Ex-comandante das Brigadas Izz al-Din al-Qassam, Abdullah Barghouti nasceu no Cuaite, onde, segundo a plataforma All 4 Palestine, que documenta histórias de figuras palestinas importantes, combateu o imperialismo norte-americano.
Durante a Primeira Intifada (1987-1993), revolta dos palestinos contra a ocupação sionista, Barghouti relatou, em seu livro autobiográfico Príncipe da Sombra: Engenheiro na Estrada, que mudou sua “lealdade” a “terra natal”. O ex-comandante do Hamas afirma que ficou profundamente impactado com a morte do tio e do primo na luta contra a ocupação “nazi-sionista”. Esse período despertou em Barghouti a revolta que o levou ao Hamas. Em 1999, ele se uniu à resistência como engenheiro.
“Atos de vingança”
Em uma entrevista de 2006 para a rede norte-americana CBS News, Abdullah declarou que, sendo “um graduado universitário, viajado e amante de música”, criou sua primeira bomba suicida usando seu violão, uma “posse preciosa”.
“Peguei minha melhor peça, o violão. Eu gosto dele, respeito-o. Abri-o, fiz uma bomba dentro, fechei e enviei com o homem. E a bomba foi feita e está pronta”, relatou Barghouti à CBS News.
Ele foi motivado pela vingança após a morte de dois líderes do Hamas em um acidente de helicóptero. Os comandantes mortos em julho de 2001 — Mahmoud Abu Hanoud e Ayman Halawa — eram seus “melhores amigos”. Desde então, começou a organizar a juventude, ensinando-lhes a fabricação de explosivos e outras armas para atacar soldados israelenses em Jerusalém.
Entre 2001 e 2003, dedicou-se à sua vingança, organizando ataques contra colonos sionistas e norte-americanos, sendo rapidamente reconhecido como uma grande ameaça a “Israel”. Em 2002, atacou a Universidade Hebraica de Jerusalém, deixando sete mortos e 80 pessoas feridas.
A repercussão do ataque foi internacional, sendo motivo para a ONU cobrar negociações. Outros ataques, como o do Café Moment, onde fabricou bombas para um atentado em frente ao gabinete do primeiro-ministro, resultaram na morte de 12 pessoas e mais de 50 feridos.
Outras operações, como as explosões do calçadão Ben Yahuda e de uma pizzaria Sbarro, em Jerusalém Ocidental, causaram verdadeiro terror entre os sionistas. Ao todo, Barghouti foi responsável pela morte de 66 pessoas e por cerca de 500 feridos até sua prisão, em 2003.
Abdullah Barghouti é preso
Após uma longa caçada, Barghouti foi preso em março de 2003 enquanto levava sua filha para ser tratada em um hospital palestino. Como não havia pena de morte oficialmente em “Israel”, ele foi sentenciado à pena mais longa da história: 67 penas de prisão perpétua. Na época, o militante tinha 32 anos.
“Se minha organização disser ‘você deve fazer isso’, eu farei, e fecharei os olhos”, afirmou Barghouti à CBS News, indicando que estaria disposto a fabricar bombas novamente, caso conseguisse escapar. “Quem tenta te destruir, você deve destruir”, disse.
Desde então, ele é mantido na Prisão de Be’er Sheva e, segundo relatos, passou a maior parte do tempo em confinamento solitário, sem receber visitas familiares. Durante 20 anos de prisão, teve uma única visita familiar, que durou aproximadamente 45 minutos, sem contato físico, apenas por meio de um vidro e aparelho de comunicação.
Abdullah Barghouti é sempre citado nas operações de trocas de prisioneiros. O Hamas, em reunião recente no Catar, reafirmou que qualquer acordo de paz deve incluir uma troca substancial entre reféns em Gaza e palestinos detidos em prisões israelenses, onde, segundo relatórios, há denúncias de tortura e supostas violações de direitos humanos, exigindo, por fim, a retirada completa de “Israel” da Faixa de Gaza.
Responsável por abalar a segurança israelense, Abdullah Barghouti cumpre atualmente a sentença mais longa já imposta a um palestino, com 5.200 anos de condenação ou 67 penas de prisão perpétua consecutivas, impostas por um tribunal militar israelense em 2004.