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Oriente Médio

Autoridade Palestina ainda não decretou guerra a ‘Israel’

O fato de Abbas não ter declarado guerra a "Israel" e nem mesmo apoiado a ofensiva da Resistência evidencia o verdadeiro papel da AP, como serviçais do genocídio

A Autoridade Palestina (AP) reagiu às ordens de prisão do Tribunal Penal Internacional (TPI) contra o primeiro-ministro de “Israel”, Benjamin Netaniahu, e o ex-ministro da Defesa Yoav Gallant, expedidas no último dia 21, afirmando que “a decisão do TPI é um sinal de esperança e confiança no direito internacional e suas instituições”, conforme comunicado divulgado pela agência de notícias Wafa.

Embora a medida adotada pelo TPI não tenha poder de alterar o curso do genocídio perpetrado pela ditadura sionista contra o povo palestino, ela já é mais significativa do que tudo o que a AP fez até o momento pela população que supostamente representa.

O episódio é um reflexo da contradição que caracteriza a Autoridade Palestina: enquanto o povo palestino em armas, de Gaza à Cisjordânia, segue em guerra aberta contra a ditadura de “Israel”, após quase 14 meses de intensos confrontos e mobilizações que marcaram a mais importante fase de resistência popular em quase 100 anos de luta contra o sionismo, a AP, sob a liderança de Mahmoud Abbas, continua sem ousar tomar ações concretas contra os criminosos sionistas. Mais grave ainda, em meio à escalada de violência de outubro de 2023, a AP não só se absteve de declarar apoio à Resistência, como também não declarou guerra a “Israel”.

A ausência de qualquer posicionamento efetivo da organização em um momento decisivo para a luta palestina expõe, de maneira ainda mais clara, o caráter colaboracionista da AP e seu distanciamento da vontade popular, que exige a libertação nacional. Este comportamento reflete um padrão de colaboração com os invasores que já dura décadas e expõe a verdadeira face da entidade, como um braço subordinado à ocupação sionista.

Com uma história marcada por repressão à Resistência e por ações de colaboração com “Israel”, a AP se consolidou como um agente da opressão sionista, sendo uma peça no complexo mecanismo de controle israelense para manter a ocupação criminosa da nação árabe invadida. A história da organização está intrinsecamente ligada aos Acordos de Oslo, assinados em 1993 e sem outro objetivo além de refrear a verdadeira revolução representada pela Primeira Intifada (palavra árabe que significa “Insurreição”).

Criada sob o pretexto de abrir caminho para a formação um Estado palestino soberano, a criação da AP consolidou uma estrutura de governança limitada e subordinada aos interesses de “Israel”. Em 1994, a AP passou a controlar áreas da Cisjordânia e da Faixa de Gaza, mas sempre sob o controle direto e indireto de “Israel”, que manteve a autoridade sobre a segurança, as fronteiras, a água e outros recursos essenciais.

Desde sua formação, a AP tem uma relação simbiótica com as forças de repressão israelenses, sendo responsável por reprimir grupos de Resistência Palestina, principalmente o Hamas e a Jiade Islâmica. Em troca dessa colaboração, a AP conseguiu manter uma fachada de autoridade limitada sobre algumas áreas da Cisjordânia, mas sempre à custa de uma verdadeira autonomia palestina.

As forças de segurança da AP frequentemente atuaram em conjunto com as de “Israel” para prender e destruir células da Resistência, sem qualquer consideração pela soberania palestina. Esse comportamento, na prática, transformou a AP em uma extensão da ocupação israelense.

Contra o Hamas, outra história

Um dos marcos que mais expôs a natureza submissa da AP foi a vitória do Hamas nas eleições legislativas de 2006. Naquele ano, o Hamas conquistou 74 das 132 cadeiras no Parlamento Palestino, um feito histórico que refletiu a insatisfação generalizada da população palestina com a liderança corrupta e colaboracionista do Fatá, o partido de Mahmoud Abbas. Apoiado pelo sionismo e pelo imperialismo, o Fatá obteve 45 cadeiras e reagiu com violência à derrota, negando-se a aceitar o resultado democrático das urnas. Sob o comando de Abbas, a AP, com apoio de “Israel” e dos EUA, iniciou uma série de operações para deslegitimar o Hamas, incluindo ataques militares e bloqueios econômicos.

Em 2007, esse confronto culminou em uma guerra civil de curta duração, que resultou na divisão política e geográfica da Palestina. O Fatá foi expulso da Faixa de Gaza, e o Hamas assumiu o controle do território. A AP, no entanto, se refugiou na Cisjordânia, e sob a proteção de “Israel”, passou a isolar Gaza politicamente, ao mesmo tempo em que reforçava sua colaboração com o enclave imperialista.

Silêncio

O contraste entre a postura da AP e a ação da Resistência Palestina ficou ainda mais evidente em outubro de 2023, quando o Hamas e outras facções palestinas lançaram uma ofensiva coordenada contra as forças de ocupação israelenses, que resultou em centenas de mortos e feridos do lado israelense. Batizada “Dilúvio de al-Aqsa”, a operação buscava trocar poucas centenas de militares israelenses capturados por militantes palestinos nas masmorras sionistas, sendo uma resposta direta aos crimes cometidos por “Israel” contra o povo palestino, incluindo a expansão das colônias e as frequentes incursões militares na Cisjordânia e Gaza.

Enquanto o povo palestino demonstrava, mais uma vez, sua capacidade de resistência e luta por sua liberdade, a AP se manteve em silêncio absoluto, chegando a defender “diálogo” com os líderes israelenses, com o objetivo de salvar as negociações de paz que nunca se concretizam. A ausência de qualquer movimento significativo por parte da AP para se alinhar com a Resistência Palestina é um reflexo de sua posição submissa a Israel.

O golpe dos “dois Estados”

A “solução de dois Estados” é outro exemplo claro de como a AP tem sido conivente com a ocupação. Desde os Acordos de Oslo, a entidade se comprometeu a buscar um acordo com “Israel” que resultasse na criação de um Estado palestino ao lado da ocupação sionista. Na prática, no entanto, “Israel” nunca teve a intenção de permitir a criação de um Estado palestino soberano. Em vez disso, a ocupação se expandiu, com o aumento das colônias e o controle militar total sobre as principais áreas da Cisjordânia.

Um fenômeno que nem por acaso foi enfrentado com pela AP. Em vez de desafiar a ocupação e fortalecer a resistência, a entidade se manteve como intermediária dedicada a legitimar a presença israelense em terras palestinas. A falsa esperança de uma solução de dois Estados tem sido utilizada por “Israel” como uma ferramenta para enganar a comunidade internacional, enquanto, na prática, continua a consolidar a ocupação e a repressão ao povo palestino.

O cão de guarda de “Israel”

Presidente da AP desde a morte de Arafat, Abbas tem sido um dos maiores responsáveis pela manutenção desse padrão. Desde sua ascensão ao poder em 2005, o dirigente tem seguido uma política de colaboração com “Israel”, sempre à custa dos direitos do povo palestino. A sua liderança tem sido marcada pela repressão à oposição e pela disposição de “negociar” com “Israel”, sem qualquer contrapartida significativa que proporcione qualquer avanço ao povo palestino.

Abbas tem sido, em muitos aspectos, o “cão de guarda” da ocupação sionista. O fato de ele não ter declarado guerra a “Israel”, nem mesmo apoiado a ofensiva de resistência de 2023, evidencia o verdadeiro papel da AP como entidade colaboradora da ocupação e não como defensora da causa palestina.

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