No Brasil, com exceção do Partido da Causa Operária (PCO), todas as demais organizações políticas da esquerda, inclusive as que se reivindicam “revolucionárias” e “marxistas”, não apoiam a resistência armada palestina.
Elas dizem defender os direitos e reivindicações dos palestinos, dizem defender a libertação dos palestinos, mas apontam uma série de restrições, quando não uma oposição aberta, ao Hamas, à Jiade Islâmica e aos outros grupos políticos que compõem a frente que impôs o maior desafio político e militar da história do Estado de “Israel”. Dizem defender os palestinos, mas estão contra as organizações de luta forjadas pelos próprios palestinos.
Essa esquerda acaba defendendo tão somente uma abstração. Um povo desprovido de suas organizações de luta é simplesmente um povo fictício, irreal ― uma abstração, em suma. Peguemos o exemplo do Movimento de Resistência Islâmica, o Hamas.
Esse partido constitui a maior força política dos palestinos. É um partido que expressa uma determinada etapa da evolução da luta dos palestinos, um partido que passou pelo fogo da luta contra o fascismo sionista. É o partido que dirige, neste exato momento, a luta contra o genocídio perpetrado pelo Estado sionista. É o Hamas, e não qualquer outro partido, quem cumpre esse papel.
Entre, de um lado, a defesa do Hamas e da resistência armada palestina e, de outro, a defesa da libertação do povo palestino do jugo sionista, há uma relação indissociável. É a relação entre meios e fins. Quem quer determinados fins, precisa escolher necessariamente os meios que conduzem efetivamente a tais fins. Renegar os meios necessários ao fim equivale a renegar o próprio fim. É por isso que quem renega o Hamas e a resistência armada palestina renega a luta palestina de conjunto.
A conclusão é óbvia: a maioria das organizações de esquerda, apesar da verborragia em contrário, não apoia real e efetivamente a luta dos palestinos.
*Publicado originalmente em 11 de março de 2024