David Miller é colunista do sítio libanês Al Mayadeen e ex-pesquisador da Universidade de Bristol, no Reino Unido, da qual foi demitido por seu envolvimento com o movimento pró-Palestina e tem reconhecido trabalho de pesquisa investigativa. No dia 9 de Novembro, publicou no portal uma matéria contendo uma de suas pesquisas, na qual demonstrava como uma grande rede mundial de ONGs é administrada pelo próprio governo de “Israel”.
Feita a partir de dados governamentais de agências norte-americanas e informações divulgadas pelas próprias ONGs investigadas, a investigação mostrou como funcionários diretamente ligados ao aparato repressivo israelense atuam no suposto combate ao “antissemitismo”. O Combat Antisemitism Movement (CAM, na sigla em inglês para Movimento de Combate ao Antissemitismo) é uma rede de ONGs com mais de 850 organizações afiliadas, 5 milhões de funcionários, 250 influenciadores digitais e quadros influentes em diversos países.
Eles contam com o apoio não apenas de ministérios do da ditadura sionista, mas também de um grupo empresarial do ramo do petróleo nos EUA. Sua influência atinge governadores dos EUA e legisladores.
Dentre suas iniciativas, a rede de ONGs, tem como uma de suas principais a Global Coalition of Cities Fighting Antisemitism (Coalizão Global de Cidades que Combatem o Antissemitismo). Na imagem estão suas principais organizações afiliadas, divididas por região e país:
Publicamente, o CAM se apresenta como uma organização independente de combate ao “ódio aos judeus”. O nome do CAM não consta nos registros governamentais dos EUA, mas a rede é administrada pelo grupo intitulado Combat Hate Foundation (Fundação de Combate ao Ódio).
Essa última é o nome que consta no Internal Revenue Service, um serviço oficial da Receita Federal dos EUA, que faz parte do Departamento do Tesouro. Nesse serviço, constam dados cadastrais de empresas e organizações com atividade no país.
Combat Hate Foundation, por sua vez, é financiada por diversas organizações sionistas, conforme documentos públicos de transparência e tem como principal financiador um grupo empresarial do ramo petrolífero do estado do Kansas nos EUA, cujos donos são da família Beren. Isto não é mencionado no site do CAM, mas a ONG que o administra, o Combat Hate Movement é, por sua vez, administrada por uma joint venture (tipo de parceria empresarial) chamada Voices of Israel.
A Voices of Israel apresenta em seu site a seguinte informação: “Voices of Israel has a joint venture agreement with the State of Israel led by the Ministry of Diaspora Affairs and Combat Antisemitism”, o que significa literalmente “Voices of Israel tem um acordo de tipo joint venture com o Estado de Israel liderado pelo Ministério dos Assuntos da Diáspora e o Combat Antisemitism”. Em tradução livre, isso significa que o CAM é um movimento de fachada para o governo israelense.
Durante o período inicial que sucedeu à formação do CAM em 2019, a organização não revelava seus membros e sua origem, de forma que era completamente obscura, mas já nos anos seguintes foram reveladas as identidades de alguns funcionários, que, ao terem seus nomes pesquisados, se descobria serem servidores e militares do Estado de “Israel”. Conforme a matéria de Miller:
“Entre os conselheiros estão figuras como Sima Vaknin Gil, ex-general de inteligência israelense, e Revital Yakin Krakowsky, que trabalhou no Ministério até 2021. O diretor Sacha Dratwa também tem um histórico de atuação em propaganda digital pró-Israel, tendo trabalhado anteriormente para o exército israelense e o Congresso Judaico Mundial.”
Para implementar uma frente global de censura, a ditadura sionista montou uma rede global de manipulação, usando o pretexto do “combate ao antissemitismo” para justificar uma estratégia de perseguição contra o movimento pró-Palestina e seus apoiadores ao redor do mundo. A camuflagem por trás de ONGs supostamente independentes é uma tática criminosa, dedicada a silenciar qualquer voz que denuncie o que existe de mais perto da ditadura nazista atualmente.
Por trás do CAM e de suas afiliadas, vemos um aparato repressivo que mescla poder corporativo e militar para defender os interesses do Estado sionista, com a participação fundamental do imperialismo norte-americano, personificada pela família Beren. Um caso flagrante de manipulação internacional em prol de uma causa colonialista, que não mede esforços para calar quem se levanta contra sua política de opressão e genocídio.