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Entrevista

‘É o próprio Satanás’, diz rabino sobre Estado de ‘Israel’

Diário Causa Operária (DCO) entrevistou o rabino Israel David Weiss durante a manifestação em defesa da Palestina no Rio de Janeiro, no último dia 18

Durante a manifestação nacional em defesa da Palestina convocada pelos Comitês de Luta no dia 18 de novembro na Cinelândia, no Rio de Janeiro, a poucos metros da abertura da 19ª Cúpula do G20, o Diário Causa Operária (DCO) teve a oportunidade de entrevistar o Rabino Israel David Weiss. Representante da organização Neturei Karta International Jews United Against Zionism (Judeus Unidos Contra o Sionismo), Weiss veio ao Brasil só para participar do ato e denunciar os crimes do sionismo contra o povo palestino e libanês.

Weiss também enfatizou a importância do papel dos líderes mundiais na luta por justiça, destacando que aqueles que hoje estão no poder têm a obrigação de usar sua posição para pôr fim à opressão e ao derramamento de sangue. “É hora de agir”, declarou, afirmando que a omissão diante dessa tragédia histórica será julgada tanto por Deus quanto pelas gerações futuras.

Confira, abaixo, a entrevista na íntegra:

Por que você está no Brasil? Com a ajuda do Todo-Poderoso, sim. Viemos especialmente na noite passada para estar na reunião do G20 porque é crucial que os líderes mundiais usem o poder que Deus lhes deu para parar o massacre, parar este genocídio, esta Nakba que está acontecendo diante dos nossos olhos, tanto na Palestina quanto no Líbano.

Acredito que os líderes que deveriam reconhecer que o Todo-Poderoso lhes deu esta posição elevada, um presente, e eles têm este breve momento para usar esse poder para salvar vidas e corrigir uma injustiça. E isso é, claro, o assassinato de dezenas de milhares de palestinos, a ocupação de sua terra natal, o assassinato de milhares e milhares no Líbano. Estamos implorando a essas pessoas que estão nessa posição: por favor, vocês terão que responder ao Todo-Poderoso eventualmente. Não tenham arrependimentos. Vocês também terão que responder aos seus netos. Não tenham arrependimentos.

Pessoas que ficaram em silêncio durante o Holocausto — meus avós foram mortos em Auschwitz, milhões e milhões foram mortos — e o mundo ficou em silêncio. E aqueles que eram líderes e tinham o poder certamente se arrependeram depois. E foram responsabilizados por terem ficado calados. Esta é a sua oportunidade de se levantar, salvar pessoas, ser um verdadeiro herói e se orgulhar de si mesmo a longo prazo.

E por que vocês estão aqui, na manifestação? É crucial. Estamos explicando a eles que os sionistas têm duas armas. Uma arma é que eles usam Deus. Eles usam o nome do judaísmo, a Estrela de Davi, e dizem: “Ah, Deus nos deu esta terra”. E eles ignoram voluntária e conscientemente o fato de que as autoridades rabínicas ao redor do mundo disseram: “Vocês são golpistas, vocês são uma fraude total”, porque o judaísmo nos diz que Deus nos deu a terra, sim, na Bíblia, mas que há 2.000 anos houve a destruição do templo, e desde então os judeus estão proibidos de estabelecer até mesmo um centímetro de soberania judaica. Respeitamos isso há 2.000 anos.

Os que são verdadeiros à religião judaica, os que hoje constroem o sionismo, os que criaram o Estado de “Israel”, eram hereges, não-religiosos: Theodor Herzl, Ben Gurion, Zev Jabotinsky. Temos muitas citações deles. Eu carrego comigo os escritos desses sionistas e, primeiro, gosto de mostrar uma imagem.

Carrego uma foto da liderança sionista no momento histórico da criação do Estado de “Israel”, a Declaração de Independência. Vemos aqui Ben Gurion, o primeiro-ministro, lendo a Declaração de Independência. Aqui está uma foto de Theodor Herzl. Imagine: estão criando um estado judeu, e os judeus que o lideram, sentados na mesa, não estão cobrindo suas cabeças, como é exigido a um judeu para mostrar que acredita em Deus. Imagine criar um estado muçulmano sem imãs, sem xeques. Imagine criar um estado cristão sem padres ou bispos. Isso é a farsa, a hipocrisia de um chamado estado judeu.

Eles usam a Estrela de Davi, mas estão totalmente em rebelião contra as palavras de Deus porque sabem que não temos permissão para ter um estado. E claro que não temos permissão para ter um estado por meio de assassinatos, roubos e opressão. A Torá diz: “Não matarás”. Eles usam a Torá e a desprezam. E então dizem ao mundo, quando Ben Gurion, ou hoje, quando Netaniahu vai à ONU, ele coloca uma aparência piedosa, cobre a cabeça com um quipá apenas para a ONU, não quando está em casa no estado judeu. E faz isso dizendo: “Ah, Deus nos deu a terra”. Então eles usam a religião judaica para justificar uma Nakba, um assassinato de um povo inteiro. É tudo, realmente, criminoso.

