O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, não precisou nem de duas horas para analisar os resultados apresentados pelo sistema eleitoral norte-americano e concluir que o republicano Donald Trump é o legítimo presidente eleito do país mais poderoso do mundo. Por meio de seu perfil na rede social X (antigo Twitter), Lula deu “parabéns” a Trump por sua “vitória eleitoral” e por seu “retorno à presidência dos Estados Unidos”, destacando que a “democracia é a voz do povo e ela deve ser sempre respeitada”.
Tudo muito lindo, tudo muito diplomático. Lula não se preocupou com o fato de que as eleições norte-americanas são dominadas por apenas dois partidos, que respondem exclusivamente aos interesses dos inimigos de todos os povos oprimidos do planeta. Nem se preocupou com o fato de que a “democracia” norte-americana se tornou algo tão bizarro que permite até o voto antecipado por correio. Para Lula, se os norte-americanos decretaram que o resultado é esse, então é esse resultado que será acatado pelo Brasil.
Há três meses, no entanto, o governo brasileiro adotou uma postura oposta. Na Venezuela, o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) decretou que o presidente Nicolás Maduro havia vencido as eleições para mais um mandato. E o que Lula fez? Parabenizou Maduro? Parabenizou o povo venezuelano? Parabenizou a democracia daquele país? Não.
Sabe-se lá por que, Lula parece acreditar que os 60 milhões de votos que recebeu em 2022 lhe deram poderes não apenas para governar o Brasil, mas também para meter o bedelho nos países vizinhos. Curiosamente, o presidente não acha que deve fazer o mesmo nos Estados Unidos…
O motivo é óbvio. Lula se recusa a reconhecer as eleições venezuelanas porque decidiu capitular diante da pressão dos Estados Unidos para que o Brasil não apoie o regime chavista e o povo daquele país. Lula, que já havia defendido o governo Maduro de várias outras calúnias, agora acusa o governo de fraude simplesmente porque está se rendendo diante do cerco do imperialismo sobre a presidência da República.
É essa mesma política que faz Lula elogiar a “democracia” norte-americana. Ao correr para parabenizar Trump, Lula escancara toda a sua subserviência ao imperialismo norte-americano. A subserviência é tanta que Lula decidiu parabenizar Trump, mesmo tendo declarado apoio à sua adversária, Kamala Harris.
Para a Venezuela, o governo brasileiro caiu na vexatória política de pedir as atas. Para Donald Trump, parabéns. Na medida em que o imperialismo aumenta a pressão sobre o País, Lula vai ingressando em uma política oposta àquela que o compositor Chico Buarque havia atribuído a Dilma Rousseff: “um governo que não fala fino com os Estados Unidos nem grosso com a Bolívia”.
Caso não mude de política imediatamente, o governo Lula ficará para a história como o governo que rosnava para a Venezuela e abanava o rabo para Donald Trump.