Antes da reunião da Cúpula do G20, que acontece segunda-feira (18) e terça-feira (19) no Rio de Janeiro, aconteceu um evento diferencial o G20 Social. Para tentar melhorar a imagem do evento, totalmente desmoralizado pela presença dos países imperialistas, o governo Lula criou uma atividade com a participação oficial da esquerda. É uma fraude para tentar esconder a própria fraude que é o G20. A ideia de que os países imperialistas irão ajudar o Brasil, a Rússia, a China e qualquer nação imperialista é totalmente absurda. Mas essa é a tese do artigo “G20 sob a presidência do Brasil debate multilateralismo, combate à fome e à pobreza, e desenvolvimento sustentável” do Vermelho.
O texto começa: “os temas em debate na 19ª Cúpula do G20 que começa nesta segunda-feira (18) no Rio de Janeiro estão cercados de expectativas. Ao estabelecer uma agenda ampla, o grupo, formado em 1999 num processo de crises financeiras de grandes dimensões, busca confluência em pontos centrais, como as desigualdades no mundo e financiamentos para enfrentar as mudanças climáticas”. A expectativa existe apenas para os incautos, nenhum evento que tenha a participação de EUA, Inglaterra, França e Alemanha deveria levantar a expectativa de nenhuma organização da esquerda. Quem acredita que os EUA irão lutar contra a desigualdade? Já a mudança climática é uma pauta do imperialismo.
Ele segue: “`às vésperas da Cúpula do Rio, aconteceu o G20 Social, uma inovação brasileira, que reuniu milhares de lideranças dos movimentos sociais e da sociedade civil que debateram a partir de suas óticas e bandeiras a pauta da Cúpula. A declaração final do G20 social propõe ‘taxação progressiva dos super-ricos’ e a reforma dos organismos multilaterais, entre outros pontos”. A proposta da taxação dos ‘supre-ricos’ deixou de ser radical quando eles mesmo começaram a defendê-la. Mas aqui é preciso criticar o próprio G20 social, uma atividade que reúne milhares de militantes do país e não estimula nenhum debate, nenhuma ação combativa. É apenas uma reunião para ficar a reboque do G20, do imperialismo.
Então segue: “segundo a deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ), os três eixos principais – justiça climática, Aliança Global Contra a Fome e Poder, desigualdade e governança – foram consolidados em um documento entregue ao governo brasileiro e à África do Sul, próxima na presidência do G20. ‘Pela primeira vez, movimentos sociais participaram ativamente e a África do Sul já confirmou que seguirá com essa inovação no próximo encontro. É mais do que um evento, é a construção de um futuro mais justo e sustentável’, comentou”.
Aqui vale o mesmo argumento. O governo dos EUA que manda bombas para “Israel”, que derrubou a presidenta Dilma, quer lutar contra a fome? E o que seria a governança? É um termo muito utilizado pelo imperialismo para esconder que na realidade são as nações imperialistas que controlam o mundo. A ideia de esperar um futuro justo e sustentável por meio do G20 é totalmente absurda. O texto já tenta contra argumentar citando os BRICS, uma aliança realmente progressista por se chocar com o imperialismo:
“O papel do Brasil e da China no G20, e de outros países dos Brics tem sido de resistência à ofensiva das potências capitalistas e aos efeitos do fluxo de transações financeiras, priorizando o comércio de produtos e serviços. A crise desencadeada nos anos 1990 e seu epicentro em 2008 funcionaram como cimento para a o G-20, mas o maior desafio da atualidade é a construção de uma governança global democrática. Os efeitos da crise do capitalismo, com seu crescimento lento, agravado pela falta de segurança alimentar e energética e por conflitos geopolíticos, estão no contexto do lema da Cúpula do G20, Construindo um mundo justo e um planeta sustentável.”
É evidente que um bloco que tenha a China para se contrapor aos EUA será superior a um bloco sem a China. Mas a ideia da governança democrática global é absurda. Os EUA se encaminham para a guerra com o Irã, já estão em guerra com a Rússia e a guerra com a China vem se preparando. A própria ideia do G20 se torna absurda ao levar isso em consideração. A organização tem dois blocos que estão cada vez mais próximos de uma guerra. Como isso irá “construir um mundo justo e um planeta sustentável”? Para qualquer avanço para os trabalhadores é preciso derrotar o imperialismo, não fazer uma aliança.
O texto toca nisso e se contradiz sem perceber: “a busca por um maior intercâmbio econômico e de maior presença dos países em desenvolvimento no cenário mundial estimulam os elementos de multipolaridade da vida internacional. Para o Brasil, ela faz parte do processo de superação do projeto que golpeou a máquina do Estado, agrediu a soberania nacional, destruiu uma parte do país construída pelo pensamento nacional, deprimiu a expansão econômica e sabotou os programas de inclusão social”. Ele cita o golpe de Estado, mas não cita quem deu o golpe: Joe Biden, um dos homens do G20. O G20, portanto, é contra a soberania nacional, esse é todo o problema.
E para concluir: “o Brasil, que fora arrastado à condição dos piores conceitos aos olhos da diplomacia internacional durante o governo da extrema-direita, retoma a credibilidade e reconstrói o protagonismo nos fóruns internacionais. No próximo ano será a vez de sediar a COP-30, Conferência das Nações Unidades sobre a Mudança do Clima”. O governo Lula de fato tem uma presença diplomática muito mais forte que a de Bolsonaro, apesar de que o atual Itamaraty capitulou totalmente diante do imperialismo com a questão da Venezuela e também da Palestina. Mas isso não significa que ele comande as grandes cúpulas que sedia.
O Congresso dos BRICS na Rússia foi em grande medida arquitetado pela Rússia. O G20, por sua vez, é claramente um projeto do imperialismo. Sendo assim, nenhum grupo de esquerda deveria festejar essa reunião. É mais um engodo para os trabalhadores que deve ser denunciado como tal.