E qual é a segunda arma que eles usam? Essa é a primeira arma deles, dizer que o judaísmo é claramente um estado judeu. E a segunda arma que usam está na declaração de que, se você se opõe a eles, você é antissemita. Essa é a arma nuclear deles, que, se você se opõe, você é antissemita.

Agora pense nisso: os judeus viviam juntos em paz e harmonia em todas as terras árabes e muçulmanas, desfrutando da hospitalidade do povo muçulmano, mesmo tendo uma religião distinta. Então, não é um conflito religioso. E de repente — e isso inclui, aliás, as ruas de Jerusalém sob o Império Otomano. E de repente, desde a introdução do sionismo, há derramamento de sangue. Por quê? Porque eles criaram um estado nacionalista, algo puramente contra Deus, um lar nacionalista egoísta para ocupar a terra de outro povo, alegando que Deus lhes deu essa terra, falsificando isso.

E agora, quando as pessoas se levantam e se opõem, as pessoas que vivem lá dizem que querem suas casas. O que eles fazem? Matam essas pessoas. E se você ousar se manifestar contra o que estão fazendo, dizem que você é antissemita.

O que vocês esperam que os líderes mundiais façam? Por isso estamos implorando aos líderes mundiais: não permitam que a lógica básica e a inteligência humana básica sejam insultadas. Quando você vê pessoas assassinando outras porque querem tomar suas casas, não caia na propaganda deles. Faça o que Deus lhe deu — esse poder que você tem em suas mãos. Pare o massacre.

Respeite os líderes rabínicos ao redor do mundo, as comunidades religiosas muito devotas, invariavelmente, quer seja em Jerusalém, nos Estados Unidos em Nova Iorque, ou em Londres. As comunidades muito religiosas são todas contra a existência do Estado de “Israel. Não temos bandeiras de “Israel” em nossas comunidades. E somos muito tementes a Deus; damos nossas vidas por nossa religião. Se fosse algo valioso para nós, algo crítico para o judaísmo, seríamos os primeiros a levantar a bandeira de “Israel”. E, no entanto, todos nos opomos a isso.

Você mencionou sua relação com os palestinos. Como era essa convivência antes? Os palestinos eram nossos amigos. Vivíamos juntos em paz. O que mudou essa convivência pacífica? A introdução do sionismo. Nossas vidas estavam entrelaçadas. Vivíamos em total harmonia e paz.

Visitei muitos países árabes e muçulmanos, graças a Deus, como Egito, Jordânia, Líbano, entre outros. Meus amigos vivem no Marrocos, e assim por diante. Fui a Gaza. Aqui você pode ver… Isto é no Líbano, onde fomos para manifestações, mas você pode ver as pessoas que foram atacadas no caso do Mavi Marmara, vindo da Turquia. Estivemos na Turquia.

Aqui você pode ver… Este é o encontro com o presidente Arafat. Fizemos as “peot” (os cachos laterais característicos de judeus ortodoxos). Encontramo-nos com ele. Um dos rabinos de Jerusalém era representante da comunidade judaica em seu governo. Os sionistas jogaram ácido em seu rosto e ele ficou cego de um olho. E mesmo assim ele continuou trabalhando com o outro.

Este é Ismail Hanié. Fomos a Gaza, e ele nos recebeu calorosamente, com o Hamas. E eles disseram: “Não somos contra os judeus. Simplesmente queremos nossa liberdade”. Também nos encontramos com a liderança do Hesbolá, que disse exatamente a mesma coisa. Eles querem sua liberdade, querem viver em paz com os judeus, como sempre viveram ao longo dos anos.

Posso mostrar uma foto… isto é em Sabra e Shatila. Deixe-me mostrar uma imagem que acho que será… Tenha paciência, desculpe. Vou encontrar… Isto foi no Líbano, durante os ataques a Sabra e Shatila, quando a comunidade judaica estava muito vulnerável. E o presidente Arafat enviou seus soldados para proteger a sinagoga judaica no Líbano.

Ninguém fala sobre isso. Ele fez isso por sua própria iniciativa. Por quê? Porque ele sabia diferenciar entre judaísmo e sionismo.

O aiatolá Khomeini fez muitas declarações. E até hoje você tem comunidades religiosas vivendo lá, e sinagogas. Estive lá. Eles praticam o judaísmo, têm escolas judaicas, e dizem: “Não somos contra os judeus”.

A liderança constantemente afirma: “Não somos contra os judeus. Respeitamos os judeus, respeitamos o judaísmo. Somos contra a ocupação e o roubo das casas de outro povo”. E os que estão fazendo isso não são representantes do judaísmo, não são os judeus piedosos. Isso é feito pelo estado satânico sionista de “Israel”.

