Integrantes do movimento fascista “Invasão Zero” estão planejando novos ataques contra os camponeses de Barro Branco, em Jaqueira (PE). Segundo o jornal A Nova Democracia (AND), o plano inclui uma “vistoria técnica” nas terras ocupadas pelos posseiros, aprovada recentemente pela Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural (CAPADR) da Câmara dos Deputados. O requerimento, apresentado pelos deputados Coronel Meira (PL) e Coronel Fernanda (PL), é considerado por lideranças camponesas e movimentos populares como uma tentativa de dar legitimidade legal a ações violentas contra a resistência no local.
A ofensiva ocorre após a derrota do “Invasão Zero” na chamada Batalha de Barro Branco, ocorrida em 28 de setembro, quando camponeses organizados pela Liga dos Camponeses Pobres (LCP) expulsaram pistoleiros enviados ao local. Durante o confronto, vários membros do movimento fascista foram feridos, incluindo José Antônio Fonseca de Mello, presidente do “Invasão Zero” em Pernambuco. Em nota publicada pelo jornal, a LCP classificou a derrota como um marco, afirmando: “é a primeira de várias que amargará, pois cada vez mais os camponeses, indígenas e quilombolas percebem que só elevando sua autodefesa poderão assegurar seus direitos”.
Entre os presentes, estavam militantes do Partido da Causa Operária (PCO), do Mangue Vermelho, correspondentes do Diário Causa Operária (DCO) e de A Nova Democracia, advogados da Associação Brasileira dos Advogados do Povo (ABRAPO), professores, estudantes e sindicalistas. A ação foi celebrada em um ato no dia 7 de outubro, ocorrido em Recife, que homenageou a resistência palestina e a resistência camponesa.
O projeto de “vistoria técnica” aprovado na CAPADR, com aval quase unânime dos deputados presentes, é mais uma tentativa de reprimir violentamente os posseiros. “A articulação nacional dos latifundiários e da extrema-direita mostra como todos os líderes sabem do peso da resistência em Jaqueira e reconhecem a LCP como seu maior inimigo”, aponta A Nova Democracia.
Polícia Militar enfrenta derrota em nova tentativa de invasão
No dia 17 de novembro, camponeses do Acampamento Menino Jonatas, localizado no Engenho Barro Branco, expulsaram policiais militares que tentaram acessar o território camponês sob o pretexto de realizar uma “ronda”. Segundo relato do A Nova Democracia, a Polícia Militar (PM) agiu de forma provocadora, utilizando táticas de intimidação e assédio contra os moradores e até mesmo contra um advogado da Associação Brasileira de Advogados do Povo Gabriel Pimenta (ABRAPO).
Durante o confronto, a comunidade rapidamente mobilizou sua defesa, utilizando fogos de artifício para alertar os moradores e erguendo barricadas semelhantes às que garantiram a vitória na Batalha de Barro Branco. Ao perceberem a crescente adesão de camponeses e os gritos de “Fora polícia!”, os policiais recuaram. “Se a gente fosse invadir, chegaríamos com 10 viaturas, não só uma”, teria declarado um dos policiais, em tom de ameaça.
O Acampamento Menino Jonatas foi erguido pelos camponeses para recuperar a área destruída pelos latifundiários no dia 28 de setembro.