O governo de São Paulo, sob a liderança de Tarcísio de Freitas (Republicanos), tem acelerado o processo de privatização de serviços essenciais, como transporte e saneamento básico. Entre as ações mais recentes está a concessão de linhas da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) e a venda da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp). Apesar de apresentadas como medidas para modernizar a infraestrutura e reduzir custos, essas iniciativas têm trazido graves problemas e afetam diretamente a população, que sofre com falhas e aumento de tarifas.
O decreto publicado no Diário Oficial do Estado em 14 de novembro de 2024 autoriza a concessão das linhas 11-Coral, 12-Safira e 13-Jade da CPTM por 25 anos. O leilão está previsto para 2025, e o contrato inclui a operação de 29 estações, além da construção de outras 10, com um investimento total de R$ 13,3 bilhões. A rede deve ser ampliada em 22,6 km, incluindo o serviço Expresso Aeroporto, que conecta a capital ao Aeroporto Internacional de Guarulhos.
Essas linhas, atualmente utilizadas por cerca de 621 mil pessoas por dia, já enfrentam críticas pelo alto custo do transporte público em São Paulo e pela falta de acessibilidade. A entrega desse serviço ao setor privado gera apreensão, dado o histórico das linhas 8-Diamante e 9-Esmeralda, também privatizadas, que têm sido marcadas por falhas constantes, atrasos e descumprimento de contratos. Os problemas são tão graves que os usuários frequentemente reclamam de interrupções e superlotação, algo que demonstra os perigos de priorizar o lucro privado em detrimento da eficiência e qualidade.
Além disso, o governo estadual já anunciou que pretende privatizar até 2025 as linhas 1-Azul, 2-Verde, 3-Vermelha e 15-Prata do Metrô, completando a entrega da maior parte do sistema ferroviário paulista à iniciativa privada. A experiência negativa com outras concessões não deixa dúvidas de que a privatização compromete o acesso da população ao transporte público de qualidade.
A privatização da Sabesp, concluída em julho de 2024, seguiu o mesmo modelo. O governo vendeu 32% das ações da maior empresa de saneamento do Brasil por R$ 14,8 bilhões. A justificativa oficial foi atrair investimentos privados para acelerar a universalização do saneamento básico. No entanto, o controle acionário reduzido do Estado limita a capacidade de intervenção em crises e pode levar ao aumento de tarifas, especialmente em áreas de baixa rentabilidade.
Especialistas têm alertado que a privatização de serviços essenciais, como o fornecimento de água, pode excluir comunidades mais vulneráveis, além de reduzir os investimentos em manutenção e expansão da rede. A população já começa a sentir o impacto dessas mudanças, com reajustes tarifários que tornam o acesso à água e ao saneamento mais caro.
Desde o início de 2024, o governo Tarcísio realizou uma série de leilões para privatizar ou conceder serviços à iniciativa privada. Em 30 de outubro, foi realizado o leilão da Rota Sorocabana, com 460 km de rodovias estaduais. A construção e manutenção de 33 escolas públicas também foi entregue à iniciativa privada, assim como as loterias estaduais.
Embora o governo afirme que a privatização contribui para a redução da dívida pública e o “saneamento” das finanças, os resultados práticos têm demonstrado que essas medidas precarizam serviços essenciais e colocam em risco os direitos básicos da população. A entrega do patrimônio público à iniciativa privada, em setores como transporte, saneamento e educação, tem beneficiado empresas, mas deixado o povo com tarifas mais altas e serviços de qualidade duvidosa.
A política de privatizações do governo de São Paulo, sob o pretexto de modernizar e ampliar a infraestrutura, já demonstra os seus efeitos negativos na prática. O transporte público e o saneamento básico, dois pilares fundamentais para a qualidade de vida, estão sendo entregues a empresas que priorizam o lucro, e não o atendimento universal e de qualidade. A privatização, longe de ser uma solução, tem se mostrado uma fonte de problemas que agrava ainda mais as desigualdades no estado.