Nesta terça-feira (19), Vladimir Putin, presidente da Federação Russa, aprovou, com mudanças no texto original, os Princípios Básicos da Política de Estado da Federação Russa sobre Dissuasão Nuclear.
A nova doutrina de dissuasão nuclear da Rússia, que foi anunciada em setembro de 2024, prevê a possibilidade de a Federação Russa utilizar a dissuasão nuclear para impedir que países e forças militares ataquem o país do Leste com armas nucleares ou mesmo com armas convencionais, em caso de ataque em grande escala.
Além disso, países que se aliarem aos agressores, permitindo a utilização de seus territórios para que se leve a cabo agressões contra a Rússia, também podem ser alvos da dissuasão nuclear, conforme a nova doutrina. Agressões perpetradas por um único país contra a Federação serão consideradas como um ataque de todos os países que fizerem parte de um mesmo bloco político/militar (OTAN, por exemplo). De forma semelhante, agressões perpetradas por país que não possui armas nucleares, mas cujos aliados possuam, será considerada agressão conjunta contra a Rússia.
Dentre os pontos fundamentais da nova política, destaca-se que “a política de Estado sobre Dissuasão Nuclear é defensiva por natureza”, tendo como principais objetivos a defesa da soberania nacional da Federação Russa, dissuadindo inimigos do país de atacar o país do Leste e seus aliados, para isto mantendo as forças nucleares russas em nível de dissuasão. A política busca prevenir a escalada de ações militares caso agressão seja perpetrada contra a Rússia, com a finalidade de pôr fim a eventuais agressões de maneira aceitável à Federação e/ou seus aliados.
Sendo uma política que considera armas nucleares como uma medida de dissuasão, os Princípios Básicos também consideram que o uso desse tipo de armamento é medida extrema e compulsória. Demonstrando que se trata de política defensiva, prevê também que a Federação Russa realizará todos os esforços para prevenir que um conflito nuclear seja desencadeado. No entanto, caso as agressões previstas na nova política ocorram, a decisão de usar armas nucleares é exclusiva do presidente da Rússia, atualmente Vladimir Putin.
Dimitri Peskov, porta-voz do governo russo, declarou que “um elemento importante deste documento é que a dissuasão nuclear visa garantir que um adversário em potencial entenda a inevitabilidade da retaliação em caso de agressão contra a Federação Russa ou seus aliados”. Recep Tayyip Erdogan, presidente da Turquia, declarou que “essa declaração da Rússia é, acima de tudo, uma medida tomada em resposta à posição tomada contra ela em relação ao uso de armas convencionais”. Apesar de a Turquia ser membro da OTAN, Erdogan declarou que “a Rússia tem o direito e a capacidade de se proteger e tomar medidas para sua defesa”, acrescentando que espera “que consigamos um cessar-fogo definitivo entre a Ucrânia e a Rússia o mais rápido possível e garantamos a paz que o planeta tem esperado ansiosamente”.
A aprovação da nova doutrina ocorre em momento em que o imperialismo intensifica sua agressão contra a Rússia, utilizando a Ucrânia como bucha de canhão. Há alguns dias, Joe Biden, presidente dos Estados Unidos, autorizou que a Ucrânia utilize armas de longo alcance fornecidas pelos EUA para realizar ataques ao interior da Rússia.