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Brasil

O mercado financeiro e o governo Lula

Presidente brasileiro sofre pressões de todos os lados, inclusive de dentro do próprio governo

Nesta sexta-feira (8), as atenções se voltaram para uma reunião do governo Lula. O encontro, que prometia abordar a política econômica do governo, terminou sem anúncios, conforme informou o Palácio do Planalto.

A reunião, liderada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e envolvendo a equipe econômica e outros ministros, tinha como principal objetivo discutir um pacote de medidas de contenção de gastos. A expectativa era de que o governo apresentasse um conjunto de propostas de “austeridade fiscal” – ou seja, de arrocho contra os direitos da população.

Na quarta-feira anterior, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, já havia afirmado que as medidas estavam praticamente prontas, faltando apenas alguns “detalhes” para serem fechados antes da apresentação ao presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).

No entanto, o encontro terminou sem anúncios. Segundo o ministro do Desenvolvimento Social, Wellington Dias, o presidente Lula mostrou preocupação em compreender a redação de cada medida do pacote proposto e garantiu que, embora haja compromisso com o equilíbrio fiscal, não permitiria que a carga das medidas recaísse sobre a população mais vulnerável. “O objetivo é garantir que se tenha todo o cuidado nas medidas de ajuste. Todo o cuidado. O presidente tem um compromisso, sim […] Mas não quer que essa carga caia sobre os mais pobres”, afirmou Dias.

O Planalto ressaltou que nenhuma decisão foi finalizada e que a divulgação do pacote de medidas pode ocorrer na próxima semana.

A pressão do chamado “mercado”, ou seja, dos especuladores e banqueiros é fortíssima. Alguns meses atrás, Lula deu uma série de declarações fortes contra a política lesa-pátria do Banco Central. Por conta disso, houve uma enorme desvalorização do real diante do dólar. Algo que resultou num recuo por parte do governo.

Na época, estava claro que este recuo era uma capitulação, colocando o governo refém do “mercado”. Agora, vê-se a mesma situação. Lula não tem liberdade para fazer o que quer na política fiscal. Os especuladores estão com a faca no pescoço do governo, é impossível ignorar esta pressão.

O grande erro de Lula e do PT ao lidar com essa situação é que eles não mobilizam por fora das instituições para combater esses inimigos do desenvolvimento brasileiro. E estes inimigos, devido a essa política capituladora, estão tomando conta.

Uma das pressões mais fortes contra o governo, como mostra o caso do novo pacote econômico neoliberal, é do mercado financeiro nacional e internacional. Outra pressão forte é a diplomacia nacional, ou seja, o Departamento de Estado norte-americano.

Além desses dois problemas, existe também, de dentro do governo, uma pressão. Os militares, por exempo, estão alinhados com a política de Washington, do imperialismo, e aqueles que não estão, são aliados de Bolsonaro. Basta observar as declarações de José Múcio, ministro da Defesa, em relação à compra de armas de “Israel”. Indo na contramão da política do governo e publicamente declarando fazê-lo, Múcio defendeu na imprensa burguesa enviar dinheiro para os sionistas que estão cometendo um dos piores genocídios da história. Sem contar no fato de que a Polícia Federal age com total independência do Brasil, atuando sob as ordens da CIA e do Mossad.

Muitos dos autodeclarados “aliados” de Lula também não são, de fato, aliados. Simone Tebet, a cara da frente ampla, atua como agente dos bancos dentro do governo.

Ou seja, Lula não tem controle da situação. O governo é muito fraco, é por isso que ele tenta sobreviver com uma política conciliadora, atuando como um verdadeiro equilibrista entre a esquerda e a direita. Todavia, fato é que esta política não está dando certo e, muito provavelmente, não terá o resultado que ele almeja.

Ao invés disso, Lula acabará sendo atropelado pelas pressões que ele está sofrendo.

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