Em nova etapa de agravamento da crise interna da ditadura sionista, o Procurador-Geral, Gali Baharav-Miara, vem pressionando o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netaniahu, a demitir o ministro da Segurança Nacional de “Israel”, Itamar Ben-Gvir, por repetidas violações legais. Figura central do governo de extrema direita, Ben-Gvir enfrenta acusações de abuso de poder por manipular a polícia em ações direcionadas contra manifestantes que se opõem às políticas do governo.
Um exemplo dessas acusações seria a alegação de que Ben-Gvir influenciou a substituição do chefe de polícia de Telavive, Amichai Eshed, pois ele teria resistido a ordens para usar táticas mais agressivas contra os manifestantes. Essas manobras foram respaldadas pela esposa de Ben-Gvir, Ayala, e por seu chefe de gabinete, Chanamel Dorfman, revelando um esquema com apoio de familiares e aliados de alto escalão.
A tensão dentro do governo é tal que o próprio Ben-Gvir respondeu com ataques à Procuradora-Geral, acusando-a de conspirar contra o governo e pedindo sua demissão. Esse cenário caótico, onde um burocrata desafia abertamente o governo e suas práticas de maneira tão contundente, aponta para uma grande crise, na qual o governo de Netaniahu parece à beira do colapso.
Netaniahu hesita entre continuar com sua campanha de ataques a Gaza ou ceder às pressões internas e externas por um cessar-fogo. De um lado, está a população israelense e outros países pressionando por um fim no conflito; de outro, a extrema direita, que quer intensificar a matança de civis na Palestina.
Sua base social, composta pela extrema direita, é cada vez mais crítica da incapacidade de Netaniahu de realizar tal tarefa. No entanto, protestos em massa têm irrompido em todo o planeta, até mesmo nos Estados Unidos, com grandes manifestações de apoio à Palestina nas universidades e ruas de várias cidades, fazendo com que agradar a extrema direita sionista seja uma tarefa cada vez mais difícil.
Incapaz de atender sua base, no cenário interno, a popularidade do primeiro-ministro despenca. Recentemente, pesquisas apontam que mais de 58% da população israelense desaprova sua liderança, um número recorde que reflete a impopularidade de sua política genocida e de total descrédito. A insatisfação é tanta que centenas de israelenses marcharam até a residência oficial de Netaniahu em Al-Quds (Jerusalém ocupada), exigindo respostas sobre a situação dos capturados e a interrupção da repressão violenta contra civis.
A demissão do ministro da Defesa, Yoav Gallant, e a nomeação de Israel Katz, ex-Ministro das Relações Exteriores, são outras tentativas de Netaniahu para fortalecer seu governo em um cenário de crise cada vez maior. Gallant foi removido do cargo após sucessivos fracassos militares e pela ausência de conquistas significativas contra Gaza e o Hesbolá. Katz, agora à frente da defesa, tenta dar uma nova cara à política externa do “país”, buscando aplacar as críticas internacionais e diminuir a tensão, tanto em Gaza, quanto no Líbano.
O presidente do Middle East Studies Center, Murad Sadygzade, avalia que a nomeação de Israel Katz como Ministro da Defesa reflete uma tentativa de Netaniahu de reverter sua situação política, mas que as repercussões dessa medida são incertas. Segundo Sadygzade, embora Katz possa apaziguar setores específicos do governo, a crise interna e a desilusão com o governo de Netaniahu são tão profundas que dificilmente serão superadas. Ele também destaca que a posição internacional de Netaniahu está cada vez mais enfraquecida.
“Além das manifestações em escala mundial, temos exemplos como o rompimento diplomático da Bolívia com o regime sionista e a denúncia da África do Sul contra ‘Israel’ na Corte Internacional de Justiça por crimes contra o povo palestino. Esses eventos marcam um avanço significativo na luta jurídica internacional contra as violações israelenses”, afirma.
Para Sadygzade, a imagem de “Israel” como um “Estado democrático” está ruindo, deixando o regime entre os mais repudiados pela opinião pública internacional.