O ex-líder do Pink Floyd, cantor, compositor e baixista, Roger Waters, foi alvo de uma grande polêmica nas últimas semanas, que acabaram até em ameaça de prisão, perseguição e boicote por vários setores. Toda a polêmica se deu devido a um suposto uniforme nazista que ele usaria durante suas apresentações, o que fez com que várias pessoas o acusassem de ser apoiador do nazismo.
Esse é o mais recente numa série de diversos episódios polêmicos envolvendo Waters. Anteriormente, ele já havia sido processado por estampar a Estrela de Davi num porco voador que ele içava durante suas apresentações. No porco, estavam estampados também um crucifixo e a estrela com lua crescente associada ao islamismo, mas o processo veio apenas dos judeus.
Ele é alvo preferencial dos judeus sionistas por ser um conhecido opositor do regime de Israel, denunciando o apartheid e o genocídio perpetrado pelo exército israelense contra os palestinos. Waters chegou a escrever cartas para artistas brasileiros que iam se apresentar em Israel, pedindo a eles que cancelassem as apresentações.
Mais recentemente, ele foi atacado por diversos veículos da imprensa capitalista em meio a uma polêmica com a esposa de seu ex-colega David Gilmour, que o atacou por ser “pró-Putin”. De fato, Waters, assumiu uma posição destoante do imperialismo na questão da guerra da Ucrânia, afirmando que a responsabilidade pelo conflito não era simplesmente do presidente da Rússia, mas também da OTAN e do regime golpista nazista da Ucrânia.
O posicionamento político de Waters já custou a ele uma série de sanções por parte dos governos, particularmente de países imperialistas. Já teve shows cancelados em diversos locais, como a Alemanha. É preciso salientar, no entanto, que associá-lo ao nazismo por causa do traje utilizado em sua apresentação (o qual ele usa repetidamente há 40 anos, desde o lançamento do disco e do filme The Wall), é algo totalmente descabido.
Para começar, não se trata de um uniforme nazista, mas de uma jaqueta de couro, com patches do símbolo dos martelos cruzados, associado ao grupo fascista fictício do filme The Wall, costurado nos braços, ombros e outras partes. Portanto, sequer ostenta quaisquer símbolos propriamente nazistas, como suásticas.
Além disso, as canções de The Wall são notoriamente conhecidas por fazerem uma crítica ao fascismo. O personagem principal do filme permite que o sucesso e o isolamento subam à cabeça e acaba se juntando a um culto fascista e, posteriormente, percebe os erros cometidos e a razão de sua loucura, procurando, por fim, derrubar o “muro” e se reconectando com a humanidade. A coisa toda é retratada de uma forma muito violenta e negativa, portanto é um tanto quanto “forçado” associá-la como uma apologia ao nazismo ou ao fascismo.
É evidente que toda a perseguição contra Waters é fruto de suas posições de esquerda e não por uma inexistente associação com o nazismo. Suas críticas ao estado genocida de Israel, à posição imperialista anti-Rússia e outras, transformaram-no numa figura mal-vista pela imprensa imperialista. No entanto, como a sua obra tem um alcance gigantesco e uma qualidade inegável, ele se mantém como um dos mais importantes artistas do Rock internacional.
Artigo publicado, originalmente, em 25 de junho de 2023.