A Cúpula do G20, ocorrida no Rio de Janeiro nos dias 18 e 19 de novembro, deve ser vista diante dos grandes acontecimentos internacionais. Isto é, as provocações da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) contra a Rússia, o pedido de prisão do primeiro-ministro israelense Benjamin Netaniahu e as ameaças de golpe de Estado em países como Honduras e Venezuela. Sob esse ponto de vista, a reunião foi uma espécie de festividade, com os chefes de Estado rindo e se abraçando enquanto Joe Biden autorizava ataques contra a Rússia, colocando o mundo à beira da terceira guerra mundial, e bloqueava o cessar-fogo proposto pela Organização das Nações Unidas (ONU) para conter a matança de crianças.
Foi um espetáculo grotesco. Mas o que mais chamou a atenção, indo totalmente na contramão dos acontecimentos, foi o empenho do presidente brasileiro em fazer do G20 um grande evento. Lula, no final das contas, empreendeu um grande esforço apenas para aparecer como apoiador de um bloco em franca falência política.
Os grandes beneficiados do G20 foram homens como Emmanuel Macron, que chegou até a tirar selfies em Copacabana com brasileiros, em uma tentativa bizarra de se mostrar popular. Os chefes de Estado imperialistas aproveitaram o prestígio internacional de Lula junto aos oprimidos para dizer: olha, temos uma boa relação com Lula, temos uma boa relação com um homem popular etc.
Fato é que o G7 veio ao Brasil para se escorar na popularidade de Lula. Emmanuel Macron hoje se encontra tão falido que foi completamente atropelado pela extrema direita, tendo sido obrigado a dar um golpe para indicar um primeiro-ministro que fosse seu aliado. Na Alemanha, a situação é semelhante, e Olaf Scholz deve convocar novas eleições porque seu partido não consegue mais governar, na medida em que cresce a extrema direita. No Reino Unido, Keir Starmer está em uma situação crítica. O governo dele já está falido, mesmo não tendo completado um ano. Por fim, nos Estados Unidos, Joe Biden, mesmo com todo o aparato de propaganda a seu favor, não conseguiu ser candidato nas eleições presidenciais e ainda assistiu a uma derrota marcante de sua correligionária Kamala Harris.
Muito se fala sobre Lula estar tentando se lançar como uma liderança mundial de uma suposta ordem multipolar. O que aconteceu no G20, no entanto, não foi isso.
Lula apareceu no encontro como se estivesse fora da realidade. Falou de paz, de aliança mundial contra a fome, mas nada disso se enquadra na realidade que estamos vendo no mundo. A “aliança contra a fome” é uma proposta formulada entre Lula e Biden. Não entre Lula e Vladimir Putin. É uma tentativa de apresentar os Estados Unidos como preocupados em acabar com a fome no mundo. Uma tentativa, portanto, de fugir da polarização entre os criminosos de guerra que estão matando as crianças palestinas e os países que estão resistindo ao bloco imperialista.