A crise envolvendo os ataques sionistas em Amsterdã continua. Durante partida disputada pela principal competição europeia, a Liga dos Campeões, entre o holandês Ajax e o israelense Maccabi Tel Aviv, no dia 7 de novembro, torcedores e o povo holandês reagiram às provocações dos torcedores fascistas do clube de “Israel”.
Primeiro, um adendo: “Israel”, apesar de estar na Ásia, não disputa as competições asiáticas; disputa as competições europeias. Caso contrário, os protestos contra o país que promove um genocídio, uma limpeza étnica dos palestinos, seriam frequentes em todos os jogos.
Segundo, os israelenses chegaram em Amsterdã gritando cânticos em defesa do genocídio dos palestinos — inclusive, estupros contra as mulheres árabes — e começaram a agredir todos aqueles que defenderam a luta de libertação do povo árabe contra “Israel”. Isso mostra o caráter fascista do povo israelense, que não se resume à política do governo Netaniahu, como alguns setores da esquerda tentam apresentar.
A população comum e os torcedores do Ajax trataram, numa atitude mais do que louvável, de colocar os israelenses para correr. Em campo, o Ajax cumpriu o seu papel e venceu o clube de “Israel” por 5 x 0. Uma goleada dentro de campo, e uma fora de campo.
Como é hábito, os israelenses procuraram se apresentar como vítimas. Novamente afirmando que foram atacados sem provocação… É uma tática comum de uma força colonial. Nunca provocam ninguém, sempre são vítimas. Os colonialistas podem bater, xingar, estuprar, fazer tudo o que há de ruim. Mas se alguém reagir… “meu Deus, olha que absurdo!”.
É isso que os israelenses e a imprensa que defende as forças colonialistas tentam apresentar. As autoridades da Holanda, por exemplo, decidiram reprimir os que reagiram contra os ataques sionistas. Nesta segunda-feira (11), mais cinco pessoas foram presas. Com isso, sobe para 68 o número de presos.
O primeiro-ministro Dick Schoof declarou que “os ataques antissemitas contra israelenses e judeus foram chocantes e repreensíveis”, defendendo os sionistas. Schoof também se pronunciou sobre os relatos de que torcedores do Maccabi atacaram um táxi e queimaram uma bandeira palestina em Amsterdã, além de gritarem palavras contra árabes:
“Estamos bem cientes do que aconteceu antes com os fãs do Maccabi, mas achamos que isso está em um patamar diferente. Condenamos qualquer violência, mas isso não é desculpa para o que aconteceu mais tarde naquela noite nos ataques aos judeus em Amsterdã.”
Nesta terça-feira (12), o conselho municipal de Amsterdã vai discutir e analisar as brigas, que as autoridades chamam de “antissemitas”. Porém, segundo a RTP, “um ativista judeu teria dito à polícia que ‘esses fãs são amplamente conhecidos pela violência política em Israel e muitos servem como soldados em Gaza’”.
A imprensa capitalista, por sua vez, faz de tudo para apresentar uma versão diferente dos fatos. No Brasil, por exemplo, o Uol, totalmente a favor da política racista do sionismo, escreveu uma matéria com o título Ataque a israelenses em Amsterdã foi combinado em apps: ‘Caça aos judeus’.
Quer dizer, a culpa não seria dos provocadores sionistas, mas daqueles que reagiram. Na mesma linha, o Estado de S.Paulo destacou, em artigo, que “o ódio ancestral aos judeus se manifesta com faces novas e mais virulentas”. Enquanto o genocida Benjamin Netaniahu, chefe de “Israel”, comparou o caso com a Noite dos Cristais, episódio de genocídio contra os judeus, promovido pela Alemanha Nazista em 1938.
Pressionando os próprios capitalistas holandeses, o bilionário Bill Ackmann afirmou que buscará remover a listagem da Pershing Square da bolsa Euronext em Amsterdã após a reação contra os torcedores sionistas.
Fato é que o que ocorreu na Holanda foi uma legítima reação popular contra os defensores do genocídio de palestinos. O Estado de “Israel” assassinou principalmente civis, principalmente mulheres, crianças e idosos.
Esta reação contra o sionismo continua. Na noite desta segunda-feira para a terça-feira(12), jovens saíram às ruas defendendo “Palestina Livre” e incendiaram um bonde de Amsterdã, contra a própria política do governo e da prefeita da cidade, Femke Halsema, que apoia o sionismo. O genocídio feito por “Israel” transformou o país judeu em um pária entre os povos do mundo, tendo apoio somente dos governos imperialistas.
Nesta quinta-feira (14), a Seleção Francesa, formada principalmente por imigrantes negros (ou filhos de imigrantes), alguns muçulmanos, enfrentará a Seleção de “Israel”, pela Liga das Nações. O presidente Emmanuel Macron confirmou presença no jogo. Com medo da reação popular – tendo em vista o grande número de muçulmanos na França — o dia da disputa foi considerado de “alto risco” pelas autoridades francesas, e o duelo contará com um esquema de segurança “extremamente reforçado”.
Em comunicado divulgado neste domingo (10), o governo francês disse que a presença de Macron no Stade de France pretende transmitir “uma mensagem de fraternidade e solidariedade após os intoleráveis atos antissemitas que se seguiram ao jogo em Amsterdã”, além de expressar “seu apoio à Seleção Francesa”.
“Emmanuel Macron sentiu que, dado o momento e a natureza preocupante do que aconteceu na Holanda com esses atos chocantes de antissemitismo, era útil mostrar seu apoio à equipe francesa e fazer este gesto de solidariedade e fraternidade”, informou a comitiva de Macron ao jornal Le Parisien.
O chefe da polícia de Paris, Laurent Nuñez, anunciou que o esquema de segurança para França x Israel será “extremamente reforçado”, com quatro mil agentes, quase quatro vezes mais do que o normal. “Não toleraremos quaisquer excessos e perturbações da ordem pública”, declarou o chefe da polícia de Paris.
Recentemente, a principal torcida de Paris, os ultras do Paris Saint-Germain, fez um grande mosaico em defesa dos palestinos. A repressão do governo demonstra a preocupação dos governos imperialistas com a mobilização popular em defesa dos palestinos.