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Antônio Carlos Silva

Professor de Matemática. Fundador do PCO, integra a sua Executiva Nacional. Atuou na fundação do Coletivo de Negros João Cândido. Liderou a criação e coordenação dos Comitês de Luta contra o golpe e pela liberdade de Lula. Secretário Sindical Nacional do PCO, coordena a Corrente Sindical Nacional Causa Operária, da CUT.

Coluna

Combater ou ‘limpar a ficha’ dos genocidas?

As importantes lições dos acontecimentos do Rio de Janeiro

Os importantes acontecimentos da última semana, evidenciaram distintas perspectivas diante da acelerada evolução da crise política.

Destaque para a 19ª Cúpula do G20 e do seu entorno, na qual duas políticas opostas para a luta dos povos oprimidos se expressaram com muita clareza.

A direitista imprensa capitalista, boa parte da esquerda parlamentar e até tradicionais setores da direita golpista procuraram exaltar os “resultados” do encontro e a “unidade” que teria se alcançado em torno do combate à fome entre os países oprimidos pelo imperialismo liderados pelo Brasil e os países ricos, do G7, maiores responsáveis pela fome de bilhões, pelas guerras, golpes, devastação ambiental e todo tipo de destruição que se abate sobre o planeta. 

Ainda entre a esquerda, aqueles que não estavam se regozijando diante da “grande vitória diplomática do presidente Lula”, paparicado pelas “maiores lideranças do mundo”, afirmaram que a declaração final do evento foi, em grande medida, inócua. Citam, para afirmar isso, o fato de que a resolução da cúpula sequer cita o genocídio em Gaza e a guerra da Ucrânia. Pior do que isso, no mesmo momento em que o presidente dos EUA assinava pela “Aliança” dava ordens de que mísseis norte-americanos fosse disparados contra a Rússia e vetava na ONU resolução que propunha o cessar fogo em Gaza.

Muito mais do que  inócua, portanto, a resolução do G20 tem um caráter extremamente negativo para o mundo inteiro, servindo para esconder que os ataques do imperialismo contra os povos oprimidos estão se intensificando; que não vai haver qualquer iniciativa real para combater a forme e salvar vidas, mas pelo contrário:  para defender seus interesses, o imperialismo pretende ampliar a matança, a destruição, a fome e a miséria.

O principal ponto da declaração, a chamada “aliança global contra a fome” é de fato uma propaganda evidente em prol de criminosos como Joe Biden, Emmanuel Macron, Olaf Scholz e outros. Decerto que é importante combater a fome. Mas como fazê-lo ao lado de genocidas como estes? De monstros que são os responsáveis por essa miséria?

A declaração também fala da “paz mundial”. Novamente, como levar a sério um documento sobre a paz que é assinado pelos criminosos responsáveis pelas guerras que ocorrem em todo o mundo? Biden, chegando ao final de seu mandato, acaba de permitir que a Ucrânia utilize armas de longo alcance contra a Rússia. Seria essa a paz almejada pelo G20?

Nessas condições, a assinatura desses genocidas na declaração ou em qualquer outro documento de caráter progressista e humanitário serve apenas como uma cortina de fumaça, ou seja,  tem o carro  objetivo de limpar a ficha dos genocidas  do G7 que estavam na cúpula.

Não há nada a comemorar. A visita destes criminosos ao Brasil não foi uma vitória nem para o governo, nem para o povo.

Se Lula é “elogiado” por genocidas, se é paparicado pelos maiores criminosos do mundo, é porque está sendo usado por eles para encobrir seus crimes diante dos povos do mundo inteiro. O presidente brasileiro é uma boa cobertura para estes sanguinários, que podem dizer aos povos oprimidos: “veja, o grande democrata, o grande aliado dos trabalhadores é, também, meu aliado! Confiem em mim”.

Isso quando os governos desses senhores da guerra e da fome sofrem enorme repúdio popular, inclusive nos seus próprios países, sendo – todos eles – derrotados ou a caminho de fragorosas derrotas eleitorais diante da rejeição popular, por oprimirem os povos oprimidos bem como a classe trabalhadora dos seus países.

Em oposição à essa política de “limpar a ficha” dos genocidas, milhares de ativistas, sob a liderança do PCO, da IBRASPAL, da FNL, do MNL, de dezenas de importantes organizações sindicais (como a APEOESP, Bancários de Brasilia, Metalúrgicos de Volta Redonda e Sorocaba, AFRUSE, CNTE, SINPEEM, Borracheiros e Trabalhadores da Cosntrução Civil de PE, dentre muitos outros), mobilizaram trabalhadores da cidade e do campo, setores combativos da juventude, indígenas, movimentos de luta de negros e mulheres;  e em uma verdadeira frente de luta da esquerda, que incluir dirigentes e diretórios do PT, organizações políticas distintas, como a CST, POR, Nova Resistência, Liga Anti-Imperialistas Internacionalista, MEPR,  Frente Internacionalista dos Sem-Teto (FIST),  Unidade Popular (UP), o PCBR, etc. e  ocuparam a Cinelândia e manifestaram ao Mundo seu repúdio aos genocidas e seu apoio à luta do povo palestino e de todo o Eixo da Resistência. 

Enfrentaram, inclusive, o bloqueio vergonhoso que – segunda o comando local da Polícia – foi determinado “de cima” da PF e do governo federal; em um claro atentado contra o a liberdade de manifestação e até mesmo do direito de ir e vir, com o impedimento de entrada de carro de som no local, fechamento de estacões do metrô próximas da Cinelândia, bloqueios de entradas, revista, intimidamento de manifestantes e até “expulsão” de grupos destes da cidade do Rio de Janeiro, com escolta policial.

Sem se intimidar e apontando para o caminho de luta, de independência diante das posições conciliadoras do governo com os inimigos do povo brasileiro e de todos os povos oprimidos, milhares se manifestaram e apontaram para uma perspectiva de luta diante da situação de crise se agrava, no Brasil e em todo o Mundo.

 

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