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Governo federal

Estatística não mata a fome de ninguém

Esquerdistas apelam a fraude e dados manipulados para defender o governo, que não precisa de propaganda, mas de uma política econômica que realmente beneficie o povo

O advogado Pedro Maciel publicou um artigo no portal Brasil 247 intitulado Lula 3 tornou-se um “pato manco”? Não, Lula é a harpia, guardiã da nossa esperança, trazendo uma tentativa de defender o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, assolado por críticas de diversos setores da esquerda (inclusive do próprio PT) devido à política econômica direitista adotada. Na estranha realidade enxergada por Maciel, “Lula mantém sob controle a questão econômica”, alegação feita a partir de uma série de sofismas, como pode ser lido abaixo:

“Apesar de o mercado estar fazendo barulho e apostando fortemente contra o governo: (i) a inflação segue dentro da meta; (ii) a relação dívida pública x PIB (que não é excepcional, como Lula legou a Dilma ou como era no final de Dilma 1) está sob controle; (iii) o desemprego está baixo; (iv) o IED, investimento estrangeiro direito e o investimento público reascenderam a esperança da indústria nacional.”

Só uma pessoa completamente alienada da realidade poderia sustentar a tese de que a economia está sob controle argumentando “inflação dentro da meta” e que “o desemprego está baixo”. Isso porque as manipulações nas estatísticas são tão absurdas quanto ridículas, tornando a expressão “cabeça de planilha” cunhada pelo jornalista Luís Nassif muito apropriada ao caso em questão.

Se, por exemplo, as passagens aéreas em Rio Branco caem 14,76%, mas o preço médio das corridas por aplicativo sobem 21,97%, não é preciso muita imaginação para perceber que o gasto das massas da capital acreana com transporte subiu de maneira expressiva, muito mais do que os 4,95% medidos pelo INPC no acumulado dos últimos 12 meses, que por sua vez, não é outra coisa além do resultado de uma aritmética desprovida de conteúdo social. Da mesma forma, se o preço médio da cesta básica em São Paulo subiu 7,85% no mesmo período (segundo o DIEESE), pouco ou nada adiantam para as famílias trabalhadoras a suposta queda de 12,74% no preço dos pacotes turísticos ou de 9,84% nos ingressos dos teatros paulistanos. O último é útil para fins de rebaixar o índice geral da inflação medida pelo INPC no período supracitado (3,81% na capital paulista e 4,09 no Brasil), mas trata-se de uma farsa destinada a encobrir a escalada cada vez mais insuportável da carestia no País.

É totalmente absurdo afirmar que a “inflação dentro da meta” porque se é verdade que através dessas manipulações, o índice geral da inflação encontra-se dentro da meta de até 4,5% ao ano, por outro, a classe trabalhadora não reconhece esse fenômeno e não sem motivo: o povo não sente essa moderação na escalada dos preços, porque ela não existe no mundo real.

Ao contrário do que indica o artigo de Maciel, nada em relação à economia está sob controle. O mesmo tipo de manipulação se faz em torno da farsa do “desemprego baixo”, porém nesse caso, a manipulação é ainda mais escatológica.

Segundo o IBGE, o Brasil teria apenas 7,4% de sua força de trabalho desempregada no final do segundo trimestre de 2024, dando um total ligeiramente superior a 8 milhões de trabalhadores sem emprego. O que esse número desconsidera, no entanto, é o fato de que apenas 37,97 milhões de trabalhadores têm um emprego com carteira assinada, quase 38% dos cerca de 100 milhões que compõem a força de trabalho brasileira.

Na conta dos “não-desempregados” encontram-se, por exemplo, 39,5 milhões de pessoas vivendo de trabalhos informais, os famosos “bicos”, que para efeitos estatísticos, serve como ocupado, mas para efeitos econômicos não. Quase 20 milhões dos “empregados” se encontram na condição de “subutilizados”, isto é, ocupados com uma atividade com jornada inferior à média dos trabalhadores brasileiros, indicando uma forma de bico também, tornando totalmente falsa a afirmação de que o desemprego está baixo, assim como todas as outras envolvendo a estagnada economia nacional.

Pedro Maciel trata as bases da esquerda como gado ao despejar números econômicos manipulados para pintar um quadro irreal de sucesso. Ele finge ignorar que esses índices não refletem o que os trabalhadores vivem: empregos precários, salários corroídos e uma inflação que aperta o bolso de quem sustenta o país. Em vez de reconhecer esses problemas, Maciel prefere justificar cada capitulação do governo Lula, encobrindo a entrega da política econômica aos interesses do capital financeiro, como se a realidade fosse se adaptar a esse teatro estatístico.

Essa tentativa de maquiar a situação econômica, porém, está fadada ao fracasso. A materialidade do mundo real se impõe, e a vida difícil da população desmente a narrativa de “prosperidade” defendida por Maciel. Não adianta vestir a situação com desculpas e tentar blindar Lula de críticas: a verdade é que a política de concessões não beneficia o povo, mas os bancos e o grande capital.

O verdadeiro inimigo do governo não é a crítica interna, mas a pressão dos grandes monopólios financeiros que querem garantir o controle da economia. Maciel sabe muito bem quem são esses interesses, mas prefere omitir o fato de que o governo, ao invés de enfrentá-los, tem procurado negociar com eles – ainda que ao custo dos trabalhadores. Esse jogo perigoso em favor de banqueiros e outros parasitas, que se beneficiam da economia apenas para sugar os recursos nacionais, é o caminho que Maciel quer esconder com elogios e estatísticas maquiadas.

O que o governo Lula realmente precisa para se firmar como representante do povo é uma guinada completa em sua política econômica. Deixar de lado a promessa vazia de que o crescimento virá apenas com mais concessões ao capital financeiro e, finalmente, adotar uma política voltada à classe trabalhadora. Isso significa, de uma vez por todas, priorizar a criação de empregos dignos, com carteira assinada, direitos e segurança.

Combater a inflação não com políticas de austeridade, que estrangulam a economia, mas pela expansão da produção industrial e pelo aumento da oferta de bens, dinamizando a economia de forma a garantir uma melhoria real e significativa para os trabalhadores. Mais do que sofismas baratos, o que o Brasil precisa é de uma política que realmente responda aos interesses do povo e não aos interesses dos inimigos do povo.

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