a postura do governo brasileiro: “O próprio Lula reconheceu que é um genocídio, mas recuou frente às pressões sionistas. É lamentável que o Brasil esteja se alinhando aos interesses imperialistas em vez de defender o povo palestino”.
Outro tema abordado foi a atuação do Supremo Tribunal Federal (STF) em processos envolvendo bolsonaristas. Pimenta criticou a condução de investigações em que Alexandre de Moraes atua simultaneamente como vítima e juiz. “Isso não tem precedentes. Onde já se viu a vítima conduzir o julgamento? É um tribunal de exceção, uma farsa completa”, afirmou.
Ele também apontou que as acusações contra o bolsonarismo carecem de fundamento sólido. “Eles estão sendo processados por planejar um golpe de estado. Mas onde está o golpe? Isso é crime intelectual, punir as pessoas por cogitar algo. É uma aberração jurídica”.
Pimenta criticou a postura da esquerda diante da repressão e do imperialismo, afirmando que grande parte das organizações evita confrontar os responsáveis pelo genocídio palestino para preservar alianças políticas. “A esquerda pequeno-burguesa prefere proteger suas alianças com democracias imperialistas do que lutar contra o genocídio. Isso ficou evidente na tentativa de esvaziar o ato do dia 18”.
Ele também denunciou a manipulação das mobilizações por parte de setores da esquerda. “Convocaram uma marcha ambiental no dia 16, dizendo que era pela Palestina, só para sabotar o ato do dia 18. Isso não é solidariedade. É uma tentativa de encobrir sua própria inação”.