Você considera o Estado de “Israel” um estado terrorista? É o próprio Satanás. Você pode usar várias definições do dicionário, mas é o próprio Satanás. Não há explicação de como foi ratificado.

Foi ratificado pelas Nações Unidas, que foram criadas para trazer paz ao mundo, e decidiram criar um Estado judeu, o Estado de Israel, entre pessoas que não eram judias, o que automaticamente gera conflitos.

Se você eleva certas pessoas acima de outras, está pedindo problemas. Isso desafia a lógica. Não faz sentido, e ainda assim eles fizeram isso.

Acontece que a maioria das pessoas que viviam lá eram muçulmanas na Palestina. A segunda maior parte eram cristãos. A terceira, judeus. E, mesmo assim, a comunidade judaica era a menor. Como você pode criar um estado, entregá-lo à minoria, e esperar paz?

Mas não só isso: a comunidade judaica também não queria isso. Como eu sempre mostro, o rabino-chefe da Palestina implorou às Nações Unidas, o rabino Dushinsky, em 1947. Está nos documentos da ONU. Ele disse: “Além disso, desejamos expressar nossa oposição definitiva a um estado judeu em qualquer parte da Palestina”. Está nos documentos.

Esse foi o rabino Dushinsky. E ele foi ignorado. E a comunidade judaica que vivia lá, desde então até hoje, tem lutado contra isso.

Como a comunidade judaica reagiu? Aqui você vê nossos guardas, dezenas de milhares de judeus reunidos ali, além de em frente à Casa Branca. E você vê como estão sendo brutalmente espancados. Nunca estamos armados. Comunidades judaicas não carregam armas, não carregam facas.

Crianças são espancadas. Velhos são presos e assassinados. Nossos rabinos são atacados. É o exército, nem mesmo a polícia, é o exército. Isso tem ocorrido por 76 anos e o mundo permanece em silêncio.

Quantos estão resistindo atualmente? Não sei exatamente os números, só sei que a comunidade que vivia lá era muito temente a Deus e contra o sionismo. Eles foram tomados pelo controle, a Grã-Bretanha entregou o controle aos sionistas que vieram da Europa.

Mas a comunidade ainda está resistindo lá. Aqui você vê que eles estão sendo pulverizados com água fétida, que contém produtos químicos que destroem as roupas e desencorajam manifestações. Mas isso não impede as pessoas de protestarem. Graças a Deus.

Aqui você pode ver, nas ruas de Jerusalém, bandeiras palestinas coladas nas paredes. Eles conseguem colocá-las lá. Este é um protesto dizendo: “Parem o massacre terrorista sionista em Gaza”. Isso é em Jerusalém.

A imprensa cobre esses protestos? Ninguém cobre isso. A imprena americana não mostra. Ninguém fala sobre essas coisas. E, se algo assim acontecesse — um ataque a judeus, Deus nos livre, nos Estados Unidos, no Brasil, no Canadá, em qualquer lugar —, seria um escândalo.

O governo israelense, Netaniahu, estaria lá gritando sobre antissemitismo e exigindo reparações para Israel, é claro, não para as pessoas que foram atingidas, mas para o estado. É isso que eles fariam.

E, ainda assim, eles fazem isso impunemente diariamente há mais de 76 anos.

Por que você acha que isso continua sendo permitido? O que estou dizendo é que isso desafia a lógica. É satânico. Não faz sentido o mundo permitir uma coisa dessas, ratificar algo assim, especialmente quando foi feito por um corpo de líderes das nações, pelas Nações Unidas, as pessoas mais inteligentes.

E mesmo assim foram e criaram um estado que inevitavelmente levaria ao derramamento de sangue. E levou ao derramamento de sangue. E agora estamos testemunhando o ápice disso, com pessoas sendo assassinadas todos os dias.

Todos têm smartphones. Eles veem diariamente o massacre, o assassinato, a tortura, as pessoas morrendo de fome e sede. E o mundo continua em silêncio. A única palavra que tenho para isso é “satânico”. 100%.

Eles justificam essas ações dizendo que combatem o antissemitismo? Sim. Eles acusam todos de serem antissemitas. Dizem que precisam ter o estado para se proteger do antissemitismo, como uma apólice de seguro. No entanto, o próprio estado é quem instiga e causa o antissemitismo.

Eles agravam o antissemitismo. E então dizem que é antissionismo. Dizemos às pessoas: usem sua lógica, parem de apoiar isso. Vamos ter paz. Vamos viver juntos, judeus e muçulmanos.

Ah, mas se você diz isso, é acusado de ser antissemita. Toda essa questão de apoiar o estado sionista, de suas ações, que é tão ilógica, é um insulto à inteligência humana básica que Deus nos deu.

Sim, definitivamente há uma maior conscientização, mas há também mais ataques e acusações de antissemitismo, o que é lamentável.

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